Banca de QUALIFICAÇÃO: JOÃO DA CRUZ FILHO
15/01/2024 17:45
A desidratação é um processo anti-homeostático consequente à ingestão inadequada de fluidos, seja de forma aguda ou crônica. Embora frequentemente não seja encarada com muita atenção, sabe-se atualmente que a hidratação inadequada parece predispor a uma série de doenças crônicas e, ainda, à sarcopenia, que é a perda de massa muscular associada à senilidade. Além disso, o processo contribui para uma série de alterações metabólicas e hidroeletrolíticas, recrutadas como mecanismo de compensação ao estresse osmótico. No entanto, ainda pouco se sabe sobre os mecanismos moleculares precisos que contribuem para a adaptação do metabolismo sistêmico e muscular à desidratação aguda. Por isso, o presente estudo objetivou avaliar os efeitos de um modelo de privação hídrica aguda (36 horas) em camundongos C57BL/6 machos. Observou-se que a desidratação culminou em perda de massa corporal, hiporexia e hiponatremia, sem alteração no hematócrito. Esses achados foram acompanhados de hipoglicemia, hipercolesterolemia, aumento na atividade dos neurônios secretores de vasopressina e ocitocina nos núcleos supraóptico e paraventricular hipotalâmicos e, ainda, redução no quociente respiratório durante o último período noturno observado, sugerindo recrutamento misto de lipídios e carboidratos para fornecimento de energia e, quiçá, água metabólica. Curiosamente, a perda de massa corporal não resultou em perda de massa nos músculos soleus e EDL, sugerindo um mecanismo de adaptação e/ou resistência à desidratação que, possivelmente, pode estar relacionado à aquaporina 4, um canal de água expresso na membrana dos miócitos. Apesar da ausência de alteração da massa, os músculos soleus mostraram menor atividade da sinalização dependente de Akt, que resultou em em maior atividade proteolítica total e proteassomal, mas independente dos marcadores de proteólise MuRF-1, p62 e LC3. Ademais, a sinalização ocitocinérgica, embora essencial em estados de desidratação, não parece ter contribuído para a manutenção da massa muscular, tendo em vista que a expressão do receptor para ocitocina e atividade da proteína quinase C, ativada por esse receptor, permaneceram constantes. Assim, o trabalho destaca as respostas adaptativas do organismo à desidratação, fornecendo uma visão panorâmica da modulação no metabolismo energético sistêmico e muscular frente a esse desafio. Os resultados contribuem para o entendimento dos mecanismos consequentes à desidratação e, assim, podem fornecer insights relevantes para a área de neuroendocrinologia.
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