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Descrição |
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VAGNER GOMES RAMALHO
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UMA EPISTEMOLOGIA DA ERA DIGITAL: NEGACIONISMOS EM TEMPOS DE PÓS-VERDADE
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Orientador : SERGIO HUGO MENNA
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Data: 15/12/2023
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Tese
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A era digital introduziu uma série de desafios epistemológicos, sobretudo no tocante à disseminação de informações e à edificação do conhecimento. Esta tese investiga de que modo a natureza da tecnologia digital, sua relação com o negacionismo e o conceito de pós-verdade, analisando de que modo esses componentes afetam nossa percepção da realidade. Ao longo da história, a filosofia identificou as limitações inerentes ao conhecimento humano, sublinhando a relevância da crítica e do diálogo na formação do saber. Contudo, o panorama digital atual, caracterizado pela propagação acelerada de informações e pelo surgimento de bolhas cognitivas, contesta essa perspectiva. Mais do que apenas questionar o conhecimento e os métodos de apreensão da realidade, o ambiente digital tem fomentado abordagens irracionais sobre a realidade, utilizando a estrutura da internet como palco principal para amplificar visões que comprometem nossa capacidade de compreender adequadamente o mundo. Isso se dá porque a internet, com seu intrincado emaranhado de interações, modela e direciona nossas convicções, frequentemente ofuscando a verdade em prol de narrativas emocionais e subjetivas. Assim, este estudo visa aprofundar a compreensão dos desafios atuais na edificação do conhecimento, salientando o impacto da tecnologia e das redes sociais em nossa percepção da realidade e ressaltando a necessidade de uma postura crítica e reflexiva ao interagir no ambiente digital, de modo a reconhecer as distorções geradas pela influência de algoritmos e plataformas digitais.
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VILMAR PRATA CORREIA
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A RELAÇÃO MESTRE-DISCÍPULO E A CONSTITUIÇÃO DE SI NAS CARTAS DE SÊNECA A LUCÍLIO
A constituição do sujeito e seus modos de governo
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Orientador : ALDO LOPES DINUCCI
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Data: 23/10/2023
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Tese
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O presente trabalho visa pesquisar e problematizar os modos pelos quais podemos compreender a constituição de si, a partir do jogo saber-poder, na relação estoica mestre-discípulo, dada a ver nas cartas de Sêneca a Lucílio. Tomo, portanto, o sujeito da atualidade sob a perspectiva das propostas de reflexão do filósofo francês Michel Foucault, almejando uma visada analítica e, ao mesmo tempo, crítica no que se refere às questões relacionadas à liberdade, à verdade e à subjetividade. Para isso, estabeleço como ponto de partida os estudos foucaultianos a respeito da filosofia greco-romana, delineando um recorte no helenismo e em suas respectivas referências sobre o estoicismo, mais especificamente, no que diz respeito às cartas de Sêneca direcionadas ao seu discípulo Lucílio, destacando traços importantes concernentes aos modos de cuidado e governo de si e do outro, presentes na relação pedagógica mestre-discípulo. Mais ainda, investigo como se dão os deslocamentos teórico-metodológicos desta pesquisa a fim de se pensar o sujeito da atualidade e seus desafios, referentes a uma constituição de si, pautada mais pela sabedoria do que pelas práticas de poder per se.
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DANIEL FRANCISCO DOS SANTOS
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BENJAMIN E FREUD: MEMÓRIA, MIMESE E EXPERIÊNCIA
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Orientador : EVERALDO VANDERLEI DE OLIVEIRA
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Data: 29/09/2023
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Tese
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Encontramos, no conceito benjaminiano de faculdade mimética, um fio que nos direciona à perspectiva filogenética de cunho psicanalítico. Dizemos isso porque tal conceito se assemelha à concepção de sujeito que a psicanálise utiliza. Aquela visada sobre o homem sobressai à noção de fixação que se encontra vinculada à teoria freudiana da recordação. Cognitivamente, a faculdade mimética se comporta de maneira semelhante ao dinamismo do aparelho psíquico, mais especificamente, na dinâmica que implica o processo da recordação, isto é, o modo como os conteúdos mnêmicos são evocados, fixados e transmitidos filogeneticamente. A percepção de semelhanças das correspondências extrassensíveis do mundo externo se aproxima ao modo como a noção de fixação opera no que Freud denominou como processo do trauma. Com efeito, a percepção das correspondências é possível graças à influência da fixação no olhar captador do sujeito. Pensamos em desenvolver o conceito de faculdade mimética nos aproximando do dinamismo daqueles elementos do aparelho psíquico. A aproximação do conceito de faculdade mimética com a perspectiva psicanalítica da memória possibilita consideração da teoria benjaminiana da experiência, uma vez que a visada em conjunto entre ambas teorias se dá no contexto da experiência. É a partir dessa possibilidade que a presente pesquisa propõe o seguinte problema: como a teoria psicanalítica da recordação pode auxiliar a disposição da faculdade mimética no cerne da teoria da experiência? Como hipótese de pesquisa dizemos aqui, que a teoria mimética de Walter Benjamin, que elege como seu conceito principal a faculdade mimética, apresenta uma ponte entre linguagem e experiência a partir da “fantasia” que guia o mimetismo. A teoria freudiana da recordação apresenta um dinamismo, que permitiu a conjectura de uma teoria da faculdade mimética como uma teoria da experiência, ao modo como indicava Walter Benjamin no fragmento Q°24 da obra das “Passagens”. No contexto de experiência o indivíduo apresenta um funcionamento, o processo mimético, que demanda a captação das semelhanças no mundo externo. O dinamismo psíquico em ação no curso da recordação dos conteúdos mnêmicos implica tanto o âmbito ontogenético quanto filogenético, uma vez que os conteúdos são evocados, fixados e transmitidos ao longo da história. Assim, num primeiro momento abordarei a teoria da faculdade mimética em cotejo com a teoria psicanalítica da recordação em discussão com algumas das principais concepções que trazem em seu bojo a possível materialidade da faculdade mimética. No segundo momento, veremos como a materialidade do processo mimético perpassa pelo universalismo da psicodinâmica que envolve a faculdade mimética. Veremos tal universalismo a partir da teoria psicanalítica da mimese, que se apresenta a partir do peculiar deslocamento da mimese em três momentos distintos, movimento que apresenta a relação entre a mimese e fantasia na formação da psicogênese do sujeito. E por fim, investigarei o modo como Walter Benjamin ao observar o aspecto instrutivo da mimese tal como fez Aristóteles, pretendeu quebrar a lógica mítica com caráter instrutivo do próprio mito, a partir da perspectiva mimética da psicanálise.
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MARINA PEREIRA DA SILVA
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A NOÇÃO DE ALIENAÇÃO NA ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO DE LUDWIG FEUERBACH E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ATEÍSMO
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Orientador : MARCELO DE SANTANNA ALVES PRIMO
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Data: 31/08/2023
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Dissertação
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O objetivo deste trabalho é destacar o conceito central de alienação na obra A Essência do Cristianismo (1841) de L. Feuerbach. Reconhecido como um dos precursores do ateísmo contemporâneo, Feuerbach rompe com os princípios do idealismo alemão de Hegel, empregando um método filosófico-crítico que se concentra na crítica à teologia de sua época, a qual ele argumenta que deriva da projeção das características humanas na ideia de Deus. Para fundamentar sua crítica, o autor realiza uma análise que transforma a teologia em antropologia, colocando o ser humano e sua essência como o cerne da investigação teológica e filosófica. Ao examinarmos essa estrutura argumentativa, percebemos que a obra em foco promove um ateísmo ético que reconfigura a maneira de abordar a religião. Nessa perspectiva, Feuerbach reconstrói a religião em sua forma original, entendendo-a como uma resposta humana às necessidades concretas impostas pelo ambiente, ao mesmo tempo em que contesta a visão dogmática e fantasiosa que ela adquiriu ao longo do tempo. Este estudo se baseará principalmente na obra "A Essência do Cristianismo" do autor, e também incorporará insights de comentaristas e acadêmicos complementares. O propósito desta pesquisa é demonstrar, através da análise dos argumentos de Feuerbach, como o conceito de alienação desempenha um papel crucial em sua crítica ateísta, destacando assim a relevância deste conceito na visão filosófica do autor.
