Banca de QUALIFICAÇÃO: ARLANE SANTOS DE LIMA
06/02/2024 11:12
O alimento e a alimentação são fundamentais à leitura dos processos humanos do princípio aos dias hodiernos. Compreender o modus operandi dos diferentes sistemas alimentares é também assimilar a lógica que os permeia, as quais grupos sociais tencionam beneficiar. O sistema agroalimentar hegemônico tem se pautado no agronegócio, modelo de produção que se ergue sob os pilares da desigualdade fundiária histórica, da exploração do trabalho humano e dos recursos naturais, além de se alicerçar na mecanização e no uso de insumos e agrotóxicos. À medida que é resultado de iniquidades, mostra-se também como força propulsora à manutenção delas, assim como à concepção de outros cenários de desigualdades sociais. A expressiva parcela de indivíduos em condição de Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN) a nível global adentra esse bojo e demonstra que a valorização do alimento sob moldes estritamente econômicos o afasta da sua primordial função: nutrir seres humanos. Na contramão da problemática em tela, sublinham-se os sistemas alimentares sustentáveis e a capacidade destes em auferir os mecanismos da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) no escopo do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). Nessa conjuntura, ao pretender uma prospecção a nível local, a presente pesquisa tem como objetivo precípuo a análise da construção social da (in)segurança alimentar e nutricional no espaço rural do município de Japaratuba/SE. Para o alcance desse e dos objetivos secundários, optou-se pela pesquisa de cunho quali-quantitativo, sob a sequência dos seguintes procedimentos metodológicos: levantamento teórico, pesquisa documental, delimitação da amostra, trabalho de campo e sistematização dos dados. Tendo em vista o estágio atual da pesquisa, considera-se que a lógica histórica de produção da commodity cana-de-açúcar avança sobre o território de Japaratuba, onde cerca de 82% da área de lavouras temporárias é recobertos pelo monocultivo. A estrutura fundiária mantém-se concentrada, o que resulta na má distribuição de renda, na marginalização dos cultivos alimentares e, consequentemente, em entraves para o alcance da condição de SAN. Todavia, é igualmente importante que seja dada visibilidade às formas de produção sustentáveis atreladas ao labor dos agricultores e das agricultoras familiares do município. Conformadas sob os moldes contra-hegemônicos, elas se mostram como caminho para o enfrentamento dos possíveis cenários de IAN no espaço rural de Japaratuba/SE, bem como se faz necessário o avanço das políticas públicas para ajudar os agricultores familiares.
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