Banca de QUALIFICAÇÃO: CLEIBSON AMERICO DA SILVA
15/11/2023 11:10
A tese objetiva analisar, tendo por base as obras schelerianas Do eterno no homem, O formalismo na ética e a ética material dos valores, Da reviravolta dos valores, as noções de pessoalidade e de indemonstrabilidade, destacando como ambas apresentam um Deus pessoal, capaz de relações e comunicação com o homem. Max Scheler procura identificar os principais pontos de divergência entre o Ser Supremo, tal como assimilado pelos filósofos (associado a uma ideia de perfeição absoluta, a exemplo de Descartes e Kant) e aquele da religião, o qual, sendo uma Pessoa divina, não pode ser demonstrado, mas apenas encontrado, e somente nessa forma é capaz de amar, perdoar e se relacionar. Para Scheler, o Deus-Ideia não é um Deus propriamente dito, mas apenas uma noção racional que pode até ser pensada, mas n&a tilde;o exper ienciada. A dissociação entre experiência e pensamento, no âmbito de uma filosofia da religião, faz os conceitos de pessoalidade e indemonstrabilidade divina ganharem uma relevância cogente. Contudo, algumas questões podem ressaltar dessa proeminência: sem as noções de pessoalidade e indemonstrabilidade seria possível um Deus da experiência espiritual? Por que essas noções são necessárias para diferenciar um Deus capaz de comunicar-se com o homem de um Deus-Ideia, tal como concebido pelos filósofos? E mais: as noções que o próprio Scheler constrói não o conduzem para mais uma demonstração nos moldes daquelas criticadas por ele? Para recompor a discussão em torno da reflexão scheleriana sobre a religião, a partir da problemática esboçada, primeiramente será apresentado o conceito de Deus, do modo como proposto pela filosofia moderna. Em seguida, será exposta a crítica scheleriana à ideia filosófico-moderna de Deus. Num terceiro momento serão examinadas as noções de pessoalidade e indemonstrabilidade divina, de modo a entender como ambas constituem a forma singular do ser humano poder se relacionar com a divindade. A última parte questiona se a construção teórica de Max Scheler não se tornou mais uma entre as demais que criticara.
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