Banca de DEFESA: LUZIA MARIA DE SOUSA CARVALHO
21/12/2022 18:09
A presente tese visou a recuperação e sistematização dos dados sobre a identificação da paleodieta de populações pré-coloniais que habitaram o Nordeste do Brasil, na busca de compreender as práticas bioculturais em torno do manejo de vegetais, práticas de agricultura, conhecimento do mundo das plantas nativas e a finalidade atribuída a esses vegetais, desde recursos alimentícios até medicinais ou ritualísticos. Além disso, o consumo de proteína animal, e consequentemente os modos de vida dessas populações através da alimentação. A pesquisa foi realizada através de métodos e técnicas de análises e recuperação de microvestígios de plantas superiores: grãos de amido, presentes e recuperados em amostras de cálculos dentários, assim como a identificação de razões de isótopos estáveis de carbono (δ13C) e nitrogênio (δ15N) em amostras de remanescentes humanos, tais como: ossos e dentes, pertencentes aos sepultamentos do Sítio Arqueológico Furna do Estrago/PE, Sítio Arqueológico Barra/PB correlacionado com o Sítio Arqueológico Toca da Baixa dos Caboclos/PI, observando os diferentes aspectos de recursos disponíveis e manejo de plantas numa escala espaço-temporal ao longo de milhares de anos. As análises de microvestígios vegetais evidenciaram um intenso e diversificado uso de plantas para fins alimentícios, farmacológicos, aromáticos e ritualísticos. Dentre as quais foi possível identificar as famílias (Convolvulaceae, Anacardiaceae, Poaceae, Euphorbiaceae) e espécies botânicas (Ipomoea batatas, Capsicum sp., Astronium fraxinifolium, Zea mays, Manihot esculenta), dentre outras. Tais dados foram compilados e confirmados pelos métodos de isótopos estáveis de carbono (δ13C), identificados através de fragmentos de ossos e dentes, que evidenciaram a ingestão de plantas C3, como milho e outras gramíneas cultivadas, e plantas C4, como mandioca, batata-doce e outros tubérculos, e através do nitrogênio (δ15N) identificou-se a ingestão de proteína animal de alto nível trófico na cadeia alimentar. Estes dados contribuem no entendimento das práticas domésticas e funerárias, corroborando na hipótese do sedentarismo por parte dessas populações estudadas. Dessa forma, preenchendo um pouco de informações sobre o pretérito em que viviam essas populações e os meios de subsistência comuns entre diferentes grupos que habitaram o sertão nordestino em tempos passados. Adquirindo ainda, dados sobre o contexto ambiental de vegetação em que habitavam e manejavam os vegetais, adquirindo assim, valiosas informações sobre o estudo de paleodieta dessas populações associadas aos modos de vida em contexto de ocupações sedentárias, domesticação de plantas e padrões alimentares em contexto regional.
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