Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LUIS RAFAEL PASSOS BARRETO COSTA
DATA: 09/04/2020
HORA: 09:00
LOCAL: Vídeo Conferência
TÍTULO: Cartas negras: um estudo psicanalítico sobre o corpo racializado
PALAVRAS-CHAVES: Racismo, Psicanálise, Literatura
PÁGINAS: 33
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:
Este estudo visa realizar uma análise do livro de Tereza Cárdenas, “Cartas para minha mãe”, que é uma coletânea de cartas endereçadas à mãe falecida, quando ainda era criança, de modo que a elaboração do luto se entrelaça com os obstáculos, que o contexto impõe, em se afirmar negra. A infanto-autora, com sua aguçada percepção sobre o mundo, faz do racismo algo palpável e ambíguo, de modo a nos dar pistas sobre a dinâmica impressa nas relações raciais. Sendo o racismo um fenômeno social, que atualiza o passado colonial, lida-se com a circularidade e repetição histórica, que, desde Freud, é um modo da subjetividade lidar com a dimensão do não-simbolizado, de modo que o resto da experiência traumática não cessa de ser reinscrito. Desta experiência coletiva, em que há algo é recalcado, ou seja, que foge ao campo do saber, o diálogo entre dimensão sócio-histórica com a experiência do sujeito sugere uma compreensão dos fatos a partir das causas do desejo. Ao se introduzir essas dimensões analíticas, que produz um giro epistemológico, desloca-se o corpo da dimensão biológica para o campo discursivo, de modo a vislumbrar as incidências dos laços sociais na constituição dos corpos. O diálogo entre corpo-histórico e o corpo linguagem/pulsional, que evidencia as disjunções entre o sujeito e seu corpo, é uma tentativa de abordar os efeitos do racismo sobre simbólico, imaginário e real. Para tal ensejo, será articulado os fundamentos da psicanálise lacaniana, especialmente as teorias dos discursos, dos semblantes e da sexuação, com o pensamento de autores pós-coloniais, à narrativa literária. Considerando que a verdade do discurso está no interior da experiência de quem o relata, isto é, na primeira pessoa do discurso, a literatura torna-se um privilegiado escopo para análise, na medida em que coloca o escritor a “falar” com uma espécie de espelho. É, também, a primeira condição para a psicanálise tornar-se aplicável, na medida em que a implicação do sujeito na escrita revela aspectos do inconsciente, de modo que o deciframento, a interpretação, os enigmas, as rachaduras, os vazios serão elementos que ajudará a captar os emergentes do texto.