Banca de DEFESA: JOSÉ DANILO SANTANA SILVA
10/02/2022 16:25
A inauguração histórica de período permanente de crise no sistema do capital marca uma catastrófica mudança no ritmo de acumulação. O processo de crise em seu atual estágio não representa mais um período de ajustes inerentes e necessários ao próprio sistema, no último meio século foram ativados os limites absolutos do capital de forma que todas as crises estão ancoradas numa única crise de caráter estrutural e que põe em xeque as bases que sustenta o sistema. A crise estrutural não pode ser mais ignorada, apesar de ser politicamente, economicamente, ideologicamente ou estrategicamente subdimensionada. Atualmente na Geografia, no que pese sua diversidade de abordagens e metodologias, a crise ora é internalizada como parte da sua própria constituição enquanto ciência, ora como caminho a ser superado pelo planejamento ambiental e o reordenamento territorial, ou se torna um processo desprezado face o carisma pelo culturalismo e as pautas estritamente identitárias. Por diferentes caminhos, a Geografia atua na dissimulação da crise estrutural. A economia financeirizada e em constante crise tem promovido alterações substanciais na desregulamentação das economias nacionais, impondo severas políticas de austeridade para os trabalhadores, afiançando - através do Estado - a precarização e superexploração da força de trabalho, solapamento as políticas sociais e acelerada degradação da natureza em várias partes do mundo. No Brasil, a financeirização da economia avançou também sobre o campo e encontrou no agronegócio uma forma de lucrar através do processo especulativo. Foi no curso da Revolução Verde que a agricultura financeirizada irá se desenvolver com base na tríade Estado-capital-mercado, adotando pacotes tecnológicos que gradativamente tornaram a produção do campo dependente e subordinada aos monopólios mundiais. O trator e o uso de fertilizantes NPK iniciaram esse processo que hoje tem como base o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas. No mesmo lado da moeda, a máxima especulação financeira no mercado de commodities, bolsas de mercadorias e de futuro, fundos de renda fixa das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e das CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e Fundos de Investimento para o Agronegócio. Em nossa tese entendemos que a estratégia do capital em garantir o controle direto ou indireto da produção está alicerçado na verdadeira natureza do agronegócio que é o processo especulativo e não a produção em si. Paradoxalmente, decorre daí a incansável preocupação do agronegócio em propagandear a exaustão que é produtivo, o “Agro é Tudo”. O real processo de lucro do agronegócio não está preocupado com seu caráter destrutivo uma vez que a fluidez da especulação possibilita um rápido deslocamento dos investimentos para qualquer parte do mundo. O modelo do agronegócio é o resultado da universalização da barbárie promovido pela crise estrutural do capital: destruindo a natureza, violentando a força de trabalho e especulando todas as esferas da vida no planeta até o máximo esgotamento.
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