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Banca de DEFESA: CARLA APENBURG TRINDADE

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CARLA APENBURG TRINDADE
DATA: 30/08/2023
HORA: 09:00
LOCAL: Auditório do PPGEO, Didática II, 1º andar
TÍTULO: DA LAMA AO CAOS, DO CAOS A LAMA, UMA ‘MULHER’ ‘VIOLENTADA’ NUNCA SE ENGANA": OS TERRITÓRIOS PESQUEIROS Sà CRISTOVENSES EM CONFLITO
PALAVRAS-CHAVES: marisqueiras; conflito; agrohidronegócio; violência.
PÁGINAS: 102
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Geografia
SUBÁREA: Geografia Humana
ESPECIALIDADE: Geografia Agrária
RESUMO:

O modelo civilizatório moderno, legitimado sob uma lógica colonial, imperialista e capitalista, baseia e se estrutura a partir da expropriação, violação de direitos, exploração e violência contra os sujeitos que possuem um modo de vida baseado na economia natural. Com isso, retomamos a teoria de Chayanov (1966) a fim de delimitar e diferenciar o trabalho camponês e de povos tradicionais que, a partir do cultivo, pesca, coleta e cata de mariscos na terra-lama-água busca satisfazer as necessidades de suas famílias e comunidades. Logo, esses povos são reconhecidos por estabelecerem em seus territórios, uma relação simbiótica entre os ciclos complexos da natureza e seu modo de vida permeado por saberes e práticas ancestrais (Diegues, et. al., 2000). Adquirem também uma marca condicionante de gênero, pois o trabalho de mariscagem – central neste estudo – é desenvolvido, em grande parte, por mulheres. Essa é uma característica que se conforma historicamente, uma vez que há maior proximidade entre o mar-de-dentro – rios, estuários e mangues – com os domicílios, do que com o mar de fora – marítimo – (Ramalho, 2006). Essa condição se faz necessária tendo em vista que as mulheres conciliam seus trabalhos profissionais, seja na pesca e mariscagem ou na elaboração de produtos artesanais, com os afazeres domésticos (Álvares; Maneschy, 2011) e, devido a esta proximidade, também é possibilitado que as marisqueiras levem seus filhos e filhas para ocupar as margens das regiões estuarinas, mangues ou rios. Esses, além de acompanhá-las também aprendem e trabalham no ofício da pesca e captura de mariscos desde muito cedo. Em Ilha Grande, São Cristóvão, a prática de extração de mariscos é predominantemente feminina, tendo poucos homens que executam a atividade de forma esporádica. Essas mulheres vivem e trabalham no berçário da biodiversidade considerado por tantos, mera fonte de recursos: os manguezais. A partir dos empreendimentos de infraestrutura, agrohidronegócio e atividades de desenvolvimento capitalista, estes ecossistemas se tornam caras engrenagens da acumulação de capital promovendo, por meio da apropriação de frações de natureza, a violência, exploração, expropriação e degradação socioambiental contra as mulheres, natureza e seus territórios. Assim, a presente pesquisa objetiva compreender como os conflitos por terra e água, decorrentes deste cenário, também reafirmam a lógica patriarcal que violenta estrutural e cotidianamente os corpos e territórios das mulheres marisqueiras. Para isso, o estudo foi fundamentado nos pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico dialético e operacionalizado a partir de pesquisa bibliográfica e pesquisa exploratória utilizando-se do instrumental das entrevistas semi-estruturadas (Triviños, 1987). À vista disso, os estudos realizados demonstraram que o nó estrutural do Patriarcado-Capitalismo-Racismo (Saffioti, 1987) sustenta a contradição que preside cada uma dessas estruturas, que unidas, apresentam uma dinâmica própria, permeando também os conflitos que atingem os corpos e territórios das marisqueiras de maneira específica. Materializa-se então, através das situações de violência que decorrem dos conflitos territoriais, a condição patriarcal de controle que subordina as mulheres enquanto reprodutoras, corpos objetificados e força de trabalho mais passível à exploração e os territórios à lógica expansiva e destrutiva intrínseca ao desenvolvimento capitalista. Uma vez imersas na lama e nas águas, as marisqueiras experienciam o contato direto com o mangue, que segue cada vez mais envenenado pela ganância dos atores do capital. A contaminação da terra e água, juntamente à exploração de petróleo e gás, o cercamento das águas e espaços historicamente designados ao uso comum na atividade da pesca e mariscagem, a expansão da especulação imobiliária, construção de tanques artificiais para a execução da atividade da carcinicultura, desvelando o avanço do agrohidronegócio nos territórios tradicionais (Romero et al. 2018) representam, simultaneamente, a imposição da lógica predatória do capital contra a natureza e patriarcal sobre as mulheres marisqueiras e seus territórios.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2342651 - ERALDO DA SILVA RAMOS FILHO
Externo à Instituição - GABRIELA FERNANDES FELICIANO MURUA
Externo ao Programa - 2027131 - ROSANA DE OLIVEIRA SANTOS BATISTA

Notícia cadastrada em: 24/08/2023 16:19
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