Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JULIA MAYRA DUARTE ALVES
DATA: 17/12/2020
HORA: 16:00
LOCAL: A definir
TÍTULO: ELES SÃO MAIS HIPERATIVOS E ELAS DESATENTAS? DISCURSOS SOBRE GÊNERO E TDAH EM ENDEREÇAMENTOS À EDUCAÇÃO
PALAVRAS-CHAVES: Educação; Gênero; TDAH; Discurso.
PÁGINAS: 170
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Educação
RESUMO:
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) segue sendo o mais diagnosticado em crianças. Sua relação com o campo educacional vem sendo bastante explorada por diversos estudos que apontam que a escola e as professoras são as principais responsáveis pelo encaminhamento das crianças aos consultórios médicos. Apesar disso, a produção acadêmica sobre o transtorno tem sido majoritariamente do campo da psiquiatria biológica que utiliza a quinta versão do Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais (DSM- 5). Tanto este manual como a maioria das pesquisas indicam a predominância dos transtornos nos meninos. Diante deste contexto, esta tese propõe um estudo de gênero sobre TDAH. As análises foram construídas a partir de ferramentas teórico-metodológicas relacionadas ao discurso e às relações de poder inspiradas nos estudos de Michel Foucault. A pesquisa foi realizada a partir de três conjuntos de ações: o primeiro envolveu uma análise temática de gênero e TDAH no DSM-5; o segundo se deu pelas análises de reportagens sobre gênero e TDAH em sites nacionais a partir da experiência de busca em plataforma acessível ao público em geral; e o terceiro consistiu na problematização de materiais pedagógicos acerca do TDAH elaborados e disponibilizados por entidades e especialistas de modo a endereça-los a pais, mães, responsáveis e docentes. Observamos que determinados discursos relacionados à psiquiatria biológica contribuem para a produção de subjetividades hiperativas e desatentas. O gênero parece ter sido incorporado à busca pela universalização do transtorno, sem enfraquecer ou desestabilizar a visão biológica binária dos sexos. A consolidação no DSM-5 dos subtipos, a informação contida no tópico questões diagnósticas relativas ao gênero de que há uma maior frequência no sexo masculino e uma maior probabilidade de pessoas do sexo feminino apresentarem primariamente características de desatenção indicam que há uma interlocução entre o ideal normativo binário de gênero e o diagnóstico do TDAH. Acreditamos que o estudo dessa interface pode contribuir para a retirada do transtorno do campo exclusivamente psiquiátrico, ampliando a discussão para a arena dos estudos culturais e pedagógicos, contribuindo para a busca de alternativas às soluções medicalizantes.