Banca de DEFESA: ALAN DANTAS CARDOSO
19/05/2022 10:43
O Alvo Mandacarú (Irauçuba-CE) está inserido na Província Fósforo-Uranífera do Centro-Norte do Ceará, em conjunto com as ocorrências Serrotes Baixos, Taperuaba e a importante jazida Itataia. As rochas estudadas estão localizadas no Domínio Ceará Central, na Subprovíncia Norte da Província Borborema, formada como resultado da convergência e colisão dos crátons Amazônico, São Luís-Oeste África e São Francisco-Congo, durante a Orogenia Brasilina/Pan-Africana, formadora do Gondwana Oeste. O trabalho tem como objetivo fazer uma caracterização estrutural, mineralógica e química das rochas testemunhadas de furos de sondagem, buscando entender os processos geológicos aos quais as rochas foram submetidas, além de classificar e quantificar a mineralização de fósforo e urânio presente. As etapas de trabalho consistiram em um levantamento bibliográfico, seguido de descrições macroscópicas, que buscaram identificar os diferentes grupos de materiais existentes na região, dividindo-os em sete grupos: (1) paragnaisses, (2) mármores impuros, (3) quartzitos (4) cataclasitos/brechas; (5) hidrotermalitos; (6) colofanitos e (7) cobertura de solo e saprolito com quartzo leitoso. O estudo petrográfico identificou que as rochas exibem metamorfismo na fácies anfibolito superior, marcado pela presença de biotita, granada e feldspato alcalino. Fica evidente o processo de retrometamorfismo e metassomatismo sódico, evidenciados pela cloritização de biotita, albitização dos feldspatos, riebeckitização dos anfibólios e hematitização, além de posterior sericitização e saussoritização da albita. O estudo geoquímico identificou 35 zonas mineralizadas, com espessura variando entre 60cm e 18m, com valores de P2O5 e U chegando a 15,11% e 8380,39 ppm respectivamente. Destacam-se zonas com espessura superior a 10 metros e teor de P2O5 e U superior ou próximo a 10% e 1000 ppm respectivamente. A química mineral evidenciou que o colofano, mineral minério das rochas estudadas, quimicamente trata-se de flúor-apatita de natureza amorfa, com conteúdo de P2O5, CaO e F variando de 36,46 a 42,18%, 50,56 a 56,69%, 1,23 a 2,22% respectivamente. Foi identificado um mineral de SiO2 e UO3 que variam de 13,90 a 26,49% e 55,12 a 77,47 % respectivamente. Acredita-se tratar de coffinita, entretanto é necessária utilização de outra técnica mais adequada para a identificação e classificação. A modelagem geológica/geoquímica mostrou que a área estudada possui 67,08% de material considerado estéril e 32,92% de material mineralizado para fósforo, com teor superior a 4%. No que diz respeito ao volume, 90,88% são compostos por rochas estéreis, enquanto 9,12% é composto por rochas mineralizadas. As mineralizações se encontram geograficamente concentradas, além de estarem dispostas próximas das superfícies, o que são pontos positivos para uma possível abertura de mina a céu aberto. As rochas do Alvo Mandacarú possuem semelhanças com as rochas do Depósito Itataia, visto que ambas estão situadas num contexto geológico/geográfico similar, onde em ambos a mineralização está vinculada a albitização (metassomatismo sódico), ligados a fluidos hidrotérmicos. Entretanto, maiores conteúdos de P2O5 e U em Itataia podem ser explicados por melhores condições estruturais para concentração do minério, além de uma possível baixa efetividade de algumas das fases mineralizantes no alvo Mandacarú. Novos trabalhos de química mineral, inclusões fluidas e geoquímica isotópica são recomendados, visando melhorar o entendimento dos processos e das disparidades das mineralizações entre os depósitos.
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