Banca de DEFESA: GIVALDO SANTOS DE JESUS
05/10/2021 21:44
As transformações ocorridas no espaço rural, em função do avanço das relações capitalistas no campo, tem sido um objeto amplo para o desenvolvimento de estudos em diversos áreas das ciências. A Geográfica, por sua vez, tem procurado novas narrativas com bases teóricas e metodológicas no sentido de explicar os fatos que implicam na dinâmica e configuração do espaço. A presente tese tem como objetivo abordar as dimensões da questão da terra e do trabalho, reconstruindo a memória e a história rural, na perspectiva das mudanças e permanências da agricultura familiar no espaço rural do sertão sergipano, na trajetória de 1960 a 2018. Esta pesquisa tem um caráter geográfico e busca a interdisciplinaridade com a História. Em termos metodológicos, realizamos ampla revisão bibliográfica com autores clássicos e atuais sobre a temática trabalhada; aplicamos entrevistas por meio da metodologia da História oral temática com o objetivo de resgatar as memórias individuais e coletivas dos atores sociais que atuaram e/ou atuam no espaço rural do sertão sergipano e foram entrecruzadas com dados quantitativos e documentos oficiais como: Censos Agropecuários, Mensagens de Governo e jornais do período estudado. O sertão é uma região dinâmica com um vasto patrimônio político, econômico, social, cultural e ambiental com expressiva diversidade alimentada por um conjunto de memórias e representações sociais que nos permitem identificar a contraditória e histórica concentração fundiária, a partir do domínio pecuarista de algumas famílias, como Britto, Feitosa, Carvalho e Leite, e a luta dos trabalhadores rurais sem terra, organizada em um primeiro momento pela igreja católica e depois pelo MST para ter acesso a terra e garantir a sobrevivência em uma região do semiárido. As secas constantes obrigam o sertanejo a desenvolver algumas estratégias de convivência, destacando-se o plantio de palmas, silagem e armazenamento de água das chuvas em barragens e cisternas. E o Estado, por sua vez, atuou com o desenvolvimento de projetos de desenvolvimento como o Polonordeste, Sertanejo e o Chapéu de Couro, em que a maioria de suas ações acabaram incentivando o processo de modernização desigual e o crescimento da pecuária em detrimento da pequena produção familiar. A produção agropecuária no sertão sergipano passou por um processo de crescimento e crise, destacando-se a mandioca, o algodão, o feijão, o milho e o rebanho bovino, cada um com suas especificidades. No tempo presente, o agronegócio do milho tem avançado no sertão, beneficiando os grandes produtores e a produção de leite que, mesmo pulverizada entre os agricultores familiares, tem garantido a sua sobrevivência e permanência no campo. Na verdade, o acesso à terra, os investimentos em políticas públicas e o crescimento da produção de milho e da bacia leiteira têm proporcionado um desenvolvimento no sertão. E, mesmo desigual, tem apresentado crescimento e melhorias nas condições de vida do povo sertanejo. Um exemplo dessa realidade é o desenvolvimento registrado em Nossa Senhora da Glória nas últimas três décadas, considerada a capital do sertão e do leite. Portanto, a maior contribuição desta pesquisa foi construir um arcabouço histórico e geográfico sobre o desenvolvimento rural do sertão sergipano para que o sertanejo mantenha a luta pela sobrevivência e a valorização da terra como meio de produção e reprodução das unidades familiares.
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