Banca de QUALIFICAÇÃO: VALÉRIA MARIA AZEVEDO GUIMARÃES
18/07/2022 14:35
As pessoas surdas estão propícias a distintos riscos psicossociais durante o seu processo de desenvolvimento. A literatura aponta para a inconsistências das taxas de prevalência de transtornos mentais em pessoas surdas. Além disso, as pesquisas em saúde mental na população surda se baseiam nos cuidados ofertados com a comunidade ouvinte e estão 40 anos atrás quando comparadas a população em geral. Um dos motivos desse atraso é que nesses últimos anos os estudos tiveram como foco de refletir acerca das pesquisas mais antigas, realizadas por estudiosos que compreendiam a surdez como uma patologia antes do reconhecimento das Línguas de Sinais como formais. Além disso, é notória a carência de pesquisas brasileiras que abordem a ansiedade e a saúde mental da população surda. Dentre a diversidade de temáticas relacionadas a saúde mental em pessoas surdas e com deficiência auditiva, a ansiedade com esse público vem sendo estudada na área cientifica internacional. A ansiedade é uma emoção que faz parte da condição humana. Ela orienta o sujeito para o futuro (antecipação de uma ameaça futura), o prepara para lutar ou fugir de uma ameaça e perigo, e essa autoproteção envolve respostas fisiológicas (considerada uma resposta natural do organismo), comportamentais, afetivas e cognitivas. Por conta disso, cientistas, profissionais da saúde, filósofos, por exemplo, buscam compreender a ansiedade e elaboram intervenções que possam ser efetivas no tratamento da mesma. Dentre as abordagens terapêuticas existentes na área da psicologia, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), por meio de pesquisas e práticas clínicas é uma das abordagens que demonstra eficácia na redução de sintomas e taxas de recorrência associada ou não ao uso de medicação, em uma diversidade de transtornos mentais, inclusive no tratamento dos de ansiedade. Embora exista lacunas nos estudos com pessoas surdas e com deficiência auditiva, cabe destacar pesquisas das Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCCs) com este público alvo, nos diferentes períodos e modelos de intervenção, que circundam essa abordagem. Dito isso, percebe-se que as práticas baseadas em mindfulness (atenção plena) tiveram resultados significativos na saúde mental em pessoas surdas. Durante as intervenções e tratamento psicológico com pessoas surdas ou com deficiência auditiva se faz necessário a adaptação das técnicas e instrumentos para a cultura surda. Tendo em vista os impactos causados do processo histórico na população surda, a necessidade de profissionais da saúde que atendam os surdos, as dificuldades comunicacionais existentes nos serviços de saúde, o interesse da Terapia Cognitivo-Comportamental com os surdos e pessoas com deficiência auditiva e os benefícios das intervenções em mindfulnesss e autocompaixão com os surdos, que esta tese possui os seguintes objetivos: 1) reunir conteúdos sobre o processo histórico da construção social da surdez e a inserção da psicologia; a comunidade surda e a Terapia Cognitivo-Comportamental e surdez; 2) realizar uma revisão de escopo referente a estudos das Terapias Cognitivo-Comportamentais, acerca da comunidade surda e deficiente auditiva. 3) realizar uma revisão de escopo para compreender como as pessoas surdas ou com deficiência auditiva são abordadas pelas temáticas da atenção plena e autocompaixão nos achados científicos; 4) verificar como os surdos percebem a ansiedade, os sintomas de ansiedade e quais são as suas estratégias de manejo sob a ótica da Terapia Cognitivo-Comportamental; 5) avaliar a efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo e da prática de atenção plena e de autocompaixão para pessoas surdas com sintomas de ansiedade e 6) elaborar um baralho educativo acerca da identificação dos sintomas fisiológicos, emoções e comportamentos, para servir de apoio para o atendimento psicoterápico por profissionais que atuam com surdos e pessoas com deficiência auditiva. Para cumprir com estes objetivos, esta tese está dividida em seis capítulos, distribuídos em duas seções, sendo três capítulos teóricos e três capítulos empíricos. Na primeira sessão os capítulos teóricos descrevem: o percurso da surdez com a psicologia e em específico com a abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental; estudos da surdez e deficiência auditiva nas Terapias Cognitivo-Comportamentais e conteúdos voltados para atenção plena, autocompaixão e surdez. Na segunda seção os artigos empíricos buscam investigar a ansiedade, os sintomas de ansiedade e quais as suas estratégias de manejo sob a ótica da Terapia Cognitivo-Comportamental; a efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo e da prática de atenção plena e de autocompaixão para pessoas surdas com sintomas de ansiedade e elaborar um baralho educativo acerca da identificação dos sintomas fisiológicos, emoções e comportamentos, para servir de apoio para o atendimento psicoterápico por profissionais que atuam com surdos e pessoas com deficiência auditiva.
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação/UFS | Telefonista/UFS (79)3194-6600 | Copyright © 2009-2024 - UFRN v3.5.16 -r19150-8b2e1ce06f