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JOSÉ MAXIMINO DOS SANTOS FILHO
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O NEXO ENTRE EDUCAÇÃO E DIREITO EM KANT
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Orientador : EDMILSON MENEZES SANTOS
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Data: 31/08/2023
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Tese
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A presente tese coloca, enquanto via de possibilidade, a tarefa de confirmar se, na filosofia kantiana, é possível extrair elementos capazes de associar educação, cultura e direito no sentido de projetá-los rumo a uma formação que vise à cidadania e, consequentemente, à moralidade. Para Kant, o fim último da educação é a moralização, entretanto, este fim não se dá de maneira automática, faz-se necessário elementos que operem na consecução dessa finalidade. Neste sentido, pretendeu-se demonstrar que o direito e a disciplina podem ser arrolados entre esses elementos, pois, quando observamos cuidadosamente o pro jeto pedagógico kantiano, vislumbramos o seguinte: por meio da disciplina, tal como formulada nos seus escritos de pedagogia, prepara-se o educando para o respeito à liberdade do outro e, por conseguinte, para a efetiva vivência do direito. Sem esse processo pedagógico-disciplinar a instituição do direito estaria comprometida em sua organização inicial. Vivência e processo devem aperfeiçoar-se de geração em geração até que tenhamos a plena realização moral. Nesses termos, a hipótese que serviu de guia à pesquisa foi assim traduzida: a disciplina prepara o direito por meio de um processo pedagógico que abarca não só o indivíduo e o seu momento, mas projeta-se para a humanidade inteira dentro de um desenvolvimento histórico. O conceito chave da investigação é o de disciplina, porque tanto a educa&cced il;ão como o direito dele dependem organicamente. As obras de onde esse conceito ressalta e desenvolve-se são: Sobre a Pedagogia, Crítica da Razão Prática, Crítica da Razão Pura e os Escritos sobre a História.
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SIZINIO LUCAS FERREIRA DE ALMEIDA
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A querela mare liberum-mare clausum no jus gentium de Grotius e a consolidação dos mares como coisa de uso comum.
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Orientador : EVALDO BECKER
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Data: 31/08/2023
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Tese
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O objetivo do presente trabalho visa apresentar a influência da teoria da liberdade dos mares defendida pelo filósofo e jurista neerlandês Hugo Grotius e como essa ideia influenciou na contemporaneidade os debates e tratados acerca do uso dos mares de forma aberta e livre entre todas as nações. Para tanto, examinaremos duas de suas obras a respeito do tema, Mare liberum (1609) e no Direito da guerra e da paz (1625). Fundamentando-se no conceito de jus gentium (direito das gentes), o jurista neerlandês defenderá o uso dos mares por todas as nações de forma livre, contrapondo-se as intenções monopolistas das nações ibéricas, Espanha e Portugal, que durante os séculos XVI e XVII expandiram-se comercialmente para além das suas fronteiras e outorgaram para si a posse de todos os mares que suas naus navegavam, impedindo que outras nações exercessem o mesmo direito. Diante dessa questão, as obras de Grotius representou uma nova reflexão para os diversos choques de interesse entre os recém Estados modernos e como essas soberanias tentaram ter para si a supremacia das rotas marítimas. A partir desse ponto, analisaremos o cenário histórico de publicação das obras, especialmente seus opositores e a repercussão durante os séculos seguintes e como, na contemporaneidade, suas ideias foram fundamentais para a constituição das Convenções que regulamentam o direito marítimo hodierno.
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DÁLETE O'HANA DOS SANTOS SANTANA
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O BELO NA ESTÉTICA SARTRIANA E A BUSCA DO EM-SI-PARA-SI
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Orientador : VLADIMIR DE OLIVA MOTA
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Data: 30/08/2023
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Dissertação
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Uma vez que a realidade humana comporta o acaso, faz-se necessária a fatalidade; em um mundo onde impera o caos, há uma exigência pela ordem; quando se fala em angústia, tem-se o desejo pela beleza. Dito isto, ao se deparar com a existência de dois tipos de arte: significante e não significante, o que aqui se pretende é demonstrar que a necessidade da beleza faz com que os seres humanos criem um objeto comprometido com o belo, a obra de arte não significante, na tentativa de efetivar o projeto fundamental. Isto se dá, devido à ausência de beleza em uma realidade contingente, logo, angustiada. Tendo em vista que este trabalho se qualifica como uma pesquisa bibliográfica, houve uma preocupação, durante o percurso investigativo, com seleção das fontes primárias e secundárias, bem como com a interpretação tanto a partir de uma leitura atenta das obras de Sartre quanto da perspectiva de autores bem conceituados no que diz respeito ao estudo do pensamento sartriano. Para isso, num primeiro momento, foi feito um estudo de ontologia a fim de expor a estrutura fundamental do homem enquanto nada de ser. Aqui, a leitura das obras A transcendência do ego (1937) e O ser e o Nada (1943) foram essenciais. Em seguida, a partir das reflexões mais amadurecidas em O ser o nada, buscou-se demonstrar as implicações práticas de um ser que precisa existir para depois se fazer. Liberdade e angústia, logo, entram em cena como constituintes da realidade humana. Estudos sobre A Náusea (1938) entram, nesse momento, com mais intensidade. No terceiro momento, tendo em vista a condição do homem no mundo, fez-se necessário indicar a perspectiva de Sartre no que concerne ao sujeito na construção de si mesmo, o que implica a ideia de projeto. Isto conduziu a uma reflexão sobre a noção de beleza e de sua necessidade na vida humana. Para tal, foi imprescindível se dedicar ao texto Conferencia de Sartre a Universidade Mackenzie – 1960, cujo assunto diz respeito exclusivamente ao belo. Por fim, a partir de uma ideia de arte enquanto imagem apresentada em O imaginário (1940), logo, algo oposto à realidade e se apoiando nos argumentos da obra Que é a literatura? (1947), foi possível identificar um tipo de arte comprometida com a beleza na qual artista e espectador se projetam em um mundo ordenado e buscam realizar seu projeto de ser um Em-si-Para-si.
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POLIANA GOMES MOURILHE
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INTERSECCIONALIDADE E VIDAS DISSIDENTES: DESCONSTRUÇÃO DO SUJEITO CARNOFALOGOCÊNTRICO EM UMA PRÁXIS ECOFEMINISTA
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Orientador : MARCELO DE SANTANNA ALVES PRIMO
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Data: 30/08/2023
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Dissertação
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O presente trabalho tem como objetivo analisar, a partir de um viés interseccional, a justaposição entre diferentes formas de dominação, mais especificamente o sexismo e o especismo, a fim de identificar os desdobramentos dessas interconexões. No primeiro capítulo será apresentada a obra O Animal que Logo Sou, de Jacques Derrida, com vistas a analisar os pontos comuns e os limites existentes entre o animal e o humano, a partir do que seria determinado, segundo Derrida, como o próprio do homem. Objetiva-se assim observar em que medida tal limite legitimaria o assujeitamento dos demais viventes. Será apresentado o conceito de senciência como outra forma de limite, como fronteira comum a ser considerada entre humanos e não humanos. No segundo capítulo, intenciona-se apresentar os conceitos de carnismo, carnofalogocentrismo e política sexual da carne de maneira a, a partir daí, desenvolver uma análise voltada às imbricações entre gênero e espécie, como pilares comuns às estruturas sexista e especista. Serão então examinados os atributos característicos da subjetividade dominante estabelecida, especialmente no ocidente, a partir da ótica dos conceitos apresentados. No terceiro capítulo será apresentada a teoria ecofeminista, em sua vertente animalista, como contraponto necessário e como forma de resistência à dominação exercida sobre mulheres e animais não humanos. Dessa forma, buscar-se-á desenvolver uma argumentação voltada a apresentar a contribuição da teoria ecofeminista para a desconstrução do sujeito carnofalogocêntrico.
