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Banca de QUALIFICAÇÃO: RAQUEL WACHTLER PANDOLPHO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: RAQUEL WACHTLER PANDOLPHO
DATA: 06/12/2022
HORA: 14:00
LOCAL: Sessão via Google Meet
TÍTULO: As rabugentas queimaram suas rédeas: Tagarelas sem retórica e outras bruxas barulhentas
PALAVRAS-CHAVES: Sofística; Tagarelas; Rédeas;
PÁGINAS: 50
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Filosofia
SUBÁREA: Epistemologia
RESUMO:

O scold’s bridle (rédea das rabugentas), muito usado durante a caça às bruxas e também chamado branks, witch's bridle ou gossip's bridle (rédea de bruxa ou de fofoqueira), é expressão do sadismo instrumental das sociedades misóginas e sua cruel violência empregada para controlar, silenciar e tentar “domesticar” as mulheres. A rédea das rabugentas é imprescindível para a pesquisa, uma vez que expressa nada metaforicamente, mas com toda sua materialidade de objeto histórico, os silenciamentos impostos às línguas por demais barulhentas. De modo similar, o estigma milenar (aparentemente paradoxal) que estereotipa a mulher como um ser que tagarela até em seu silêncio, que faz muito barulho por nada, ou que não se cala nunca, mas que nada diz em seu infinito tagarelar, funciona como as rédeas, os freios e as mordaças: controlando, restringindo, domesticando as potências da discursividade feminina. Dito de outra maneira, as mulheres são estigmatizadas como tagarelas para serem silenciadas. Procuro sintetizar estes aparentes paradoxos na noção de tagarelas sem retórica, por meio da qual busco abordar essas mordaças discursivas que limitam o potencial comunicacional das mulheres, extraindo as consequências destas rédeas no campo de estudos da retórica. Relaciono a perseguição à sofística (sua domesticação em retórica) com a caça às bruxas e as táticas de domesticação das rabugentas em domadas esposas obedientes, no sentido de que incinerar corpos e textos, calar cantos, encantamentos e gritos, destruir práticas discursivo-curativas milenares, ao soterrar saberes narcossexuais, são modos de domesticar o erotismo selvagem da bruxaria, capturar as várias formas de feitiçaria da palavra, confiscar certa ecologia do corpo, certas formas de saber-prazer, controlando os poderes de cura e morte. Não por acaso Aristófanes alude, junto ao nome Górgias, às práticas áticas que cortavam as línguas estrangeiras dos sofistas. As rédeas das bruxas e as línguas cortadas são efeitos de táticas de mutilação que colocam em contato sofística e bruxaria. Por isso, cabe trazer à memória e analisar a brutalidade de objetos de tortura como as rédeas, as mordaças e as diversas ferramentas usadas para mutilar as línguas desobedientes, consideradas inoportunas, barulhentas, rabugentas, subversivas. Desta maneira, essa pesquisa é uma fogueira em que estou queimando minha rédea de rabugenta. É também um convite a toda mulher escandalosa para juntas queimarmos essas rédeas que nos silenciam.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1373680 - ALDO LOPES DINUCCI
Externo ao Programa - 3160025 - EVANIEL BRAS DOS SANTOS
Interno - 1820840 - MARCOS FONSECA RIBEIRO BALIEIRO

Notícia cadastrada em: 30/09/2022 08:14
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