Banca de DEFESA: ONESINO ELIAS MIRANDA NETO
21/08/2022 18:26
A formação de Cineclubes é uma prática de encontros de pessoas que têm em comum o apreço pela exibição de filmes. No Brasil, diversos encontros foram importantes tanto no fomento das obras fílmicas como na construção de uma cultura de Cinema. Ao longo do século XX, período de desenvolvimento do cinema como técnica e como arte, também de desenvolvimento de um público espectador que mediava suas leituras do mundo pelo cinema, os cineclubes foram espaços fecundos de problematização e reflexão sobre a realidade social brasileira. Pouco se escreveu sobre os cineclubes em Sergipe, principalmente, tendo em vista a relação de memória e história e um resgate da participação dos integrantes, como eles tinham acesso aos filmes, como estas obras vinham a Sergipe, quais as dificuldades que os membros do Clube de Cinema de Sergipe (CCS) enfrentaram durante a transição da democracia dos governos da República Populista da década de 1960 para o regime militar de 1964 até o início da década de 1970. O objetivo central desta pesquisa perpassa por compreender a trajetória do CCS diante do resgate da memória e da sua construção civilizatória. Nesse sentido, buscamos entender o cinema como emblema da modernidade, identificar o papel da arte cinematográfica em Sergipe entre a civilização e a barbárie e visualizar as práticas culturais de resistência civilizatória através dos narradores do CCS, principalmente a partir dos testemunhos memorialísticos de seus integrantes. O Clube de Cinema de Sergipe surge como um agente civilizador da sociedade sergipana, em especial, aracajuana, desde seu próprio funcionamento como uma reunião de pessoas com um objetivo comum que seria assistir às exibições fílmicas e um local de suma importância para a vivência do debate sobre a arte cinematográfica. Desde o CICLA – Cine Clube de Aracaju, passando pelo Departamento de Cinema da SCAS – Sociedade de Cultura Artística de Sergipe que se via o interesse corriqueiro em não apenas sentar-se e visualizar obras, mas, dividir pensamentos e experiências com os demais usuários destes locais. Com o golpe de 1964, mesmo ainda em terras aracajuanas, não se tendo uma forte repressão aos cinéfilos nos primeiros 3 anos do governo ditatorial civil-militar, o Clube de Cinema de Sergipe era o “sopro” de resistência e de construção civilizatória para seus integrantes.
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