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EDILENE NUNES SOARES SANTOS
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SUBJETIVIDADE CAPITALÍSTICA E ECOSOFIASEGUNDO FÉLIX GUATTARI
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Orientador : ANTONIO JOSE PEREIRA FILHO
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Data: 29/08/2023
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Dissertação
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O objetivo geral desta dissertação é analisar os conceitos guattatirianos de subjetividade capitalística e ecosofia. A obra As três ecologias, de Félix Guattari, é central em nossa dissertação pois encontramos nesta os conceitos que nos debruçaremos. Assim, os objetivos específicos são três: 1) Estudar o conceito de “subjetividade capitalística” em diferentes textos do autor para mostrar como esta noção assume um papel importante, sobretudo em suas últimas obras, como é o caso de As três ecologias; 2) Analisar como, segundo Guattari, o Capitalismo Mundial Integrado (CMI) está implicado numa perspectiva que pretende reduzir o papel dos “agenciamentos coletivos de enunciação” e, portanto, de uma “subjetividade subversiva”, tal como a entende Guattari. 3) Demonstrar como a noção de ecosofia, em Guattari, funciona como referencial teórico para a organização da práxis, desdobrando-se em três registros transversais: o campo ambiental, o campo social e o campo da subjetividade humana. Analisaremos, portanto, as noções de subjetividade capitalística e de ecosofia, desenvolvidas por Félix Guattari, visando mostrar que estas noções, tal como as compreende o autor, são inseparáveis de uma perspectiva de reflexão teórica e de engajamento social frente ao modo de produção capitalista e o avanço de destruição planetária imposto por esse sistema. Para tanto, daremos ênfase aos últimos textos publicados pelo autor, com destaque para a obra As três ecologias, dentre outros.
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JOSÉ SANDRO SANTOS HORA
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CONHECIMENTO E HUMANISMO EM FRANCIS BACON
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Orientador : ANTONIO CARLOS DOS SANTOS
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Data: 29/08/2023
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Tese
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Francis Bacon é um pensador da Renascença inglesa. Ao lado de Galileu e Descartes, por exemplo, é considerado um dos mentores da filosofia e da ciência modernas. Em função de propor uma restauração das ciências vinculada especialmente ao conhecimento da natureza e ao progresso do saber, Bacon atraiu críticas, pechas, opiniões nada amistosas a seu respeito. Ao nosso ver, resultado de ‘leituras’ e ‘interpretações’ à revelia da sua própria obra. É, portanto, no terreno das interpretações que o problema da nossa pesquisa se estabelece. Daí o título: ‘Humanismo e conhecimento em Francis Bacon’. Seria nosso filósofo arquiteto de um projeto de conhecimento que negligencia a perspectiva humana? As disciplinas que compõem o corpus dos studia humanitatis, por exemplo, não são legítimas? Em quais bases o projeto baconiano de ciência está assentado? Seria o autor d’A sabedoria dos antigos avesso ao classicismo, à retórica, à poesia e, portanto, um anti-humanista? Nossa hipótese é que o projeto restaurador arquitetado por Bacon fora desenhado sobre traços do humanismo renascentista e, provavelmente, sob influências em alguma medida do protestantismo de Anne e Nicholas Bacon, seus pais. Para dar conta da hipótese nos apoiaremos levemente no método ‘das fontes e da biografia’ – tendo em vista a compreensão de uma época e/ou autor, conforme sinaliza Guéroult –, mas nos valeremos mesmo da leitura e análise de texto. Assim, o objetivo geral da Tese é sinalizar possíveis nexos entre o humanismo renascentista e o plano baconiano de conhecimento. Haja vista mitigar um pouco certas pechas dirigidas ao filósofo da restauração que não se confirmam quando verificamos de perto suas obras. Como estrutura em correspondência aos objetivos específicos no escopo de dar suporte ao objetivo geral, a tese está esquematizada em três capítulos: o primeiro, ‘Percurso e conceituação de humanismo’, nele mostraremos trajetória, nuances, dificuldades teóricas, tempo e espaço nos quais a definição propriamente se deu, dimensões que integram o conceito, entre elas a dignitas hominis; o segundo, ‘Restauração, história e redirecionamento do humano em Bacon’, versa desde o ambiente histórico que contorna o pensamento de Bacon, toca as noções de ciência, conhecimento, natureza, experiência, plano d’A grande restauração e teoria dos ídolos, termina desembocando nos aspectos história, divisão dos saberes e redirecionamento do humano consoante a filosofia de Bacon; o terceiro e último, ‘O autor da Nova Atlântida: um navegante pelos mares do humanismo renascentista’, ali discutiremos possíveis razões que levaram nosso filósofo a recusar a lógica de Aristóteles e o aristotelismo escolástico, situaremos a inserção adequada de uma passagem d’O progresso do conhecimento utilizada indevidamente para acusarem Bacon de anti-humanista e finalizaremos, amparado em Spang e Sargent, expondo prováveis influências, na escrita da Nova Atlântida, por exemplo, de tradições literárias antigas, clássicas, ‘pagãs’ como igualmente de tradições bíblicas, filosóficas, humanistas renascentistas, fatos da própria história da Renascença inglesa, o que reforça nossa tese do Bacon inclinado ao humanismo renascentista. Integram ainda a tese, as considerações finais – com a síntese dos resultados alcançados – e as referências bibliográficas que nos forneceram o devido suporte teórico.
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JORGE FERNANDO DE LIMA VASCONCELOS JÚNIOR
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O USO DO ELENCHUS NA APOLOGIA DE SÓCRATES
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Orientador : ALDO LOPES DINUCCI
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Data: 25/08/2023
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Dissertação
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Esta pesquisa tem como objetivo o estudo do uso do elenchus (inquérito socrático) naobra Apologia de Sócrates escrita por Platão, que relata o julgamento de Sócrates.Faremos, em primeiro lugar, uma apresentação do Sócrates histórico. Em seguida,faremos um estudo do elenchus socrático como forma pedagógica de aprendizado etambém produtivo modo de refutação. Para Sócrates, o processo elênquico é essencialpara demonstrar que seus interlocutores julgam saber o que na verdade não sabem. Porfim, apresentaremos, com breves comentários, instâncias de processos elênquicos naApologia de Sócrates, de Platão.
