Banca de DEFESA: BRUNO LUÍZ LEITE MARTINS
19/02/2022 06:55
O Sistema Orogênico Sergipano contém, em sua porção setentrional, uma intrusão de composição gabroica, denominada por Complexo Gabroico Canindé (CGC). O CGC é composto por variadas fácies que vão desde termos ultramáficos até termos máficos. Para além do grande interesse desta intrusão do ponto de vista petrológico e geotectônico ela contém mineralizações de Fe-Ti e Cu-Ni, inicialmente descobertas em 1979. O foco do presente estudo são as mineralizações de Fe-Ti e sua relação genética com as rochas do CGC. Realizaram-se trabalhos de campo, petrográficos e de química mineral que abordaram tanto as rochas gabroicas quanto as mineralizações de Fe-Ti, a fim de se determinarem as suas condições de formação. Constatou-se que essas mineralizações ocorrem em campo sob 3 formas distintas: (i) Mineralizações maciças em blocos dispersos; (ii) Mineralizações maciças e reentrantes em rochas pertencentes ao Unidade Novo Gosto-Mulungu (UNGM); (iii) Mineralizações disseminadas em rochas do CGC. Trabalhos de campo revelaram que os locais de ocorrência são maiores do que os descritos em trabalhos anteriores, com posições preferenciais na interface entre o CGC e a Unidade Novo Gosto-Mulungu. Através de petrografia e análises por microscopia eletrônica de varredura determinou-se que esses três tipos de ocorrência de campo, correspondem respectivamente à: (i) e (ii) denominadas de magnetita cumulato e de hematita-ilmenita-magnetita-espinélio cumulato, os minerais de óxidos de Fe-Ti (magnetita, ilmenita e hematita) preenchem proporções iguais ou superiores a 45%, com minerais da série dos Al-espinélio e coríndon preenchendo a proporção restante; relativo a ocorrência (iii) encontra-se disseminada na fácies magnetita hornblenda diorito, formando pequenos aglomerados dispersos em toda a amostra, com proporções inferiores a 10%, representado por magnetita e ilmenita. Após estudo petrográfico e textural das mineralizações, pode-se constatar que estas passaram por um histórico complexo de gênese e resfriamento, do qual buscamos reconstituir os estágios de decomposição da solução sólida original, resultando no desenvolvimento de uma variedade de texturas formadas por exsoluções de ilmenita e Al-espinélio em cristais de Ti-magnetita. Estas foram usadas como guias para explicar a história de formação e resfriamento das mineralizações. Nossa investigação revela que a solução sólida original foi enriquecida em Ti-Al-Fe-Mg e que resultou, à medida que se prosseguiu o resfriamento, em exsoluções de ilmenita do tipo treliça e sanduiche, atribuídas à oxidação do ulvoespinélio em temperaturas acima do solvus da magnetita-ulvoespinélio. Também ocorrem exsoluções em lamelas de hercinita acicular em cristais de Ti-magnetita e pequenos agregados de cristais da série dos Al-espinélios. Posteriormente ocorre a formação de coríndon, devido à oxidação de cristais de Al-espinélios. Constatou-se que tais processos de formação são similares aos observados e descritos nas mineralizações de Fe-Ti do Complexo de Lac Doré (Canadá). No estudo de química mineral obtiveram-se as análises por MEV-EDS dos minerais essenciais, plagioclásio, piroxênio, biotita e anfibólio. Os teores de Anortita do plagioclásio variam de albita até oligoclásio. Os minerais do grupo das micas correspondem a biotita e flogopita. Os minerais do grupo do piroxênio foram classificados como clinoenstatita, enstatita, diopsídio e augita. As composições do anfibólio possuem grandes variações químicas que os define como pertencentes aos grupos do anfibólio Cálcico, e eles foram classificados como actinolita, kaersutita, Mg-hastingsita, tchermakita e Fe-hornblenda. As mineralizações de Fe-Ti do CGC são fruto de processo magmáticos de cristalização fracionada que deu origem ao CGC, ocorrendo de forma posterior a formação da fácies magnetita hornblenda diorito. Em episódios posteriores, envolvendo processos de filter pressing, ocorreu a formação da mineralização penetrativa de Fe-Ti, em rochas metassedimentares pertencentes à UNGM.
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação/UFS | Telefonista/UFS (79)3194-6600 | Copyright © 2009-2024 - UFRN v3.5.16 -r19032-7126ccb4cf