Banca de QUALIFICAÇÃO: CÍCERO BEZERRA DA SILVA
12/01/2022 16:16
A compreensão das permanências socioculturais nas espacialidades ribeirinhas do baixo rio São Francisco requer um conjunto de reflexões acerca das transformações ambientais e, também, das estruturas sociais, econômicas e culturais hodiernas. Particularmente, a racionalidade que direcionou a configuração sociocultural em tais espacialidades está associada ao contexto histórico-geográfico da ocupação e aos mais recentes processos de produção do espaço associados à ideia da “modernidade” e do “desenvolvimento” observada, de modo mais específico, após a primeira metade do século XX. Mediante isso, e considerando o princípio norteador das coexistências espaço-temporais, enuncia-se como objetivo principal da pesquisa de doutoramento analisar as temporalidades das configurações socioculturais nas espacialidades ribeirinhas no baixo rio São Francisco pelas tessituras emergentes do vivido. Teoricamente, ao considerar a natureza dos objetivos, a tese está sendo fundamentada nos pressupostos da renovação da Geografia Cultural e aporta-se na concepção estruturante do lebenswelt (mundo da vida/mundo vivido) e, ainda, na tríade do espaço vivido, percebido e concebido. Quanto aos instrumentais metodológicos a pesquisa se estrutura em: i. levantamento bibliográfico e material audiovisual; ii. observação dirigida/direta; iii. aplicação de entrevistas semiestruturadas; iv. travessia/transecto; v. diário de campo e vi. registros fotográficos. Dada essas considerações, e mediante os resultados até o momento alcançados, sustenta-se a hipótese de que nas espacialidades ribeirinhas do baixo rio São Francisco há permanências socioculturais cujo escopo se traduz na dimensão do vivido. Essas permanências coexistem expondo no espaço temporalidades pelos tempos lentos e rápidos, por razões locais e globais - sem que os intervenientes globais anulem ou desvalidem o vivido no lugar, muito embora interfiram e fragilizem suas existências. Destarte, se há permanências, para além das marcas e rugosidades de um vivido de outrora, estas ocorrem porque se reconfiguram, porque são resistentes e possuem raízes pujantes, fortes. E se são resistentes, é porque possuem autenticidade no vivido e são traduzidas como modos de ser e de viver operantes entre conhecimentos compartilhados e produção de significados.
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