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LAÍS KALENA SALLES ARAGÃO
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O mal-estar na representação: e a crítica aos fundamentos da História da arte
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Orientador : VLADIMIR DE OLIVA MOTA
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Data: 28/07/2023
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Dissertação
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A invenção da história da arte enquanto disciplina constituiu-se como um processo de adequação das imagens de arte às pretensões das narrativas. As imagens de arte eram compreendidas como representação da realidade e, portanto, a história da arte teria a pretensão de fazer corresponder totalmente as imagens de arte ao conhecimento que se tem delas. Quanto mais adequada a esse parâmetro, mais eficaz seria considerada a imagem de arte. Contudo, Georges Didi-Huberman indaga, em sua obra Diante da Imagem, se essa seria a única e melhor maneira de considerar a eficácia das imagens de arte e quais são as consequências de se estabelecer esse parâmetro à percepção das artes. Assim, no primeiro capítulo, trabalharemos a crítica de Georges Didi-Huberman à invenção da história da arte enquanto disciplina, focando na análise dos casos de Giorgio Vasari e Erwin Panofsky, e no uso das palavras-mágicas fundadas na ideia de representação, tal qual o percurso realizado por nosso filósofo em Diante da Imagem. Optamos por iniciar a argumentação apresentando o contexto de invenção da história da arte para oferecer aos leitores uma leitura cronológica e panorâmica da tese que apresentaremos nos capítulos seguintes. No segundo capitulo, investigaremos o que Didi-Huberman compreende por imagem de arte e interpretação, abordando o ideário de Sigmund Freud e sua investigação sobre as imagens do sonho. Analisaremos o caráter de sintoma e de rasgadura das imagens, propondo pensar outras formas de interpretação que acomodem as rupturas normativas, e a constituição de uma estética do sintoma como um campo entre a fenomenologia e a semiologia. Esse passo sucede a crítica às narrativas tradicionais e precede o confronto da crítica e da tese de Didi-Huberman. Assim, no terceiro capítulo, pretendemos questionar a autoridade da representação na elaboração das narrativas, considerando a noção que nosso filósofo desenvolve acerca das imagens de arte. Revisitaremos, nesse capítulo, a crítica de Didi-Huberman a Giorgio Vasari e Erwin Panofsky focando no confronto entre a ideia de imagem de arte apresentada no capítulo 2 e a crítica aos fundamentos da história da arte centrada na crítica à representação. Essa pesquisa consiste em um estudo bibliográfico que abrange a leitura rigorosa das obras do filósofo francês, acompanhando o desenvolvimento da sua hipótese e suas transformações, dentre as quais estão particularmente Diante da Imagem, Diante do Tempo e O que vemos, o que nos olha; e de comentadores que desenvolvem estudos semelhantes, como Chari Larsosn e Emmanuel Alloa
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CRISTIANO DE ALMEIDA CORREIA
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Entre o ideal e o possível : guerra e paz nas relações internacionais em Jean Jacques Rousseau
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Orientador : EVALDO BECKER
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Data: 28/06/2023
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Tese
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Esta tese de doutorado se propõe a explorar o “inacabado” sistema de política estrangeira de Rousseau, com ênfase no nexo entre guerra e paz, natureza e civilização, artifício e originalidade. Nosso procedimento consiste em situar o autor dentro do debate sobre o Direito das Gentes na modernidade colocando em primeiro plano uma análise política e moral do homem e da sociedade. Paralelemente ao estudo das relações humanas, avaliaremos de que maneira o autor trabalha as tensões envolvendo a paz e a guerra na emergência dos Estados-nação. De um ponto de vista mais abrangente, valendo-se dos conceitos de “liberdade e igualdade”, e tomando por base as indicações espalhadas ao longo do universo textual de Rousseau e seus interlocutores, esta tese pretende também instigar uma reflexão sobre os pressupostos liberais e a economia de mercado que rege as Relações Internacionais na atualidade. Mais especificamente, sustentamos que esse par de conceitos, quando visto em perspectiva, é hábil tanto a nos auxiliar na reconstituição filosófica das teorias que fundamentaram o Direito das Gentes na modernidade quanto na crítica ao sistema internacional da contemporaneidade. Nossa hipótese busca determinar que o estudo dos textos de Rousseau relativos às Relações Internacionais são fundamentais para compreender sua teoria política, sobretudo ao examinarmos tais tensões. Ao final do percurso, tentaremos dar subsídio à nossa tese que aponta para a inexistência de elementos suficientemente claros para encaixar Rousseau em uma das duas correntes de pensamento predominante nas Relações Internacionais pós primeira guerra mundial: realismo e idealismo. A partir desta impossibilidade, consideraríamos sua posição como uma espécie de realismo hesitante, visto que faz uso da realidade factual das sociedades historicamente constituídas para compor sua teoria das Relações Internacionais sem abrir mão dos princípios universais estabelecidos no Contrato Social.
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ALIPIO JOSÉ VIANA PEREIRA NETO
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FALÁCIAS ARGUMENTATIVAS: uma proposta de classificação
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Orientador : ALDO LOPES DINUCCI
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Data: 22/06/2023
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Tese
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Trata-se de tese de doutorado cujo objetivo é apresentar um sistema de classificação para as falácias argumentativas capaz de, a partir de critérios objetivos, servir como ferramenta pragmática para análise e avaliação da argumentação, além proporcionar uma melhor compreensão do argumento na dinâmica do processo de comunicação argumentativa. Inicialmente, fizemos um breve resumo sobre o estado da arte da classificação das falácias, ao passo que apresentamos a metodologia empregada a fim promover o referido sistema de classificação. Seguimos duas linhas investigativas: uma no que diz respeito aos mecanismos cognitivos que explicam a vocação persuasiva das falácias e a outra concernente aos parâmetros normativos que esclarecem as incorreções por elas cometidas. Com base nas referências encontradas em nossas investigações apresentamos os primeiros critérios de classificação: o argumento isolado do contexto e o argumento em função do processo de comunicação. Primeiramente, abordamos o argumento isolado: detalhamos sua estrutura e, assim, delimitados alguns subcritérios. Na sequência, ocupamo-nos dos recursos persuasivos empregados pelas falácias e do processo de comunicação argumentativa como parâmetro para analisar e avaliar o argumento. Por fim, apresentamos dois sistemas de classificação distintos: um, quanto aos parâmetros normativos desrespeitados, e o outro, quanto aos mecanismos persuasivos manejados. Contudo, apesar de sistemas diferentes, eles se inter-relacionam segundo o papel do argumento em um processo de comunicação argumentativa, praticado por sujeitos que, naturalmente, realizam um processamento cognitivo parcial da informação.
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ADRIEL CARDOSO FONSECA SANTOS
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A conduta pirrônica no ensino médio: uma alternativa metodológica
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Orientador : RODRIGO PINTO DE BRITO
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Data: 31/05/2023
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Dissertação
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Ainda se faz atual a reflexão sobre os procedimentos do ensino de filosofia no Ensino Médio. É a partir da própria historiografia filosófica que advém o ensejo de tornar profícua a filosofia em sala de aula. O presente trabalho tem como objetivo apresentar como o procedimento peculiar intrínseco à conduta pirrônica possibilita o exercício crítico-reflexivo da atividade filosófica no Ensino Médio. Para isso, fez-se necessário realizar um breve trabalho exploratório qualitativo sobre a principal fonte bibliográfica do pirronismo (σκεπτικὴἀγωγή), a obra Hipotiposes Pirrônicas, que foi escrita pelo filósofo Sexto Empírico em meados dos séculos II-III d.C. Com efeito, pretendeu-se aplicar os elementos conceituais pirrônicos (zétesis, diaphonía, isosthéneia, aporía, epoché e ataraxía) à estrutura didático-pedagógica desenvolvida por Lidia Maria
Rodrigo, cujos elementos lógico-discursivos são a problematização, conceituação e argumentação. Assim, propôs-se a apresentar que a partir da dinâmica metodológica pirrônica é possível desenvolver uma prática didático-metodológica como propedêutica ao específico exercício filosófico no Ensino Médio.
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TADEU JÚNIOR DE LIMA NASCIMENTO
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SOBRE A INAUSÊNCIA DO OUTRO NA FILOSOFIA DE PLOTINO: O NEXO ENTRE METAFÍSICA E ÉTICA A PARTIR DE UMA COMPREENSÃO DA UNIMULTIPLICIDADE DOS SUPRASSENSÍVEIS.
