Banca de QUALIFICAÇÃO: MARY NADJA ARAGAO OLIVEIRA
02/02/2023 09:12
A Organização Mundial de Saúde – OMS define violência contra a pessoa idosa como um ato único ou repetitivo ou mesmo a omissão, o qual pode ser tanto intencional como involuntária, que cause dano, sofrimento ou angústia. A mesma pode ser praticada de forma interna ou externa ao ambiente doméstico, por algum membro da família ou ainda por pessoas que exerçam uma relação sobre ela. Negligência refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A pesquisa foi quali-quantitativa descritiva, com o objetivo geral: Analisar os casos de negligência/abandono às pessoas idosas no município de Aracaju (SE), no período de 2018 a 2021. O universo foi composto pelos casos notificados no Sistema de Informação de Agravos Notificados (SINAN) do Ministério da Saúde (MS). Obteve-se como resultados preliminares: registro de 278 casos de violência em pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, no período estudado. Os principais tipos foram: negligência/abandono (48,2%), física (26,6%) psicológica/moral (10,4%), financeira (8,1%), sexual (0,7%) e outros tipos de violência (5,7%). Os resultados revelaram a notificação de 125 casos de negligência/abandono à pessoa idosa em Aracaju/SE, evidenciada principalmente contra as mulheres. Os principais agressores foram: filhos (68%), irmãos(ãs) (14,4%), cônjuges (8%), outros (15,2%), cuidadores (2,4%) e desconhecidos (1,6%). Destaca-se a violência repetida em 61,6% e a lesão autoprovocada em 1,6%. Em sua maioria, os casos ocorreram na própria residência (95,2%) e comércio/serviços (2,4%). Considerações: Observou-se uma redução das notificações de violência contra a pessoa idosa no município, no período analisado. É necessário considerar que a violência intrafamiliar e os maus-tratos, precisam ser analisados no contexto da violência social/estrutural aos quais os idosos estão inseridos. E, é fundamental analisar as mudanças dos arranjos familiares e o papel da mulher, vista como principal e/ou exclusiva pessoa voltada aos cuidados. Os profissionais de saúde precisam ter capacitação permanente para reconhecer e denunciar as situações de violência. A violência é um problema de saúde pública e sua notificação permite encaminhar a vítima aos órgãos competentes, para garantir a proteção, o rompimento do ciclo de violência, assegurar seus direitos à vida, saúde e bem-estar assim como a elaboração de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde para essa população. É essencial a revisão dos compromissos com o bem-estar dessa população, tanto em relação ao Estado, como também da sociedade e da família de maneira que sejam garantidos os cuidados necessários para a preservação da saúde desse contingente populacional.
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