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Banca de DEFESA: NELSON SANTANA SANTOS

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: NELSON SANTANA SANTOS
DATA: 26/02/2024
HORA: 15:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO: OS BNEI ANUSSIM BRASILEIROS: RELIGIÃO, ETNICIDADE E REIVINDICAÇÕES IDENTITÁRIAS
PALAVRAS-CHAVES: Bnei Anussim; Processos identitários; Religião; Judaísmo; Sociologia;
PÁGINAS: 262
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Sociologia
RESUMO:

A presente tese aborda um fenômeno social que expõe de maneira muito clara as relações, muitas vezes problemáticas, entre etnicidade e religiosidade como dimensões constitutivas dos processos identitários na contemporaneidade. Seu foco de análise direciona-se para aspectos referentes às representações identitárias de um grupo cujas pretensões de pertença identitária circulam em torno de um segmento religioso e cultural no qual a identidade religiosa perpassa diretamente pelo fator étnico. Trata-se dos bnei anussim: um grupo de pessoas que em razão de sua autoidentificação como descendentes de judeus forçadamente convertidos ao cristianismo reivindicam para si a identidade judaica e compartilham o desejo de fazer parte deste contexto identitário e religioso. Ao longo do século XX e mesmo do XXI diversos indivíduos e grupos passaram a reivindicar para si a ascendência e a identidade bnei anussim ou marrana (tanto no Brasil quanto em outras partes da América, tais como México e Estados Unidos). Vale dizer que parcela considerável de tais indivíduos, por considerarem-se descendentes de judeus cuja religiosidade foi coercitivamente alterada, pretendem para si o reconhecimento como legítimos integrantes da comunidade, da religião e, por conseguinte, da identidade judaicas. No entanto, de acordo com os preceitos legais do judaísmo (contidos na Halakah) os critérios principais para considerar alguém como judeu são o nascimento a partir de mãe judia ou a conversão através de ritual específico para tal finalidade. O aspecto problemático da questão decorre, portanto, do fato do judaísmo (ao menos em suas vertentes mais tradicionais) tratar-se de um agrupamento social que se autoidentifica tanto quanto religião quanto como etnia. Neste sentido, o pertencimento originário e integral ao grupo judaico requer a dupla habilitação para tanto: é preciso praticar a religião judaica e é necessário ter nascido de uma mãe judia. Ainda que os bnei anussim esforcem-se por assimilar as práticas religiosas judaicas, na maioria dos casos dificilmente conseguem preencher o segundo requisito. Resta-lhes então como porta de entrada ao judaísmo a conversão (giyur, em hebraico) – a qual por sua vez é vista por boa parte de seus membros como um desrespeito à memória de seus ancestrais que lutaram para manter, ainda que ocultamente, suas tradições judaicas. Em vez da “conversão” (giyur), parte dos bnei anussim pretendem ser admitidos através do processo de “retorno” (teshuvah, em hebraico), o que normalmente não é aceito pelas lideranças institucionais do judaísmo. Do ponto de vista sociológico evidentemente não cabe avaliar a plausibilidade dos argumentos expostos pelas partes envolvidas nesse dissenso. No entanto, merece especial atenção vislumbrar e compreender sociologicamente quais as estratégias adotadas por ambos os grupos quer nas interações face a face quer nas representações simbólicas, discursivas e culturais e quais as repercussões sociais de tais estratégias. Neste sentido, a presente pesquisa, de natureza qualitativa, calcada nas recentes abordagens dos processos identitários, notadamente aquelas influenciadas pelos estudos culturais, propôs uma análise das estratégias discursivas mobilizadas pelos bnei anussim com vistas a contornar os obstáculos enfrentados em suas relações com o judaísmo estabelecido. O objetivo principal da pesquisa, e que entendemos exitosamente alcançado, foi comprovar que a maneira pela qual os bnei anussim têm adotado estratégias reivindicatórias com o objetivo de mitigar as credenciais de legitimidade identitária de uma identidade idealmente vista como global (a identidade judaica), através do tangenciamento destas credenciais por meio do deslocamento do âmbito religioso e biológico para o âmbito histórico e mnemônico local (mediante o reforço do significado das especificidades resultantes da secular proibição das práticas judaicas a que foram submetidos seus antepassados brasileiros e portugueses) configura um conjunto de estratégias tipicamente contemporâneas e glocais. Desta maneira, propomos que o estudo da atuação glocal dos bnei anussim traz importante contribuição para o âmbito dos debates acerca dos processos identitários e de suas específicas configurações no estágio atual da sociedade globalizada e midiatizada.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - JUAREZ CAESAR MALTA SOBREIRA
Interno - 1494768 - MARCELO ALARIO ENNES
Presidente - 1546297 - PETRONIO JOSE DOMINGUES
Externo à Instituição - RENATO MONTEIRO ATHIAS
Interno - 426602 - ROGERIO PROENCA DE SOUSA LEITE

Notícia cadastrada em: 22/02/2024 16:18
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