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Orientador : CICERO CUNHA BEZERRA
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Data: 28/04/2023
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Tese
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O propósito deste trabalho é demonstrar a inausência do outro na filosofia de Plotino (204/ 205 – 270 d.C.), examinando o nexo entre metafísica e ética a partir da teoria da unimultiplicidade dos suprassensíveis. Não há dúvidas de que a grande marca do pensamento plotiniano é como este se estrutura em função de uma tríade de hipóstases, a saber, Uno (Hén), Intelecto (Noûs) e Alma (Psyché), cuja importância para os estudos que tratam da dimensão inteligível na antiguidade tardia (e mesmo na medievalidade) é notória. No entanto, apesar da preponderância da metafísica em seus escritos, interessa-nos a relação desta com as reflexões de cunho ético que ali também se encontram, especialmente no modo como o outro aparece no decorrer de seus tratados. Acreditamos que, ao olhar por esse ângulo, é possível compreender uma vinculação entre a unimultiplicidade dos entes inteligíveis e o modo de vida assumido pelo spoudaios (o sábio/virtuoso segundo a perspectiva plotiniana), sobretudo no que se refere ao relacionamento com as outras pessoas. Assim sendo, através da análise e interpretação de tratados das três fases da escrita de Plotino (reunidos na obra Enéadas) e de uma ampla bibliografia secundária, sustentaremos: 1) uma intrínseca concordância entre a teoria da unimultiplicidade dos suprassensíveis (Intelecto, Ser, Ideias, Alma/almas) e a “percepção” que o spoudaios tem dos outros; 2) a inausência do outro nas reflexões plotinianas presentes nos tratados das três fases de sua produção literária, mesmo em alguns que não versam diretamente sobre questões éticas ou antropológicas. Ainda nesse sentido, considerando aquilo que foi preservado de sua biografia, exporemos de forma complementar o quanto a concepção ética de Plotino se traduz em ações que podem ser explicadas pelo vínculo entre uma filosofia e um modo de vida.
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MARCUS DE AQUINO RESENDE
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A Premissa Científica e a Tripartição da Alma no PHP de Galeno.
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Orientador : ALDO LOPES DINUCCI
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Data: 27/04/2023
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Tese
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Esta pesquisa defende a tese de que a premissa científica de Galeno está um passo à frente do conhecimento científico produzido até sua época no que se refere à definição da sede de comando da alma racional. Galeno é um filósofo e cientista que usou a premissa científica para demonstrar aos estoicos crisipianos e seguidores do monismo da sede de governo da alma no coração que suas conclusões sobre o ἡγεμονικόν estão equivocadas por resultarem de uma aplicação indevida da lógica. Trataremos, em primeiro lugar, da classificação de Galeno de suas quatro premissas.Destacaremos, então, a premissa retórica para identificarmos a posição de Galeno quando afirma que esta premissa não produz conhecimento válido e foi a mais usada por Crisipo em sua defesa do ἡγεμονικόν. Em seguida, entraremos na apresentação de Galeno no PHP sobre a premissa científica e sua conceituação sobre φαινόμενον, αἴσθησις, ὑπάρχοντα e οὐσία. Finalmente, apresentaremos alguns aspectos relevantes da defesa de Galeno sobre a tripartição platônica da alma. Nessa última fase, evidenciaremos a resposta de Galeno a Crisipo e sua crítica ao monismo estoico, apresentaremos a defesa de Platão da tripartição em sua República, que Galeno entende ser uma prova lógica importante, falaremos sobre a tripartição na filosofia do estoico Possidônio e terminaremos discorrendo sobre aquilo que chamamos de uma questão sem reposta sobre a imortalidade da alma.
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VICENTE FISCINA NETO
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A RELAÇÃO ENTRE LINGUAGEM E IDEOLOGIA NO CÍRCULO DE BAKHTIN E NA FILOSOFIA MARXISTA
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Orientador : ROMERO JUNIOR VENANCIO SILVA
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Data: 22/03/2023
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Dissertação
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O tema desta pesquisa refere-se à relação entre linguagem e ideologia. Uma relação que admite o signo como portador de algo ideológico, constituindo assim duas categorias que de certo modo seriam indissociáveis, interligadas de tal maneira que, caso ocorresse uma separação, não fariam sentido algum, pois se tornariam estéreis, isoladas. Essas categorias seriam, a saber, a ideologia e a linguagem. Qualquer objeto, produto de consumo ou algum instrumento de uso diário, por exemplo, pode ganhar um sentido, isto é, pode tornar-se um signo ideológico. Em razão disso, pode-se perceber a existência de um “mundo dos signos”, portanto, de um mundo ideológico, visto que ambos os mundos se confundem entre si.
Esta temática está presente na obra Marxismo e filosofia da linguagem atribuída ao pensador russo Valentin Volóchinov (1895-1936), mas que alguns especialistas entendem pertencer a Mikhail Bakhtin (1895-1975), publicada em meados do século passado. Este trabalho de pesquisa, nesse sentido, buscará problematizar a respeito dessa relação entre ideologia e linguagem através de elementos conceituais da filosofia apresentada pelos pensadores alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) em A ideologia alemã – notadamente no que se refere ao conceito de ideologia, em especial, e os demais conceitos correlatos – e na obra supracitada dos pensadores russos. Neste trabalho, a princípio, a preferência será por adotar o nome de ambos, pelo fato de se ter adotado a obra Marxismo e filosofia da linguagem atribuída tanto a Volóchinov quanto a Bakhtin, incluir-se-á o termo Bakhtin/Volóchinov.
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SALOMÃO DOS SANTOS SANTANA
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TRIEB EM NIETZSCHE E FREUD: SUJEITO PULSÃO E VONTADE
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Orientador : SAULO HENRIQUE SOUZA SILVA
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Data: 16/03/2023
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Tese
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Esta tese tenta reconstruir as origens do conceito Trieb na tradição filosofia de língua alemã, como o conceito evoluiu do alemão antigo até a sua entrada nas discussões cientificas e filosófica. Comparamos, em seguida, o conceito de Pulsão, Trieb, na produção teórica de Nietzsche e Freud. Embora, em Nietzsche, não exista uma tentativa de sistematizar o conceito, como em Freud, esse conceito é o operador teórico fundamental no trabalho dos dois pensadores de língua germânica. Analisando o que foi escrito em diferentes fases de seus trabalhos, nossa tarefa é, primeiro, reconstruir as formulações e reformulações que o conceito assume no corpus teóricos dos dois, logo em seguida, descrever a teoria das pulsões em Nietzsche e compará-las com a produção teórica de Freud, e como esse conceito engendra a noção de sujeito em ambos os pensadores. O objetivo é apresentar uma conjunção teórica em torno desse conceito e demostrar os argumentos de Nietzsche, a fim de construir uma unidade teórica com a metapsicologia freudiana, e como os dois pensadores propõem construir a noção de Sujeito. Neste sentido, este trabalho visa refletir sobre as dificuldades de enfrentar um conceito que, por sua própria natureza, não pode ser totalmente explicado por nossas suposições discursivas. Nosso desafio é rever os pontos comuns das abordagens nietzschiana e freudiana, como o inconsciente, e o ciclo da fisiologia das pulsões.
