Banca de DEFESA: IRIZ HIROOKA LIMA
27/07/2022 08:57
Desde milhares de anos atrás, seres humanos têm demonstrado uma forte e recíproca relação com os mais variados espécimes de canídeos. Entre ferozes lobos (Canis lupus Linnaeus, 1758) e demais canídeos silvestres, como as raposas (Lycalopex spp.), os chacales (Canis aureus Linnaeus, 1758), os coiotes (Canis latrans Say, 1823), os canídeos sul-americanos como, o cachorro do mato (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766), o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus Illiger, 1815) e até mesmo os extintos canídeos (Canis dirus Leidy, 1858), (Canis nehringi Ameghino, 1902) e (Dusicyon avus Burmeister, 1866), a relação interespecífica de caráter simbiótico, fortificado pelas intensas relações de caráter econômico, social, mitológico e acima de tudo afetivo, foram capaz de tornar o famigerado cão doméstico (Canis lupus familiaris Linnaeus, 1758) além de primeiro animal a ser domesticado, o mais vastamente distribuído pelo planeta, antes mesmo das longas embarcações do século XV. A diferenciação morfológica entre os protocães, os cães Paleolíticos, os lobos do Pleistoceno e os cães modernos, juntamente com a avaliação das principais variáveis comparativas, e os recentes dados moleculares, foram capazes de nortear os estudos sobre a provável origem geográfica e temporal deste espécime, vistas no decorrer do primeiro capítulo. A dispersão desses animais pelo Continente Américano, através das ondas de migrações demográficas que ocorreram através do estreito de Bering, entre 16.000 e 11.500 anos BP, abordadas no capítulo seguinte, inclui os primeiros vestígios zooarqueológicos de cães pré-contato descobertos no hemisfério Norte que datam entre 10.000 e 9.000 anos BP, já na Mesoamérica não superam os 5.000 anos BP de antiguidade e na América do Sul os primeiros registros de cães não tardam 3.000 anos BP, demonstrando uma chegada relativamente tardia, nas Terras Baixas. Passa-se então a avaliar o que ocorre em algumas regiões Sul-Americanas, como na Amazônia e na grande parte do Brasil, incluindo o Brasil Central, território tradicional dos Boe-Bororo, onde não se detêm achados zooarqueológicos de cães pré-colombianos, todavia, se sobressaem abundantes informações etnohistóricas e linguísticas que sugerem uma presença remota para região. Nesse sentido, o trabalho submerge na mitologia Boe-Bororo e nas práticas culturais que se relacionam e referenciam os cães, por eles denominados segundo a língua boe wadáru, como arigáo e a importância sociocosmológica que esses animais desempenharam na vida desses ameríndios do Centro Geodésico da América do Sul.
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