Banca de DEFESA: MARIANA ANDRADE OLIVEIRA DE CARVALHO
09/02/2022 09:41
Tanaidacea é uma ordem de Crustacea que habita sedimentos superficiais e faz parte da macrofauna bêntica. Ocorre em todos os ambientes marinhos, desde regiões intertidais até abissais. São abundantes em regiões profundas e pouco estudados em cânions submarinos havendo apenas trabalhos de descrição de espécies nessa região. Assim, o presente trabalho teve como objetivo contribuir para a ampliação do conhecimento dos tanaidáceos, verificando como essa comunidade está estruturada nos cânions São Francisco (SF) e Japaratuba (JP), na costa de Sergipe, Brasil. As coletas foram realizadas em duas campanhas em 2013, em triplicata, com auxílio de Box Corer, em 6 estações de coleta por cânion, em isóbatas que variaram entre 400 e 3000 m de profundidade, provenientes do Projeto MARSEAL. Foram utilizados nove gabaritos de 10x 10cm por réplica, com área total de 0.09 m 2 . Em laboratório o material foi lavado sobre peneiras de 300 μm e o sedimento retido nas peneiras foi triado. Os tanaidáceos foram morfotipados até o menor nível taxonômico possível. Foi identificado um total de 3498 indivíduos, distribuídos em 14 famílias e 147 morfo-espécies. Dentre estas, 145 são novas espécies para a ciência e 34 gêneros são novas ocorrências para o Brasil. Das 147 espécies, 123 ocorreram no cânion JP e 67 no SF, sendo apenas 43 comuns aos dois cânions. Typhlotanaidae apresentou o maior número de espécies, porém Tanaellidae obteve a maior densidade. A densidade geral variou de 11.11 a 2900 ind./0.09m 2 com média de 547.41 ± 542.58 ind./0.09 m 2 . Todos os índices ecológicos (densidade, riqueza, diversidade e equitatividade) foram maiores no cânion de JP, porém apenas riqueza foi significativamente diferente entre os cânions. As maiores densidades ocorreram nas profundidades intermediárias e decresceram em isóbatas mais profundas. A composição de espécies entre os cânions e entre as profundidades foi significativamente distinta. A diversidade beta foi elevada, sendo a substituição de espécies o principal mecanismo ecológico atuante na área. Análises de regressão múltipla verificaram que carbonato (Carb), tamanho médio de grão (Phi), salinidade (Sal), oxigênio dissolvido (DO) e grau de seleção do sedimento (SD) foram os fatores ambientais com maior influência na densidade de tanaidáceos. A diversidade foi correlacionada com temperatura da água (T) e Phi nos cânions JP e SF, com uma relação negativa de T em ambos os cânions. No entanto, Phi apresentou uma relação positiva com a diversidade no cânion JP e negativa no SF. A equitatividade dos tanaidáceos foi relacionada com Phi e fósforo orgânico em JP e em SF, com SD, DO, T e Phi. A riqueza sofreu influencia de diferentes variáveis nos cânions JP e SF. No primeiro, SD, DO e Sal foram relacionados negativamente com a riqueza, enquanto Carb foi relacionado positivamente. No segundo, a riqueza foi correlacionada negativamente com silte fino (TS) e T, enquanto Phi e argila muito fina (VFC) mostraram o padrão oposto. As variáveis ambientais que influenciaram as espécies de tanaidáceos nos cânions foram diferentes. No cânion JP, Phi e VFC foram os principais fatores ambientais estruturantes desta assembleia, enquanto que no SF, T e Sal apresentaram maior influência nas espécies de tanaidáceos. Não foi encontrada nenhuma relação entre a alta diversidade beta de tanaidáceos com uma maior heterogeneidade de habitat. O presente trabalho é o primeiro estudo ecológico e de estrutura da comunidade de tanaidáceos em cânions submarinos no Brasil e no mundo, ampliando o conhecimento de como esse grupo é influenciado por variáveis ambientais em águas profundas.
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