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NELSON LOPES RODRIGUES
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A crítica nietzschiana ao sujeito e o estatuto do corpo
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Data: 28/02/2023
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Dissertação
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A presente investigação propõe compreender a crítica que Nietzsche tece ao conceito de sujeito e a importância do estatuto do corpo como fio condutor de sua crítica no registro histórico da tradição metafísica. Segundo Nietzsche, a filosofia convencionou a ideia de um sujeito com características “atomistas”, ou seja, como se fosse uma categoria essencialista. Nesta dissertação, pretendemos investigar a natureza dos conceitos de “eu”, sujeito, consciência, subjetividade à luz da noção nietzschiana de fisiopsicologia tal qual estabelecida na fase mais madura do Nietzsche. Para o filósofo, o corpo éo fio que conduz à sua crítica da ideia de sujeito metafísico; corpo que é compreendido como uma estrutura de muitas almas, que é o mesmo que muitas lutas entre vontades, e daí que, para ele, não haja “um” sujeito, como tampouco um “eu” soberano. Na filosofia nietzschiana, essa organização biológica, o corpo, passa a ser compreendida como uma forma hierarquizada de instintos que luta por um plus de força, o que tem por base a sua doutrina da vontade de poder. A relevância desta pesquisa consiste, assim, na tentativa de demonstrar como Nietzsche se apresenta como um crítico radicalda noção de sujeito, a partir do estatuto do corpo. A pesquisa conclui que, para o filósofo, o corpo é a consequência de uma organização hierárquica entre vontades, e a nossa percepção deste enquanto uma unidade é apenas uma interpretação do corpo esgotado
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JOSÉ LINO DA CRUZ JUNIOR
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DA LÓGICA DO SENTIDO PARA A DOBRA: A TRANSIÇÃO PARA A POSSIBILIDADE DE UMA NOVA PERSPECTIVA ACERCA DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA EM DELEUZE
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Orientador : WILLIAM DE SIQUEIRA PIAUI
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Data: 28/02/2023
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Dissertação
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AA presente pesquisa tem por fito mostrar o processo de transição para uma nova concepção deleuziana de “sujeito” e de história da filosofia a partir da obra O anti-Édipo. Para tal, esquadrinharemos inicialmente a obra Lógica do sentido, na qual já há o registro de uma perspectiva original de “sujeito" e de história da filosofia. E, uma vez elucidada a serventia da apropriação deleuziana do conceito leibniziano de mônada no referido livro, e elucidados os conceitos substancialmente inovadores já presentes ali, procederemos a comparação com a obra A dobra: Leibniz e o Barroco. Um livro produzido com base nos temas da obra Lógica do sentido. Posteriormente nos encaminharemos para analisar a ruptura com o livro Lógica do sentido a partir da obra O anti-Édipo. O “sujeito” que emerge desta obra é agora de natureza sociocultural, seu inconsciente também é um produto da história. O paralelo traçado com o materialismo histórico marxista corrobora a nossa conclusão. Com efeito, tal ruptura acarretou mudanças epistemológicas consideráveis — naquela perspectiva deleuzianasuprarreferida, a saber, naquela perspectiva original de sujeito apresentada na obra Lógica do sentido — que perpassaram as obras subsequentes e culminaram na obra A dobra: Leibniz e o Barroco. Nesta, conforme constataremos, em decorrência das mudanças da noção de sujeito e história da filosofia identificadas na obra O anti-Édipo, a filosofia leibniziana é introduzida num movimento cultural (o Barroco), e é lida a partir dele.
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SOLANGE ALMEIDA LIMA
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A CONCEPÇÃO DE COMMONWEALTH NO LEVIATÃ DE THOMAS HOBBES E NOS
DOIS TRATADOS SOBRE O GOVERNO DE JOHN LOCKE
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Orientador : SAULO HENRIQUE SOUZA SILVA
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Data: 28/02/2023
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Dissertação
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Esta dissertação tem como objetivo investigar a concepção de commonwealth nas teorias políticas dos filósofos ingleses Thomas Hobbes (1588-1679), no Leviatã (1651), e John Locke (1632-1704), nos Dois tratados sobre o governo (1689). Neste estudo, mostraremos a relevância do pensamento político desses dois autores para a delimitação dos contornos do Estado moderno e a reflexão sobre a ideia de commonwealth. Para isso, destacamos que o termo “commonwealth”, referia-se às coisas comuns do Estado ou da república, como também para tais autores ingleses do século XVII, era usado para significar comunidade política organizada. Além disso, naquele período, a república podia ser monárquica, autoritária ou até mesmo popular, no entanto, o importante é ressaltar que tal termo era utilizado amplamente pelos ingleses em referência à república e à forma de governo republicana. Nesta pesquisa, o método utilizado é o contextualismo conceitual ou linguístico desenvolvido por Quentin Skinner em sua abordagem da história do pensamento político inglês. Para Hobbes e Locke, as ideias de dever político, Estado civil, república, governante, governados, poder estatal e soberania eram antecedidas de um estado de natureza, e somente com a celebração do pacto social haveria a transferência de poderes e direitos ao soberano. Assim, Hobbes e Locke tinham concepções diferenciadas sobre estado de natureza, estado de guerra, o surgimento das comunidades políticas ou sociedades de indivíduos e demais aspectos que originariam o Estado civil e a república ou commonwealth.
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MANOEL RODRIGUES PESSÔA FILHO
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"VALORES E A TECNOCIÊNCIA EM JAVIER ECHEVERRÍA"
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Orientador : ADILSON ALCIOMAR KOSLOWSKI
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Data: 27/02/2023
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Dissertação
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Esta dissertação tem como objetivo geral explanar sistematicamente dimensões de sua praxiologia e axiologia destacando a influência de valores epistêmicos e não epistêmicos em atividades tecnocientíficas. Esse eixo central é discorrido à da filosofia prática da ciência de Javier Echeverría desenvolvida nos últimos trinta anos. Com isso, visa-se a demonstrar o giro praxiológico de ações tecnocientíficas que permeiam os cinco contextos da atividade tecnocientífica que normatizam projetos plurais de diferentes ramos e tipos. Não raro, essas ações são, a princípio, insufladas por subsistemas de valores que condicionam e determinam a funcionalidade essas ações por parte de diferentes projetos e fins. Em via, é nossa pretensão tratarmos essa temática mediante os seguintes objetivos específicos, vertentes capitulares desta pesquisa, respectivamente: (i) Abordar os três metacontextos da axiologia echeverriana que ultrapassam a visão da ciência tradicional. Decerto, isso norteia posicionamentos que contextualizam, a saber: o giro prático na filosofia da tecnociência, a compreensão sobre funções dos valores na ciência em contraposição à neutralidade científica e, por efeito, a relevância dos cinco contextos da atividade tecnocientíficas (cf. educação, inovação, avaliação, aplicação e financiamento), questão esta que supera a concepção clássica de Reichenbach. (ii) explanar a natureza e o desenvolvimento da tecnociência, em uma perspectiva em que a tecnociência se caracteriza e contextualiza sistemas de ações epistêmicas e não epistêmicas envoltos de valores, não obstante, marcados pela representação escrita de sistemas I+D+i (ref. Investigação + Desenvolvimento + Inovação). Fica-se claro que esses sistemas se tornam realidades por meio de múltiplas ações e/ou agentes que se dedicam às atividades em modalidades da tecnociência para atingir seus fins de ordem científica, industrial e mercadológico-capitalista. Além disso, centrado na obra La revolucióntecnocientífica (2003), a explanação dessa nova manifestação de ciência denominada tecnociência originou-se no século XX e evoluiu notoriamente, com base histórico-filosófica: da sua fase inicial chamada de “macrociência” para a sua atual descrita, a princípio, como “tecnociênciapropriamente dita”. A primeira foi sumariamente caracterizada por projetos científico-militares de manutenção estatal; já, a segunda, é ventilada pela funcionalidade de projetos e modalidades tecnocientíficos sob o controle predominantemente de empresas privadas. (iii) Analisar principalmente com base na obra Ciencia y valores (2002a) postulados que elucidam a axiologia de Echeverría a qual comporta saberes que apresentam características essenciais do conceito de valor. Este ponto, via de regra, vai além da concepção ontológica de Aristóteles e se baseia na lógica fregeana no sentido de identificar critérios adequados para o contexto da avaliação. Nesse prisma, o filósofo defende que valor é função de ação na tecnociência, sendo assim representada em forma de matrizes avaliativas pelas quais determinados valores causam contínuos efeitos. Ademais, ante essa interatividade axiológica na praxiologia, os subsistemas de valores políticos, militares e, sobretudo, os econômicos subordinam os demais outros para fins de interesses privados. Logo, a tecnociência é concebida como uma grande revolução filosófico-axiológica de realizar ciência que interliga profundamente a valores pelos quais a sociedade e o cidadão informatizados são influenciados e se modificam.
