Banca de QUALIFICAÇÃO: MARA IRIS BARRETO LIMA
01/07/2022 11:17
No movimento histórico, a ruptura entre a classe trabalhadora das condições de trabalho lançou as bases da exploração e da apropriação capitalista. Essa transformação configurou a divisão entre proprietários de mercadorias: de um lado, a classe capitalista proprietária dos meios de produção e de força de trabalho, e do outro lado, a classe trabalhadora, proprietária apenas de sua força de trabalho passível de compra e venda. A existência dessa base acentuou a violência do capital, enquanto parasita que se instituiu na destituição dos trabalhadores de sua produção autônoma resultando em sua captura para a realização da acumulação do lucro. Em seus meandros, a condição de dependência às exigências do capital impôs novas formas de subordinação e exploração. No campo, em grande medida, o campesinato notadamente foi compelido a mergulhar na produção de mercadorias (a partir da competição circunscrita no mercado capitalista). Neste sentido, se de um lado há uma crescente demanda na produção para o mercado, do outro se encontra no bojo de uma realidade de sujeição dessa classe social ao capital, aguçando as concentrações de terra, a desigualdade de distribuição de renda e a necessidade da luta enquanto meio de resistência. A aceitação desse fundamento se constituiu central na análise do espaço agrário sergipano, visto que as contradições na reprodução social do campesinato do estado ao longo do tempo estão assentadas nessas bases. Apreende-se no campo sergipano, a subordinação dos trabalhadores camponeses na produção de alimentos, atrelada ao fracionamento da terra enquanto expressão da concentração fundiária e do mercado capitalista de terras. Diante deste processo em curso, a produção de batata-doce se insere nessa dinâmica de dependência ao mercado, assim como vem se tornando uma mercadoria “rentável” e expressão de monopolização e territorialização do capital no Agreste Sergipano. Desse modo, a pesquisa buscou analisar, no contexto de expansão do capitalismo no campo sergipano, a monopolização do território pela batata-doce nos municípios de Moita Bonita e Itabaiana, considerando as estratégias de subordinação do campesinato ao mercado. Contudo, a realidade, sob o crivo da teoria crítica e cuja leitura parte da dialética, permite entender o espaço agrário como simulacro das relações capitalistas de produção e das relações camponesas de produção, em que pese a luta dos trabalhadores do/no campo. O movimento da contradição cria e reproduz diferentes determinações territoriais e o capital, portanto, tenta avançar as relações de poder de forma desigual e articulada, como um germe que nega a condição histórica da classe camponesa.
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