A presente pesquisa tem como problemática central a fabulação de devires contemporâneos. Optamos por ensaios como via poética para produção de subjetividades contemporâneas em direção ao imperceptível através de imagens-instalações. Para tanto, buscamos problematizar alguns campos de saber: os devires e sua relação intrínseca com a infinitude, sua incidência em temporalidades, bem como sua manifestação através, e para além, dos corpos, sobretudo, em movimentos tecnológicos na experiência de vida contemporânea. A relação que se pretende estabelecer aqui entre os corpos e os devires que escapam, e ao mesmo tempo os compõem, é justamente pelo incitar a sair de si, em um processo de dessubjetivação. A metodologia cartográfica foi desdobrada em ensaios, narrativas e imagens-instalações que compõe o corpo deste trabalho em uma antologia existencial que flui entre conceitos e agregados sensíveis. A fabulação da escrita, como delírio da palavra poética, assume caráter conceitual próprio da interface entre filosofia e arte, assim como a duplicidade da imagem também pega emprestada do campo artístico a possibilidade de difratar mundos e ter duração, como definiria Lapoujade. As imagens são entendidas em sua duplicidade de acordo com Blanchot e apresentadas como instalações artísticas, em que a produção de subjetividade é preponderante na eleição e análise imagética. Na parte ensaística e analítica, evocamos Deleuze e outros autores para pensar com eles algumas dimensões ontológicas nos processos de subjetivação. Esta parte está dividida em três blocos de devires: buraco negro-muro branco: rostos informes, em que refletimos sobre a rostidade e a virtualidade da máquina abstrata; devir-animal, lampejos, na qual pretendemos desfazer a rostidade através de devires animais imperceptíveis, pensamos, com Didi-Huberman, sobre as resistências ínfimas; por fim, o devir-louco, uma reserva de futuro, para traçar linhas de fuga e através da potência dos devires mais desterritorializados para, então, reterritorializarmo-nos em outras esferas existenciais.
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