Banca de QUALIFICAÇÃO: ALINE SANTANA DOSEA
15/09/2021 11:20
O varejo de medicamentos do Brasil é um dos maiores e mais lucrativos do mundo. Asubordinação do farmacêutico às “leis do mercado” e com o modelo capitalista decomercialização de medicamentos controlado majoritariamente por proprietários leigos, oprofissional enfrenta dilemas éticos que reduzem sua credibilidade com a população e aautonomia ao longo dos anos. Stakeholders gestores e mentores de redes de farmácias são o eloentre a profissão farmacêutica e as necessidades de usuários de medicamentos, mas há poucosestudos que abordem a opinião destes sobre a Farmácia neste cenário. Assim, esta tese visoucompreender como os princípios da ética e da autonomia do farmacêutico são percebidos porstakeholders do mercado varejista de medicamentos do Brasil. Foram realizadas 19 entrevistassemiestruturadas que foram analisadas pela Análise de Conteúdo Categorial. No estudo, novementores e dez gestores com atuação no varejo de medicamentos, relataram aspectosrelacionados à autonomia técnica regulamentada por lei, autonomia gerencial e estratégias paraaprimorá-las; bem como ao aliciamento de indústrias de medicamentos, “empurroterapia”; eestratégias como “assimilar que vender não é antiético”, compliance, metas coletivas e gerarlucros por meio de serviços. A autonomia técnica, é frágil e tem pouco poder de separar osinteresses mercantilistas do mercado, das necessidades em saúde da população e dos interessesda profissão. A autonomia gerencial é mais limitada, pois a posição de prestador de serviçosassalariado faz o farmacêutico orientar seu papel social aos interesses comerciais da empresa.As estratégias apontadas devem ser alinhadas à clareza de papel social e a construção de umaidentidade profissional. Os stakeholders assumem que ainda há espaço para o aliciamento dasindústrias farmacêuticas e para condutas antiéticas de balconistas em busca de comissõesfinanceiras. Logo, é complexo desmitificar dilemas éticos no varejo quando o atual modelo denegócios é centrado no produto. A pequena difusão de programas de compliance mantém aprática farmacêutica na “corda bamba”, sendo que a rentabilidade dos serviços pode equilibrareste cenário. Frente ao exposto, o futuro da profissão no varejo é incerto, e por isso, é necessárioque a Farmácia se assuma como profissão clínica e construa uma identidade profissional estável.Pesquisas futuras são necessárias para equilibrar e fortalecer a profissão farmacêutica, bemcomo garantir a segurança de seus clientes.
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