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EDSON PEIXOTO ANDRADE
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A FILOSOFIA DE DELEUZE LIDA À LUZ DA NOÇÃO DE METAMORFOSE
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Orientador : WILLIAM DE SIQUEIRA PIAUI
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Data: 24/02/2023
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Tese
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A presente tese, pretende manter a hipótese de que é possível identificar um ponto de inflexão na produção filosófica de Deleuze, um corte epistemológico, o qual se dará a partir da década de 1970 com a ruptura que o filósofo Gilles Deleuze, em parceria com Félix Guattari, irá fazer com relação ao estruturalismo e àquilo que chamou “imperialismo do Significante” em favor de uma concepção que pensa uma pressuposição recíproca entre duas formas, a saber, a forma de conteúdo e de expressão, mas introduzindo nessa relação, a noção de corpos sem órgãos ou matéria não formada. Tal empreitada, pensará as formas de expressão e conteúdo em termos de agenciamentos maquínicos e de enunciação que, por sua vez, são engendrados pelo socius, como corpo pleno, e pelo corpo sem órgãos. Isso provocará, por sua vez, profundas alterações na noção de individuação, de sujeito, de objeto, na filosofia que, na visão de Deleuze, estava fundamentada na noção de “representação[i]” e, também, na psicanálise que, na visão do mesmo autor, estava atrelada a um conceito de inconsciente que se associava ao estruturalismo e ao edipianismo familista. Pensamos que, a partir d’O anti-Édipo, a filosofia de Deleuze ou de Deleuze com Guattari, estarão vinculadas a uma noção de máquinas, de agenciamentos maquínicos, de linhas de fuga, desterritorialização e territorialidades e que, tal visão filosófica, pode ser agrupada na noção de metamorfose que, por sua vez, perpassa esse pensamento. Pensamos ainda, que é possível defender tal tese, estabelecendo uma relação entre as funções dos conceitos defendidos na produção de Deleuze e Guattari e na produção de Deleuze sem tal parceria, sobretudo na obra A dobra: Leibniz e o barroco. Assim, a relação existente entre a função dos conceitos diferentes e a aplicação do conceito de “acontecimento” a lugares distintos da produção deleuzeana, nos leva a defender a tese que aqui afirmamos.
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EDSON PEIXOTO ANDRADE
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A FILOSOFIA DE DELEUZE LIDA À LUZ DA NOÇÃO DE METAMORFOSE
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Orientador : WILLIAM DE SIQUEIRA PIAUI
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Data: 24/02/2023
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Tese
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A presente tese, pretende manter a hipótese de que é possível identificar um ponto de inflexão na produção filosófica de Deleuze, um corte epistemológico, o qual se dará a partir da década de 1970 com a ruptura que o filósofo Gilles Deleuze, em parceria com Félix Guattari, irá fazer com relação ao estruturalismo e àquilo que chamou “imperialismo do Significante” em favor de uma concepção que pensa uma pressuposição recíproca entre duas formas, a saber, a forma de conteúdo e de expressão, mas introduzindo nessa relação, a noção de corpos sem órgãos ou matéria não formada. Tal empreitada, pensará as formas de expressão e conteúdo em termos de agenciamentos maquínicos e de enunciação que, por sua vez, são engendrados pelo socius, como corpo pleno, e pelo corpo sem órgãos. Isso provocará, por sua vez, profundas alterações na noção de individuação, de sujeito, de objeto, na filosofia que, na visão de Deleuze, estava fundamentada na noção de “representação[i]” e, também, na psicanálise que, na visão do mesmo autor, estava atrelada a um conceito de inconsciente que se associava ao estruturalismo e ao edipianismo familista. Pensamos que, a partir d’O anti-Édipo, a filosofia de Deleuze ou de Deleuze com Guattari, estarão vinculadas a uma noção de máquinas, de agenciamentos maquínicos, de linhas de fuga, desterritorialização e territorialidades e que, tal visão filosófica, pode ser agrupada na noção de metamorfose que, por sua vez, perpassa esse pensamento. Pensamos ainda, que é possível defender tal tese, estabelecendo uma relação entre as funções dos conceitos defendidos na produção de Deleuze e Guattari e na produção de Deleuze sem tal parceria, sobretudo na obra A dobra: Leibniz e o barroco. Assim, a relação existente entre a função dos conceitos diferentes e a aplicação do conceito de “acontecimento” a lugares distintos da produção deleuzeana, nos leva a defender a tese que aqui afirmamos.
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TOMAZ MARTINS DA SILVA FILHO
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Educação e Prudência em Kant: a propósito do uso do juízo moral vulgar para a iniciação moral.
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Orientador : EDMILSON MENEZES SANTOS
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Data: 24/02/2023
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Tese
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Kant, ao buscar um fundamento seguro para a moralidade, parte da admissão do conhecimento moral vulgar que, por sua vez, produz um juízo moral vulgar. Esse tem em conta a apreciação da boa vontade como condição que o leva a formular uma noção do imperativo categórico. A partir disso, a tarefa da razão prática é submeter o juízo moral vulgar ao crivo da crítica para afastá-lo da influência de todos os fundamentos determinantes materiais práticos que lhe possam perverter. Por conta de sua imprecisão, tais fundamentos tornam o juízo moral frágil e sujeito à instabilidade. A depuração do juízo vulgar inicia, propriamente, quando a razão mesma se apresenta como origem do princípio supremo da moralidade por meio dos conceitos de boa vontade, dever, respeito e lei. Por isso, a divisão d os imperativos na Fundamentação é esclarecedora quanto à composição dos juízos morais, evitando confundir os princípios e fundamentos da moral com os da prudência. O juízo moral vulgar tem por obrigação distinguir os imperativos de prudência, dos imperativos de moralidade, visto que no plano formativo, a prudência é algo indispensável, pois por meio dela a educação pode encaminhar o discípulo (Lehrling) para a iniciação moral. Esse encaminhamento se dá mediante o uso de exemplos, enquanto a iniciação moral se dá pelo exercício da virtude; um aprendizado dos deveres por um método catequético (Katechetischen) socrático. Esse método é o mais apropriado para iniciar o aluno na moralidade, a saber, não somente nos conceitos morais, mas no p róprio exercício da moralidade que, na educação prática se chama virtude. Tal método também é chamado de erotemático, quando o professor interroga seu discípulo sobre aquilo que quer ensinar; ele sonda primeiramente os juízos morais provenientes de um conhecimento moral da razão vulgar, para dele extrair o princípio da moralidade aí latente. O objetivo do trabalho é compreender o uso do juízo moral vulgar na iniciação moral, que possui um forte traço pedagógico. A tese está organizada em cinco capítulos que tomam como fio condutor a análise das obras Fundamentação e Pedagogia e subdivide-se em duas partes: a primeira é um esboço da filosofia moral, tendo como ponto de partida o elemento primitivo do dever, expresso no juízo moral vulgar. Nessa parte, temos o primeiro capítulo que expõe a relação de dependência do juízo moral vulgar com os fundamentos determinantes materiais práticos e o segundo capítulo que evidencia a relação do ajuizamento moral com a própria razão pura prática. No terceiro capítulo, que se põe como elemento de transição entre a primeira parte da tese e a segunda, apresentamos os imperativos hipotéticos, como sendo o regramento da razão para fundamentos determinantes matérias práticos e os juízos que daí proveem. Nesse capítulo damos destaque especial à prudência e seus sentidos (Sinn), sendo ela um uso que fazemos dos demais para nosso bem-estar. A segunda parte da tese, que trata dos temas referentes à educação e moralização do homem, inicia propriamente, no tópico final do te rceiro capítulo. Nesse tópico tratamos do aspecto instrutivo da prudência, ou seja, o homem aprende por meio dela a fazer uma análise de seus erros e acertos pragmáticos. A partir dessa análise o homem disciplina-se e torna-se civilizado, isso só é possível mediante uma ponderação das circunstâncias, um aprendizado que se dá com o passar dos anos; é uma instrução mediante a experiência. Posto isso, o quarto capítulo busca relacionar os conceitos de ideia, teoria e arte de educar, tendo em vista o desenvolvimento das disposições naturais. Nessa parte damos relevância às etapas iniciais da formação humana, o cuidado e a disciplina. O quinto e último capítulo leva em consideração a importância da prudência no processo educativo e sua relação com o conceito de cultura, tendo em vista sua utilidade para a iniciação moral. Para tanto, defendemos que, assim como o homem comum parte do juízo moral vulgar para formular o imperativo categórico, a iniciação moral também deve partir daí, do mais elementar sobre a moralidade. Por meio do juízo moral vulgar o homem sabe diferenciar o bem-estar do mal-estar (Wohl ou Ubel), mas também o moralmente bom do moralmente mal (Gute ou Böse). Tal juízo inicia seu trajeto de esclarecimento fazendo uso dos exemplos, elemento muito útil para instrução pragmática, mas também para a iniciação moral. Embora, não se possa fazer uso com frequência deles, é um incentivo para a constância de propósito no exercício da virtude.
