Banca de QUALIFICAÇÃO: GILMA SANDRA SANTOS MACEDO
18/08/2023 16:07
A pesquisa visa apresentar aspectos relevantes da trajetória e experiência da pròpria pesquisadora enquanto mulher negra, periférica, e em atenção a suas relações com a religiosidade afrobrasileira. Ela se delinea a partir da necessidade de entender primeiro a si mesma, antes de analisar aquelas que não são eu – a pesquisadora – pois esse eu reflete as dificuldades pensadas e passadas por mulheres negras em estado de solidão e abandono. Portanto, a pesquisa pretende captar as experiências vivenciadas pela pesquisadora como membro integrante deste grupo de mulheres. Para tanto, utiliza-se da escrevivência como abordagem que favorece a contextualização crítica e analítica das memórias pessoais e familiares da pesquisadora, bem como também de momentos e percepções de de suas vivências nas esferas humanas, culturais e sociais. A escolha do objeto de estudo centrado no eu, baseia-se assim na metodologia da etnografia e no entendimento de que a vivência da pesquisadora constitui-se como próprio caso de estudo de noções como empoderamento feminino negro e da própria noção de resistência como forma de emancipação, entre a transgressão e a padilhagem. Como elementos problematizadores da pesquisa, reflete-se sobre como as feridas coloniais, ou seja, as heranças e os aprisionamentos culturais étnico-raciais, servem como primeira porta de entrada para o entendimento do condicionamento imposto à mulher negra. Ainda, sugerem que este condicionamento implica uma subalternidade que é rompida pelos cruzos propostos por divindades femininas afrodiaspórica – as Padilhas – que acentuam o empoderamento feminino. A pesquisa dialoga então com conceitos como a transgressão, proposta por Michel Foucault; o cruzo, via Luiz Rufino; as feridas coloniais, como proposto por Grada Kilomba; bem como as expressões subalternas e a noção de subalternidade expressos nas leituras e obras de Conceição de Evaristo e Maria Carolina de Jesus, respectivamente. O conceito de padilhagem, pensado por Luiz Rufino e Luiz Antonio Simas, serve por fim como agente do empoderamente e prática descondicionante na perspectiva de dar conta de um ebó epistêmico a ser despachado.
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