Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANDRÉA ROSEVELL SOUZA DOS SANTOS
DATA: 14/08/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Sala de videoconferência 402 - DID VII
TÍTULO: Furar as bolhas: o jornalismo político e o enfrentamento a discursos antidemocráticos nas eleições presidenciais brasileiras de 2022
PALAVRAS-CHAVES: Midiatização profunda; bolhas de informação; campo jornalístico; eleições brasileiras
de 2022
PÁGINAS: 80
GRANDE ÁREA: Ciências Sociais Aplicadas
ÁREA: Comunicação
RESUMO:
O presente projeto tem como proposta explorar os processos jornalísticos imersos no
contexto de Midiatização Profunda (COULDRY E HEPP, 2017) e agravamento de tensões
entre actantes e jornalistas no interior do Campo Jornalístico (BOURDIEU, 1996),
provocadas por bolhas de informação e opinião. A proposta é descrever e analisar
estratégias desenvolvidas por empresas jornalísticas nativas digitais durante a cobertura
do período do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 2022 e perceber
se e de que forma essas iniciativas impactam a estrutura de bolhas de informação e
opinião — ou seja, se foram capazes de atravessar tais bolhas. A necessidade de
convergir as explanações sobre bolhas de informação e analisar as interações dos atores
— jornalistas — com essas estruturas a partir da ideia de atravessamento desafiou esse
estudo na formulação de um esquema analítico a partir de quatro níveis de abordagem
das bolhas: tecnológico, social, conteúdo e cultura. Em síntese, o presente trabalho
propõe investigar as bolhas como estruturas acentuadamente tecnológicas, que
condicionam interações sociais, que, por sua vez, condicionam saberes, que
condicionam ideologias e identidades de grupo. Assim, as estratégias jornalísticas
capazes de atravessar bolhas são aquelas que avançam nos quatro níveis de influência
das bolhas, até atingir o ponto de afetação das identidades (a dimensão da cultura). Dois conjuntos de dados e eventos foram considerados significativos para conduzir essa
análise: os conteúdos sobre fraude das urnas eletrônicas e sobre a incompetência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para conduzir as eleições – ambas ideias que refletem
rejeição às regras democráticas do jogo e estímulo à descrença nas instituições
democráticas (LEVITSKY E ZIBLATT, 2018). O estudo, então, combina análise das redes
sociais (Twitter) no período especificado e entrevistas em profundidade com
profissionais dos veículos Aos Fatos, Núcleo e Agência Pública envolvidos na cobertura
da campanha eleitoral presidencial brasileira de 2022. A eleição presidencial brasileira
de 2022 foi a disputa mais polarizada desde o fim do Regime Militar no país. Também
foi um período marcado por rompantes de atos antidemocráticos – online e offline –
promovidos por militantes da nova direita política do Brasil. A premissa é de que as
bolhas de informação e opinião, potencializadas por filtros-bolha automatizados
(PARISER, 2011) colaboraram para esse quadro, movimentando, de forma particular,
recursos do campo jornalístico centrais para a condição das ações políticas eleitorais;
uma ação que provoca as empresas jornalísticas a se mobilizarem pela retomada do
capital simbólico no interior do campo como esforço pela manutenção da estrutura
democrática.