Banca de QUALIFICAÇÃO: REUEL MACHADO LEITE
29/11/2021 11:38
O modelo de reprodução capitalista no campo ancorado na revolução verde criou, por um lado, uma elevação da produtividade do agronegócio, e, por outro, escassez e destruição em todo o mundo. Um exemplo desta, é o consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos, que pode causar doenças como cânceres, malformação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais. O agronegócio se aproveita desse contexto e da preocupação das classes médias com estas implicações a saúde, colocando à disposição produtos orgânicos. Nosso foco com este trabalho é investigar o processo de generalização e diferenciação da (re)produção do espaço sob a determinação do mundo da mercadoria em um contexto em que a lógica capitalista se expande no espaço agrário criando o circuito de acumulação baseado em alimentos-mercadoria orgânicos nutrindo-se da sua própria crise estrutural. Isto demonstra que a necessidade de reprodução ampliada do capital em um contexto de crise estrutural produz novos espaços de acumulação. Para isso, o capital necessita, por um lado, criar necessidades – neste contexto, um dos caminhos encontrados foi a sujeição do alimento orgânico a forma mercadoria (tendência da igualização espacial) – e, por outro, para (re)produzir o espaço sob esta égide, precisa se territorializar e, assim, sujeitar e/ou desterritorializar o campesinato. Este processo põe em marcha contradições que engendram a produção de espaços desiguais em diferentes escalas (tendência de diferenciação espacial). Esta dinâmica se desenrola no contexto do circuito de alimentação orgânica e/ou saudável inerente ao agroeconegócio, que é conceituado como um sistema global de produção, processamento, circulação, certificação e consumo de alimentos orgânicos. O município de Rio Real, se projeta como um dos maiores produtores de laranja no Nordeste, e responde por 70% da produção do Litoral Norte da Bahia. É nesta localidade que surge a Central de Associações do Litoral Norte (CEALNOR), formada por 22 associações de camponeses do município já citado e alguns assentamentos do Conde, Esplanada e Itapicuru. Com vista a organizar a produção agroecológica desta central, é criado em 2007 a Cooperativa Agrícola do Litoral Norte da Bahia (COOPEALNOR). Para viabilizar o escoamento desta produção, a Cooperativa possui o selo orgânico do Instituto Biodinâmico. O destino desta produção para os diversos mercados se da por intermédio da indústria TropFruit. Essa problemática nos leva a indagação de que o agroeconegócio, ao se territorializar, antagoniza o projeto de soberania alimentar e camponesa, e, assim, engendraria a sujeição da agroecologia e da renda da terra camponesa, e a promoção de insegurança alimentar. O nosso objetivo geral é analisar o processo de generalização e diferenciação da (re)produção do espaço sob a determinação do mundo da mercadoria no contexto em que a lógica capitalista se expande no espaço agrário criando um espaço de acumulação baseado em alimentos-mercadoria orgânicos e nutrindo-se da sua própria crise estrutural. Portanto, nossa proposta de tese é de que o agroeconegócio, ao se (re)produzir no espaço agrário, promove insegurança alimentar e fragiliza o projeto de soberania alimentar e camponesa.
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