Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JOSÉ ANTÔNIO STONA DA SILVA
DATA: 14/03/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO: A clínica é um lugar político: a escuta psicanalítica diante das dissidências sexuais e de gênero
PALAVRAS-CHAVES: psicanálise; política; escuta clínica psicanalítica, dissidências sexuais e de gênero.
PÁGINAS: 114
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:
O presente projeto de pesquisa objetiva elaborar e fundamentar as minhas experiências no trabalho realizado com as dissidências sexuais e de gênero em dois grandes projetos: o projeto Remonta e a Roda de Escuta LGBTTQIA+ da Universidade Federal de Sergipe. A pesquisa busca a explicitação de três questões centrais que surgem a partir dessas experiências. A primeira questão será pensarmos como identificar o que é uma escuta clínica analítica. Quais são os nossos desafios no exercício desta escuta em relação às dissidências sexuais e de gênero? A segunda será explorarmos os danos e prejuízos à psicanálise quando as afirmativas patologizantes interferem e exercem efeitos na função do analista. Por fim, a última será problematizarmos três afirmações que temos escutado de forma frequente nos espaços de formação em psicanálise: (a) no setting psicanalítico não há política; (b) na clínica psicanalítica não há lugar para a identidade; e (c) a clínica psicanalítica não é lugar de militância. O texto buscará decompor e extrair uma visão parcial e situada dessas questões a partir da experiência clínica de escuta. O percurso começa na escolha metodológica, expressa, já na introdução, ao enfocar a relação da psicanálise com outros campos de saber, principalmente o conhecimento situado, a fim de possibilitar a inclusão de diferentes perspectivas. No primeiro capítulo, apresentarei uma justificativa do porquê é importante pensarmos uma clínica das dissidências sexuais e de gênero, não no sentido de uma tipificação estrutural, mas no sentido de percebermos a precariedade de como o campo tem sido abordado a partir da psicanálise. Apresentarei os projetos sociais como estratégias de resistência às normas binárias de gênero e a estruturas de violências, nos quais são executadas novas estratégias de luta por reconhecimento social e político e a composição de novas matrizes de inteligibilidade. Trabalharei, ainda, com casos clínicos e seus efeitos transferenciais e contratransferenciais, para propor a importância de pensarmos a clínica como um lugar político. No segundo capítulo, buscarei discutir o terceiro questionamento deste trabalho, sobre o lugar da identidade na clínica, discorrendo a respeito da proposição de que, no setting psicanalítico, há, sim, política, e de que a clínica psicanalítica pode ser um lugar de militância, no intuito de identificar elementos comuns no sentido de consolidá-la como um lugar político.