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TOMAZ MARTINS DA SILVA FILHO
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Educação e Prudência em Kant: a propósito do uso do juízo moral vulgar para a iniciação moral.
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Orientador : EDMILSON MENEZES SANTOS
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Data: 24/02/2023
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Tese
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Kant, ao buscar um fundamento seguro para a moralidade, parte da admissão do conhecimento moral vulgar que, por sua vez, produz um juízo moral vulgar. Esse tem em conta a apreciação da boa vontade como condição que o leva a formular uma noção do imperativo categórico. A partir disso, a tarefa da razão prática é submeter o juízo moral vulgar ao crivo da crítica para afastá-lo da influência de todos os fundamentos determinantes materiais práticos que lhe possam perverter. Por conta de sua imprecisão, tais fundamentos tornam o juízo moral frágil e sujeito à instabilidade. A depuração do juízo vulgar inicia, propriamente, quando a razão mesma se apresenta como origem do princípio supremo da moralidade por meio dos conceitos de boa vontade, dever, respeito e lei. Por isso, a divisão d os imperativos na Fundamentação é esclarecedora quanto à composição dos juízos morais, evitando confundir os princípios e fundamentos da moral com os da prudência. O juízo moral vulgar tem por obrigação distinguir os imperativos de prudência, dos imperativos de moralidade, visto que no plano formativo, a prudência é algo indispensável, pois por meio dela a educação pode encaminhar o discípulo (Lehrling) para a iniciação moral. Esse encaminhamento se dá mediante o uso de exemplos, enquanto a iniciação moral se dá pelo exercício da virtude; um aprendizado dos deveres por um método catequético (Katechetischen) socrático. Esse método é o mais apropriado para iniciar o aluno na moralidade, a saber, não somente nos conceitos morais, mas no p róprio exercício da moralidade que, na educação prática se chama virtude. Tal método também é chamado de erotemático, quando o professor interroga seu discípulo sobre aquilo que quer ensinar; ele sonda primeiramente os juízos morais provenientes de um conhecimento moral da razão vulgar, para dele extrair o princípio da moralidade aí latente. O objetivo do trabalho é compreender o uso do juízo moral vulgar na iniciação moral, que possui um forte traço pedagógico. A tese está organizada em cinco capítulos que tomam como fio condutor a análise das obras Fundamentação e Pedagogia e subdivide-se em duas partes: a primeira é um esboço da filosofia moral, tendo como ponto de partida o elemento primitivo do dever, expresso no juízo moral vulgar. Nessa parte, temos o primeiro capítulo que expõe a relação de dependência do juízo moral vulgar com os fundamentos determinantes materiais práticos e o segundo capítulo que evidencia a relação do ajuizamento moral com a própria razão pura prática. No terceiro capítulo, que se põe como elemento de transição entre a primeira parte da tese e a segunda, apresentamos os imperativos hipotéticos, como sendo o regramento da razão para fundamentos determinantes matérias práticos e os juízos que daí proveem. Nesse capítulo damos destaque especial à prudência e seus sentidos (Sinn), sendo ela um uso que fazemos dos demais para nosso bem-estar. A segunda parte da tese, que trata dos temas referentes à educação e moralização do homem, inicia propriamente, no tópico final do te rceiro capítulo. Nesse tópico tratamos do aspecto instrutivo da prudência, ou seja, o homem aprende por meio dela a fazer uma análise de seus erros e acertos pragmáticos. A partir dessa análise o homem disciplina-se e torna-se civilizado, isso só é possível mediante uma ponderação das circunstâncias, um aprendizado que se dá com o passar dos anos; é uma instrução mediante a experiência. Posto isso, o quarto capítulo busca relacionar os conceitos de ideia, teoria e arte de educar, tendo em vista o desenvolvimento das disposições naturais. Nessa parte damos relevância às etapas iniciais da formação humana, o cuidado e a disciplina. O quinto e último capítulo leva em consideração a importância da prudência no processo educativo e sua relação com o conceito de cultura, tendo em vista sua utilidade para a iniciação moral. Para tanto, defendemos que, assim como o homem comum parte do juízo moral vulgar para formular o imperativo categórico, a iniciação moral também deve partir daí, do mais elementar sobre a moralidade. Por meio do juízo moral vulgar o homem sabe diferenciar o bem-estar do mal-estar (Wohl ou Ubel), mas também o moralmente bom do moralmente mal (Gute ou Böse). Tal juízo inicia seu trajeto de esclarecimento fazendo uso dos exemplos, elemento muito útil para instrução pragmática, mas também para a iniciação moral. Embora, não se possa fazer uso com frequência deles, é um incentivo para a constância de propósito no exercício da virtude.
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ALEXSANDRA ANDRADE SANTANA
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A inveja na sociedade bem ordenada, justa e desigual
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Orientador : MARCOS FONSECA RIBEIRO BALIEIRO
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Data: 31/01/2023
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Tese
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John Rawls, ao desenvolver sua teoria da justiça como equidade, dedicou esforços a demonstrar que a sua concepção política de justiça é intrinsecamente estável ao criar as condições para que a “inveja geral desculpável” não se prolifere na sociedade bem-ordenada, justa e desigual. Tal solução foi contestada por Jean-Pierre Dupuy, segundo o qual Rawls teria sido ingênuo ao acreditar que a solução do “problema da justiça” seria capaz de resolver também o “problema da inveja”. A partir das observações críticas de Dupuy a respeito do pensamento de Rawls, o presente trabalho busca investigar a pertinência de tais observações sobre a estabilidade da concepção política de justiça a partir da forma como a solução do “problema da justiça” é capaz, ou não, de lidar com o “problema da inveja”. Para alcançar tal objetivo, será preciso: a) compreender o papel da inveja nas duas partes do argumento rawlsiano a favor dos princípios da justiça, especialmente na segunda parte, relacionada com o problema da estabilidade; b) compreender as objeções de Dupuy à tese de Rawls, no que se refere à solução do “problema da inveja”; c) analisar o impacto que a leitura de Rousseau teve para a solução rawlsiana do “problema da inveja”; e d) apresentar os elementos da teoria de Rawls que podem nos ajudar na busca de respostas às críticas recebidas, tendo sido eles observados ou não por Dupuy. A tese a ser defendida é a de que, apesar dos esforços de Rawls, os riscos advindos da inveja são apenas parcialmente evitados, uma vez que a inveja que pode desestabilizar a concepção política de justiça não se limita à “inveja geral desculpável”.
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BRUNO ROLEMBERG DANTAS BARRETO
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Lógica e Sistemas De Representação: uma Abordagem Antirrealista
ao Problema da Exclusão das Cores no Tractatus de Wittgenstein
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Data: 27/01/2023
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Dissertação
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Neste trabalho, realiza-se uma interpretação antirrealista da teoria dafiguração tractariana em diálogo com a leitura do Tractatus de Marie McGinn,em especial, de sua tese de que a lógica é a essência dos sistemas derepresentação, e a partir dessa interpretação postula-se uma abordagem aoproblema da exclusão da cores. Essa abordagem consiste em mostrar que aexclusão entre proposições no Some Remarks on Logical Form pode serconcebida como o aditamento de um recurso à estrutura do sistema lógicotractariano com vistas ao restabelecimento de sua função, diante daconstatação da impossibilidade de realizar a análise de uma proposição dedupla atribuição cromática na forma de uma contradição lógica a partir daquela estrutura.
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