Banca de QUALIFICAÇÃO: PAULO HENRIQUE NEVES SANTOS
23/11/2021 10:23
Compreendida como uma herança dos processos morfogenéticos, morfodinâmicos e processos socioculturais históricos, a paisagem é uma composição complexamente estruturada em sistemas abertos submetida a fases não-lineares. A toda composição paisagística estão associadas propriedades inerentes que lhe atribuem potencialidades e fragilidades derivadas da estruturação natural que atuam, direta e indiretamente, no processo dinâmico. A forma como a humanidade vem explorando os recursos naturais, desconsiderando as propriedades naturais de cada paisagem, está desencadeando profundos processos de degradação sobre os recursos naturais, de tal modo que a própria sociedade é afetada. Compreender quais são as potencialidades e fragilidades paisagísticas consiste em um passo fundamental para a utilização dos recursos naturais, incitando a discussão crítica sobre quais atividades humanas são mais apropriadas de acordo com as propriedades bio-físico-químicas de cada paisagem sem originar a degradação dela durante o processo. A cada paisagem estão associados usos territoriais por comunidades ou classes econômicas divergentes, que se relacionam com os recursos naturais de modos distintos. Os diferentes territórios de ações, ou seja, o território usado, incrementa complexidade na produção social da paisagem derivada das perspectivas socioeconômicas divergentes, demandando diálogo aberto entre os atores que produzem a paisagem de modo que seja possível mediar os conflitos. A produção de energia eólica vem em um crescente no litoral nordeste do Brasil, diante das propriedades naturais favoráveis à sua implementação. Em um contexto mundial intenso debate sobre as mudanças climática intensificadas pela intensa utilização de combustíveis fósseis, a energia eólica destaca-se como uma das principais alternativas no combate a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera. Adotando a abordagem sistêmica geoecológica, fundamentada pela Geoecologia das Paisagens, o presente estudo visa discutir sobre a viabilidade de produção de energia eólica onshore no litoral sergipano, analisando as potencialidades e fragilidades da paisagem associando-as aos territórios usados. Embora o litoral sergipano seja composto por extensas áreas de topografia aplana do quaternário, havendo pouca interferência da rugosidade do relevo, a intensidade dos ventos sobre a costa brasiliana é identificada como uma limitação para a produção de energia eólica onshore no litoral de Sergipe, pois, quando se comparado a costa caraíba, a intensidade dos ventos é superior e economicamente mais atrativa. Os impactos sociais são os mais evidentes, não os únicos, na produção de energia eólica, visto os conflitos territoriais gerados pela instalação de parques eólicos próximo de comunidades pesqueiras, tradicionais ou quilombolas, sobretudo, quando a parcela dos benefícios que são destinados para as comunidades que sofrem diretamente com esses impactos é pequena, comparados aos ganhos provenientes da produção.
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação/UFS | Telefonista/UFS (79)3194-6600 | Copyright © 2009-2024 - UFRN v3.5.16 -r19150-8b2e1ce06f