Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: DANIELLA SILVA DOS SANTOS DE JESUS
DATA: 30/08/2019
HORA: 15:00
LOCAL: Sala de aula do mestrado em Serviço Social
TÍTULO: GARIMPO DE SILÊNCIOS: experiências do trabalho de mulheres na garimpagem de diamantes em Igatu/Andaraí-Ba, nas décadas de 1930 a 1970.
PALAVRAS-CHAVES: Garimpo. Trabalho de mulheres. Gênero. Experiência. Divisão sexual do trabalho
PÁGINAS: 180
GRANDE ÁREA: Ciências Sociais Aplicadas
ÁREA: Serviço Social
RESUMO:
Seguindo as trilhas e os caminhos abertos pelos estudos da História Social do Trabalho e das relações sociais de gênero, sob a perspectiva do que se convencionou chamar de “História Vista de Baixo”, esta pesquisa se propôs a investigar as experiências do trabalho de mulheres, nos garimpos de diamantes, no distrito de Igatu, antiga vila de Chique-Chique, Andaraí-BA, nas décadas compreendidas entre 1930 e 1970. Por meio de uma abordagem qualitativa, que pautou sua análise através da base metodológica da História Oral, aliada à pesquisa documental e bibliográfica, sob a égide do materialismo histórico dialético, buscaram-se recompor as formas de inserção, as condições de trabalho, bem como as estratégias construídas pelas mulheres para adentrarem e se manterem no garimpo, ponderando os rebatimentos que a divisão sexual do trabalho as impunha. Defendeu-se que o trabalho desenvolvido pelas mulheres, seja em atividades socialmente caracterizadas como femininas, ou em atividades ligadas ao comércio e ao garimpo, lidas como trabalhos “de e para homens”, foi um fator de equilíbrio na “corda bamba da sobrevivência”, especialmente em tempos de crise econômica, que caracterizou o recorte temporal. Com o recrudescimento da atividade extrativa, da qual grande parte da população se dedicava, houve uma maior maleabilidade e inserção de mulheres na extração de diamantes. Se, em situações de normalidade, a renda auferida pelas mulheres era considerada complementar à dos homens, na crise tornou-se essencial à sobrevivência das famílias garimpeiras. Considerando o contexto político e econômico conturbado, as complexidades e especificidades que envolvem as áreas de mineração, bem como, as condições e relações de trabalho praticadas, o “salário de miúdos” das mulheres tornou-se a principal fonte de renda disponível às famílias pobres, o que as instituiu como principais provedoras de seus lares. Valendo-se das categorias de análise experiência, gênero e divisão sexual do trabalho, e, tendo como referência, especialmente, as fontes orais e literárias, constatou-se que, embora as mulheres estivessem imersas em relações desiguais de gênero, marcadas pela hierarquização dos papeis sociais, na experiência de vida concreta, estas mulheres, seja por vontade própria e/ou pressionadas pela força das circunstâncias históricas, improvisaram e redefiniram práticas e pensamentos. Nesta labuta cotidiana construíram novos papéis sociais, ao assumirem, por exemplo, a chefia e manutenção de seus lares, condição alcançada em decorrência das atividades que desenvolviam. Por meio de suas necessidades e experiências romperam o silêncio e o senso comum ao ratificar que o garimpo também foi e é lugar de mulher.