Banca de DEFESA: EDUARDO TADEU AZEVEDO MOURA
22/10/2021 17:47
Introdução: Apesar do avanço científico em câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC), a mortalidade permanece alta. Metas assistenciais foram introduzidas através de marcos normativos, destacando-se intervalo entre estudo anatomopatológico e primeiro tratamento não superior a 60 dias (lei 12 732/2012). Todavia, faltam leituras acerca do real cumprimento deste e de outros alvos. Assim, para pacientes com CPNPC foram objetivos medir tempo entre estudo anatomopatológico e primeiro tratamento, medir tempo entre estudo anatomopatológico e primeira consulta, analisar padrões histológicos, reportar padrões farmacológicos empregados, calcular medidas de sobrevida e aferir tabagismo. Metodologia: Coorte retrospectiva. A fonte de informação majoritária foi o Registro Hospitalar de Câncer do Hospital de Urgência de Sergipe, da Fundação de Beneficência Hospital de Cirurgia e do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, mas também outras foram acessadas, tais como prontuários, Sistema de Informação de Mortalidade, Cadastro Nacional de Falecidos, Receita Federal e Autorizações para Procedimentos de Alta Complexidade. Foram incluídos pacientes adultos com CP diagnosticados entre 2013 e 2017, tipo histológico carcinoma de não pequenas células e com doença avançada no momento do diagnóstico. Resultados: A amostra final contou com 213 pacientes em estágio avançado. O tempo médio entre diagnóstico e primeiro tratamento foi de 60,86 dias e 31,86% dos pacientes foram tratados fora da janela normativa. O tempo médio entre diagnóstico e primeira consulta com especialista foi de 54,39 dias. Adenocarcinomas responderam por 48,74% das histologias. Carboplatina e paclitaxel foi o regime farmacológico mais demandado (59,63%), com discreto emprego de inibidores de tirosino-quinase para o EGFR e sem uso de bloqueadores do ALK, antiangiogênicos ou imunoterapia. A mediana de sobrevida foi de 220 dias. Não houve registro do hábito tabágico em 69,68% dos casos. Discussão: Embora os resultados – especificamente no que concerne à média de tempo entre confecção do diagnóstico e início de tratamento – possam ser aceitos como no limite superior da janela normativa, observa-se ainda um contingente elevado com agendamentos tardios e múltiplas causas podem ser aventadas. Tempo entre diagnóstico e primeira consulta foi a parcela determinante na construção do tempo para início terapêutico. O portfólio farmacológico para casos avançados tem hiato considerável quanto ao estado da arte. Apenas 53,05% dos pacientes receberam tratamento quimioterápico ou radioterápico conforme as bases oficiais, o que pode refletir alto número de pacientes com falta de performance-status à apresentação (113 dias de sobrevida mediana em determinado subgrupo). Conclusões: Tempo médio para começo de tratamento está no limite do prazo regulamentado, todavia mais de 30% são tratados fora do período recomendado. O intervalo entre anatomopatologia e consulta é o fator crítico; pretendendo maior celeridade e estabelecimento de metas mais agressivas para qualificar a assistência, incremento do número de profissionais e melhor logística interna e da rede de referenciamento são importantes. Ampliação de opções terapêuticas, apesar das limitações de fomento econômico, também deve ser buscada. Aprimoramento na qualidade das bases de dados se faz preemente.
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