Banca de QUALIFICAÇÃO: MARIA DE LOURDES BARROS AVELINO
30/05/2023 14:49
O trabalho teve como objetivo analisar a prevalência da tuberculose na população em situação de rua em Aracaju entre os anos 2019 a 2022, a partir de levantamento realizado em sítios institucionais. A pesquisa se pautou pelo método Materialista Histórico-dialético, em virtude da possibilidade de apreensão crítica dos fenômenos da realidade, e se consistiu em estudo de caráter exploratório, com base em dados tanto qualitativos quanto quantitativos. No tocante aos procedimentos de pesquisa, se realizou revisão de literatura sobre as temáticas abordadas e levantamento de dados através de pesquisa documental nos sítios do Ministério da Saúde, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), e da Secretária de Saúde de Aracaju. Assim, o estudo se propôs a traçar panorama acerca da configuração da Política Social na sociedade capitalista e seus rebatimentos para os segmentos mais vulneráveis; descrever o perfil sociodemográfico das pessoas em situação de rua de Aracaju, com base nas variáveis de idade, gênero, classe social, escolaridade e raça; e verificar a relação entre a prevalência dos casos de Tuberculose na população em situação de rua de Aracaju e o contexto de restrição de direitos no qual se encontra submetida, comparando com a ocorrência geral de casos da doença no município. Em linhas gerais, os resultados preliminares coletados demonstraram que Aracaju registrou no SINAN, o total de 2081 casos confirmados de Tuberculose (528 diagnósticos em 2019, 490 em 2020, 480 em 2021 e 583 no ano de 2022), desses casos há 88 pessoas com marcação em situação de rua (26 casos em 2019, 15 em 2020, 18 em 2021 e 29 em 2022) e 31 sinalizados como situação ignorada/branco. Do número geral de pessoas em situação de rua com tuberculose, observa-se que 82,95% são pretas/pardas e 4,54% brancas, 85,22% são do sexo masculino e faixa etária predominante de 25 a 44 anos (59%) e 45 a 64 anos (32%), predominando novos casos (53%) e reingressos após abandono de tratamento (34%) e 98% do tipo pulmonar, alto índice de alcoolistas (73,8%), de tabagistas (67%) e usuários de drogas ilícitas (65,9%), sendo a porcentagem de encerramento por cura (27,2%) pouco significativa em relação ao abandono do tratamento (25%). Esses dados ilustram o perfil sociodemográfico das pessoas em situação de rua com tuberculose possui predominância em homens negros e altos percentuais de reingresso e recidiva após abandono do tratamento, resultando nos piores desfechos possíveis para o cuidado em saúde desses usuários. Foi possível ainda confirmar a hipótese que o índice de cura contra a tuberculose nas pessoas em situação de rua é reduzido em comparação a população em geral que apresenta a doença, considerando que as expressões da questão social – exclusão, pobreza, invisibilidade, desigualdade, preconceito e violência – vivenciadas pelas pessoas em situação de rua, intensificam sua condição de vulnerabilidade a tuberculose. Por fim, considera-se que são necessárias pesquisas para fundamentar e ampliar as discussões sobre tuberculose e as pessoas em situação de rua, dando visibilidade ao problema de saúde pública e subsidiando decisões para implementação de políticas sociais pelos gestores. Ainda precisam ser avaliadas as condições que têm se formado no Brasil e os impactos na saúde de modo geral e em específico quanto à tuberculose, visto o aumento significativo nos últimos anos.
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