Os meteoritos condríticos representam fascinantes lembretes da história da evolução do Sistema Solar, desde o início da Nebula até a configuração vigente. Através do estudo dos côndrulos - pequenas partículas esféricas que caracterizam os meteoritos condríticos -, é possível conhecer a composição e os possíveis processos que predominavam nos primeiros estágios nebulares. Com base nisso, este estudo se propôs a ampliar a compreensão desses processos, mediante a observação dos côndrulos presentes no meteorito Campos Sales, um condrito ordinário. Este espécime apresenta côndrulos com dimensões máximas de 1 mm, cuja mineralogia é predominantemente: olivina (Fo75, Fa25), enstatita (En77, Fs23), augita (En47-54, Fs8, Wo45-38), e plagioclásio. Como inclusões nos côndrulos são encontrados cristais de troilita, cromita, cloroapatita e liga metálica (Fe-Ni). Em termos texturais, os côndrulos foram classificados três tipos: barrado, radial e granular. Os do tipo barrado e radial são formados, respectivamente, por cristais esqueléticos de olivina ou enstatita, com diâmetro de ~0,8 mm. Verifica-se que a associação do plagioclásio com a augita é recorrente em todos os tipos de côndrulos, formando texturas de intercrescimento. Associados ao plagioclásio também podem ser vistos cristais euédricos de cromita, enstatita e olivina. Mediante a obtenção de dados químicos dos minerais foi possível classificar o plagioclásio como oligoclásio (Or6, Ab84, An10), bem como constatar que muitos cristais de olivina e piroxênios têm pouca variação composicional centro-borda e estavam bem próximo ao equilíbrio com o líquido durante suas cristalizações. Sobre os processos que deram origem aos côndrulos é possível inferir que os diferentes tipos texturais foram originados, possivelmente, a partir de fontes distintas. O processo posterior de acresção destas partículas resultou na formação do corpo parental, onde os côndrulos – de natureza distintas foram - conectados pela matriz. A matriz do meteorito Campos Sales caracteriza-se principalmente pela presença de cristais subédricos de enstatita, além de cristais da liga metálica, sulfeto, merrillita, cromita, olivina e plagioclásio. A pouca variação composicional centro-borda dentro dos principais minerais que compõem os côndrulos, associada à ausência de vidro na matriz, sugerem a existência de um evento termal que devitrificou o vidro da matriz e permitiu esse reequilíbrio químico dentro dos côndrulos.