Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: DORIVAL PEREIRA OLIVEIRA
DATA: 28/02/2024
HORA: 19:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO: CORPOS NEGROS AO SOL E PELES BRANCAS ÀS SOMBRAS: TRABALHADORES ENTRE O INFERNO E O PARAÍSO NO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO
PALAVRAS-CHAVES: operário; identidade; sertão; racismo; Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf);
PÁGINAS: 455
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Sociologia
RESUMO:
Esta tese de doutorado investigou o processo de criação e implantação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e sua política de construção de usinas e barragens no Município de Paulo Afonso-Bahia, na região do sertão do São Francisco, entre 1950 e 1990. A criação da estatal está inserida na lógica do modelo desenvolvimentista brasileiro e sua ação modernizadora teve como objetivo atender as bases do nascente capitalismo industrial. A Chesf difundiu uma descrição fundamentada no meio e raça, influenciando na hierarquização inspirada na cor da pele, formação escolar e origem sociocultural do operariado. A empresa atraiu para o sertão, um contingente de quase 15 mil operários e operárias. A presença da estatal reconfigurou as relações sociopolíticas, econômicas e simbólicas, forjando uma identidade espacial interligada a um processo histórico. A descrição da Chesf produziu um tipo específico de racismo e uma patologização do humano que se movimentou na ambivalência da aceitação, recusa e resistência identitária para se adaptar ao processo modernizante implementado pela companhia. O operário negro e pardo tornaram-se invisíveis em raça, mas se configuraram em objeto útil para a disciplina e o controle necessário para a política desenvolvimentista, que aproveitou o potencial hidroelétrico do Rio São Francisco. Para identificar e analisar as práticas racistas e discriminatórias consubstanciadas No território, percorremos primeiramente o espaço migratório do operariado; que nos possibilitou sua identificação sociocultural, origem, formação e inserção no mundo do trabalho. No espaço do mundo do trabalho, verificamos a ocupação funcional, segregação residencial, vigilância e disciplina imputadas pela estatal aos operários brancos, negros e pardos. No espaço da cidadania política pudemos verificar os registros das lutas, conflitos de classes, resistência e silêncios da organização sindical do operariado da estatal no sertão. Estabelecemos diálogos com literatura da Sociologia Clássica, História e Sociologia das relações raciais. Os operários negros e pardos eram visíveis em seus corpos para o trabalho, mas invisíveis na sua ancestralidade de povo, sertão e nação. No sertão do São Francisco narrou-se o racismo brasileiro com singularidades nordestinas e sertanejas, que pelas praticas da chesf designou o inferno e paraíso para trabalhadoras e trabalhadores brancos, negros e pardos.