Banca de DEFESA: BARBARA SANTANA RIBEIRO
18/11/2022 07:00
O racismo é um fenômeno social que atravessa as relações humanas emdiferentes ambientes e fases da vida, orientando sentimentos, crenças ecomportamentos negativos em relação a alguns grupos e positivos em relação aoutros, num processo de hierarquização e exclusão. Em sociedades racistas, osindivíduos se envolvem em um tipo de socialização, a qual a literatura nomeia comosocialização étnico-racial, que diz respeito a comunicação de crenças, concepções emodos de entender o que são os grupos raciais, por meio de mensagens verbais enão verbais, explícitas e implícitas. Diferentes categorias de socialização sãoidentificadas, as quais têm diversas motivações e implicações, atuando sobre asposturas que sujeitos socializados adotam em relação ao racismo, sendo engajadosna luta antirracista ou silenciando em relação às questões étnico-raciais. Dentre ascategorias de socialização, encontra-se o “silêncio”, que é entendido como a práticade evitar qualquer menção à raça e ao racismo nas discussões com as crianças ejovens. Estudos na área de socialização étnico-racial e do antirracismo mostram quea negação desse fenômeno produz silenciamento e, consequentemente, baixoengajamento em ações antirracistas. Nesse sentido, o presente trabalho propôsanalisar a socialização étnico-racial em jovens universitários e sua relação composturas de silenciamento ou engajamento em ações antirracistas. Para isso, foramrealizados dois estudos empíricos. O primeiro teve como objetivo realizar aadaptação e validação da Escala de Ação Anti-Racismo (Anti-Racism Action Scale -ARAS) ao contexto brasileiro. O estudo demonstrou que a escala possuiadequabilidade ao contexto brasileiro. O segundo estudo tomou como foco asocialização e sua relação com o antirracismo, considerando o silêncio como umfator relacionado. Foi possível perceber que os sujeitos receberam pouca
socialização em todos os contextos investigados, bem como engajaram-setimidamente em ações antirracistas, sobretudo naquelas que ultrapassam o nívelinterpessoal. Ao considerar o silêncio, notou-se que este relaciona-se com a baixamobilização antirracista dos indivíduos. De maneira geral, a dissertação aponta paraa necessidade de fortalecer a socialização étnico-racial, sobretudo no que dizrespeito à promoção de consciência sobre raça e racismo e fortalecimento deposturas antirracistas.
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