A presente tese pretende sustentar a hipótese de que existe uma incompatibilidade entre as filosofias de Gilles Deleuze (1925-1995), especialmente aquela escrita em colaboração com Félix Guattari (1930-1992), e Michel Foucault (1926-1984) e que esta constitui uma antinomia insolúvel. Dito isso, ao invés de buscarmos realizar a defesa de um ou de outro ponto de vista do debate, defenderemos que uma possível solução à antinomia desejo/poder pode ser alcançada por meio de um retorno ao freudo-marxismo, especialmente tal como formulado pela tradição estruturalista de Jacques Lacan (1901-1981), Louis Althusser (1918-1990) e seus colaboradores, a fim de reabilitar esta filosofia, em algum momento descreditada tanto por Deleuze quanto por Foucault, como a solução legítima à referida antinomia. Para tanto, será necessário: (i) expor a antinomia do desejo/poder; (ii) analisar a formulação do problema teórico do desejo por Deleuze; (iii) analisar a formulação do problema teórico do poder por Foucault e (iv) apontar como o projeto filosófico deleuziano anterior à sua associação com Guattari, especialmente quando suplementado pelos avanços teóricos da tradição althussero-lacaniana da qual um dia ele fez parte, é capaz de oferecer respostas tanto às críticas deleuzo-guattarianas à psicanálise quanto às foucaultianas ao mesmo tempo em que se ultrapassa a antinomia por eles encerrada. Com isso, esperamos lançar luz sobre os elementos e a estrutura que tornam a referida antinomia possível ao mesmo tempo em que superamos a aporia teórica por ela implicada.