Banca de QUALIFICAÇÃO: ALEXANDRE FRANCISCO DE OLIVEIRA
14/08/2023 15:13
O ato de alimentar-se muito mais que nutrir o corpo, envolve elementos e associações, trocas simbólicas, rituais, saberes e fazeres, preceitos e restrições, que indicam a inserção de um grupo ou individuo em determinada sociedade. A leitura dos alimentos desvela expressões culturais, assim como as transformações no uso da terra e as diversas formas de apropriação nos territórios nas diferentes temporalidades. Outrora, alguns alimentos tradicionais apresentavam exclusivamente valor de uso, a sua elaboração constituía no aproveitamento dos recursos territoriais e estava alicerçada em rituais enlaçado pelas relações de sociabilidade. A pamonha no estado de Goiás é um alimento que dantes era elaborado predominantemente no espaço doméstico no campo e na cidade, portava valor de uso, por destinar exclusivamente ao consumo familiar em determinados períodos do ano. Na atualidade constata-se o fazer e o consumo desse alimento nas cidades de pequeno, médio e grande porte pela população e a expansão das diversas formas de comercialização no mercado local e externo. Diante da expressiva demanda dos consumidores e o espraiamento das vendas configuradas nas pamonharias, no espaço doméstico, religioso, feiras, pequenas indústrias incitou a escolha deste alimento como objeto desta investigação. Esta pesquisa tem como objetivo compreender a salvaguarda desse alimento com a patrimonialização e as diferentes formas de apropriação da pamonha, pelos grupos familiares para a reprodução social e pelo capital como nicho de mercado. Para tanto, tomou-se como recorte espacial os municípios de Goiânia, Anápolis, Pirenópolis e Jesúpolis localizados no estado de Goiás. Para a realização do estudo optou-se pelo método fenomenológico no qual olhar o objeto é entranhar-se nele, sabendo-se que os objetos estão interligados em um sistema em que um não pode se mostrar sem esconder outros. Desse modo, ao analisar o alimento faz-se necessário a aproximação dos homens e mulheres com o seu experienciar, para compreender as relações entre eles, o território a elaboração desse alimento tradicional, enraizado na identidade e memória da população. A persistência e resistência dos saberes e fazeres desse alimento nos espaços rurais e urbano, as ressignificações e a salvaguarda com a patrimonialização justificam a escolha da temática em estudo. Portanto, para além das diferentes formas de apropriação na produção, circulação e consumo faz-se necessário investigar as relações identitárias dos consumidores com esse alimento nos pequenos e médios municípios e na metrópole Goiânia.
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