Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MILENA CRISTINA ARAGÃO RIBEIRO DE SOUZA
DATA: 21/10/2013
HORA: 14:00
LOCAL: Auditório do DED
TÍTULO: CASTIGOS ESCOLARES: ENLACES HISTÓRICOS ENTRE PRESCRIÇÕES, DISCURSOS E PRÁTICAS (1980-2000)
PALAVRAS-CHAVES: Castigos escolares. História da Educação. História Oral. Habitus. Práticas X Representações.
PÁGINAS: 131
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Educação
RESUMO:
A pesquisa, em andamento, tem como objetivo investigar a construção das práticas e representações de 10 professoras das primeiras séries do ensino fundamental sobre os castigos escolares em Aracaju/SE, compreendendo o período histórico entre as décadas de 1980 a 2000, problematizando-as à luz dos estudos histórico-culturais. A Tese que procuro defender em relação aos castigos escolares e a incorporação dos mesmos nas práticas pedagógicas é a seguinte: as práticas e representações sobre os castigos utilizados na escola, nas primeiras séries do ensino fundamental, são construções histórico-culturais, formadas no curso do processo de vida das professoras, configurando-se como um habitus, abrangendo o âmbito doméstico (como filhas), o âmbito escolar (como alunas); a formação docente e o cotidiano profissional. A escolha pelo marco temporal (1980 – 2000) advém especialmente porque a partir da década de 1980 ocorreram mudanças fundamentais relativas ao olhar para a criança e a educação no Brasil, como a Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e a LDB 9394/96; novas diretrizes emergiram; diante disso, busca-se indagar se houve mudanças com relação às práticas de castigos a partir destas prescrições. Como categorias de análise foram escolhidos os conceitos de Representação (Roger Chartier); Processo Civilizador (Norbert Elias); Habitus ((Pierre Bourdieu); Estratégias e Táticas (Michel de Certeau); Poder e Disciplina (Michel Foucault) e Cultura Escolar (Dominique Julia). Dentre as fontes utilizadas para o alcance do objetivo proposto estão textos pedagógicos e literários, ordenamentos legais, manuais escolares, periódicos, além de fontes orais. Como caminho metodológico foram escolhidos o método indiciário, a história oral temática e a análise textual discursiva. A Tese está dividida em três seções: na primeira seção, o início da jornada se dá no século XIX, tendo em vista ter sido a partir deste período que os castigos começaram a ser pensados como uma prática deliberada, racional e consciente, necessitando ser normatizada e regulamentada através de legislações, decretos e regimentos, contribuindo para construir representações e delinear práticas de castigos aplicados no universo escolar brasileiro, mesmo em períodos posteriores. Na segunda seção abordo o século XX, transitando até a década de 2000, investigando as tensões e conflitos entre os discursos oficiais e pedagógicos, e as práticas cotidianas. Encerro a Tese com uma viagem pelas memórias e trajetórias das professoras, onde são discutidos os resultados das entrevistas, entrelaçando suas narrativas com as fontes e períodos pesquisados, em busca de constâncias e mudanças, lutas de representações, relações de poder, identificando estratégias e táticas, indagando – entre outras questões – a relação entre os castigos escolares e o habitus cultural.