Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ALESSANDRO ARAUJO MENDES
DATA: 01/08/2018
HORA: 14:30
LOCAL: sala do PPGED
TÍTULO: PRÁTICAS EDUCATIVAS E INSTITUCIONALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SERGIPE: PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES (1974-1991).
PALAVRAS-CHAVES: Educação. Institucionalização. Menor. Práticas educativas. Socialização.
PÁGINAS: 252
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Educação
RESUMO:
A presente tese tem como objeto as práticas educativas direcionadas aos menoresinstitucionalizados em Sergipe durante o período de 1974 a 1991, período de fechamento daCidade de Menores Getúlio Vargas e a instituição da Fundação Renascer. A princípio, penseiem focar apenas nos menores delinquentes - como eram referidos à época, entretanto, ficouclara a impossibilidade de deixar de fora das investigações as crianças e os adolescentesórfãos, abandonados, pobres, deficientes, indisciplinados, rebeldes, entre outros, pelo fato deserem a maioria dos internos da FEBEM (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor)sergipana. Consiste em uma pesquisa histórica desenvolvida no campo da História Cultural eno método do paradigma indiciário. O objetivo geral foi analisar as práticas educativasdirigidas aos menores por parte das autoridades em Sergipe, como: governadores, diretores daFEBEM-SE, juízes de menores, monitores, entre outros. Os objetivos específicos, por sua vez,foram: investigar de que forma as autoridades enfrentaram o problema do menor com ofechamento da Cidade de Menores em 1974; identificar as instituições que acolheram osmenores entre 1974 e 1991; compreender as representações sociais e das autoridades sobreestes sujeitos e o tipo de educação dirigida a eles; verificar o perfil dos menores internos dasunidades oficiais e conveniadas da FEBEM-SE. As fontes utilizadas foram desde documentosjudiciais, administrativos, jornais e imagens à história oral: relatórios, boletins individuais dosmenores, artigos de jornais sergipanos, fotografias e uma série de entrevistas com ex-internose ex-servidores que lastreou a pesquisa. Desta forma, defendo a tese de que com o advento doCódigo de Menores de 1979, houve um tratamento diferenciado aos menores que estiveramaos cuidados da FEBEM-SE, dando-lhes boa educação e encaminhamento para um trabalhodigno, capazes de lhes promover a subsistência, apesar da política de internação terpermanecido e com o encaminhamento para instituições diversas das previstas pela legislação.Destaco alguns conceitos que utilizei para a análise e compreensão do tema, tais como:Práticas educativas (NÓVOA, 1995); sociedade (ELIAS, 1994); menor (ARANTES, 1995;RIZZINI, 1995, 2010; VEIGA; FARIA FILHO, 1999), institucionalização (DIAS e SILVA,2012), representação e apropriação (CHARTIER, 2009); crime (FOUCAULT, 1987) einstituição total (GOFFMAN, 2015). Quanto aos resultados, pude perceber que o público daFEBEM-SE diferenciava-se de outras em relação aos quantitativos de órfãos, abandonados epobres, os quais eram bem elevados em Sergipe em face do número de infratores. Puderegistrar os discursos de ex-internos e ex-servidores que em alguns momentos convergiam,divergiam ou foram omissos, como nas discussões sobre punições e disponibilização deoficinas preparatórias para o trabalho. Muitos ex-internos ainda trabalham nos mesmosempregos que a FEBEM-SE conseguiu para eles, ou exercem o ofício autônomo do que
aprenderam no internato. A maioria asseverou que não gostaria de passar pelo mesmoprocesso novamente e nem colocaria seu filho em um internato, enquanto outros disseram quepassaria novamente pela internação caso sua família não tivesse as condições de mantê-lo ouque colocaria seus filhos no internato, no formato que viveram, caso também não pudessemprover o sustendo deles. Todos os ex-internos que entrevistei afirmaram que foi positiva apassagem pela instituição em comento apesar das quebras de relacionamentos familiares,dificuldades e resistências ao longo do processo de internação na FEBEM de Sergipe.