Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JAMILLE FERREIRA LIMA SANTOS
DATA: 27/07/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Sala 2 bloco A - DBI
TÍTULO: PAR METROS REPRODUTIVOS DE Brycon orthotaenia Günther, 1864 E Prochilodus argenteus Spix & Agassiz, 1829 COMO FERRAMENTA PARA GESTÃO PESQUEIRA NO RIO SÃO FRANCISCO
PALAVRAS-CHAVES: Reprodução; Peixes migradores; Pesca; Dinâmica populacional; Conservação.
PÁGINAS: 45
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Ecologia
SUBÁREA: Ecologia de Ecossistemas
RESUMO:

Brycon orthotaenia Günther, 1864 e Prochilodus argenteus Spix & Agassiz, 1829 são espécies migradoras, reofílicas e necessitam de trechos livres para a sua reprodução. Considerando os aspectos biológicos e ecológicos das espécies de hábito migratório, é necessária a utilização de parâmetros reprodutivos como ferramenta de gestão dos recursos pesqueiros. Deste modo, o objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade reprodutiva e dinâmica populacional de B. orthotaenia e P. argenteus ao longo de quatro ciclos reprodutivos no período da piracema e a sua relação com a sazonalidade interanual, na calha principal do rio São Francisco, próximo à foz com o rio Urucuia, médio São Francisco, Minas Gerais. O período envolvido na coleta correspondeu a quatro ciclos hidrológicos: C1 (2012–2013); C2 (2013–2014); C3 (2014–2015); e C4 (2015–2016), sendo o ciclo C1 restrito à análise de B. orthotaenia. Foi registrado um total de 903 espécimes para B. orthotaenia (C1: 77; C2: 215; C3: 323; e C4: 288) e 1.295 para P. argenteus (C2: 407; C3: 472; e C4: 416). Com base nas populações amostradas, as fêmeas de B. orthotaenia (22-50 cm) apresentaram comprimento total superior aos machos (20-45 cm), assim como para P. argenteus (fêmeas: 25-75 cm; machos: 23-61 cm). Foi observado o crescimento do tipo alométrico, com relação significativa entre peso e comprimento para ambos os sexos de B. orthotaenia (fêmeas: r=0,94; p<0,05; machos: r=0,88; p<0,05) e P. argenteus (fêmeas: r=0,91 p<0,05; machos: r=0,87; p<0,05). A razão sexual (fêmea:macho) em B. orthotaenia mostrou desvio nos ciclos C2 (2:1; χ2= 17,47; p<0,005) e C4 (6:1; χ2= 9,9; p<0,005), enquanto para P. argenteus a proporção sexual diferiu nos entre os meses estudados no C2 (1:1; χ2 = 13; p<0,05) e C3 (1:1; χ2 = 24,51; p<0,05). Em todos os ciclos analisados foram registradas fêmeas aptas a reproduzir, confirmadas a partir de análises histológicas, com diferenças no IGS entre todos os ciclos para B. orthotaenia (Fêmeas: K= 70,996; Machos: K= 28,004; p<0.05) e P. argenteus (Fêmeas: K= 70,21; Machos: K= 23,194, p<0,05). O esforço reprodutivo das espécies teve picos de IAR entre outubro e janeiro e correlação positiva no ciclo com maior índice pluviométrico e vazão para B. orthotaenia (pluviometria: r=0,55; p<0,05; vazão: r=0,65; p<0,05) e P. argenteus (pluviometria: r=0,91, p<0,05; vazão: r=0,84; p<0,05). O período defeso determinado pelo IBAMA (Decreto Nº 6.099/2007 Portaria Nº 50/2007) e IEF (Portaria 154/2011) não contempla o início da atividade reprodutiva, visto que já em outubro houve registro de peixes aptos à reprodução. O tamanho mínimo de captura permitido pelo IEF Portaria n°111/2003 para B. orthotaenia (25 cm) foi inferior ao comprimento médio de primeira maturação sexual (L50= 35,2), mostrando a necessidade de revisão da legislação. Em contrapartida, para P. argenteus, os valores de L50 (31,5 cm) estiveram no intervalo permitido pela legislação (40 cm), mas a avaliação de todo o estoque (L100 = 51 cm) mostrou que nem todos os espécimes estariam aptos à reprodução. Em um panorama temporal comparativo, foi encontrado efeito positivo da pluviometria em relação aos valores de IGS de B. orthotaenia (r²= 0,25; r= 0;48; p< 0;05) e P. argenteus (r²= 0,33; r= 0,56; p < 0,05), com redução de aproximadamente 20% nos valores de IGS para ambas as espécies em períodos reprodutivos com índices pluviométricos acumulados inferiores a 700 mm. Esta redução está diretamente relacionada à produção de gametas, e em um cenário de mudanças climáticas com redução da precipitação, o recrutamento ficará comprometido. Torna-se necessária a reavaliação dos parâmetros utilizados para gestão, bem como o efetivo monitoramento pesqueiro no médio São Francisco e constante avaliação dos estoques de peixes comerciais, visto que, a região é uma importante rota reprodutiva neste segmento de rio. Somado a isto, a manutenção de trechos livres de rio permitirá a dinâmica natural do sistema para o uso sustentável dos recursos na região.

MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - GILBERTO NEPOMUCENO SALVADOR
Presidente - 1687626 - MARCELO FULGENCIO GUEDES DE BRITO
Externo à Instituição - RENATA BARTOLETTE DE ARAUJO