Banca de DEFESA: MARCELA SAMPAIO LIMA
08/09/2021 15:00
O câncer é um dos principais problemas de saúde em todo o mundo e tem impactoconsiderável na morbimortalidade da população e nos sistemas de saúde, principalmenteem países que se encontram em transição epidemiológica. Sua natureza é complexa emulticausal. Os objetivos desse estudo foram descrever a tendência de mortalidade porcâncer em geral e pelas principais topografias no estado de Sergipe e nas regiões desaúde, separadamente, no período de 1980 a 2018 e analisar sua distribuição espacial.Como metodologia, foi realizado um estudo ecológico retrospectivo, utilizando dadosconsolidados do Registro de Câncer de Base Populacional de Aracaju e do Sistema deInformação sobre Mortalidade para o estado de Sergipe para a análise temporal e dadosdo Atlas on-line de Mortalidade para o geoprocessamento. As taxas brutas epadronizadas de mortalidade foram calculadas com base nas populações censitárias eestimativas intercensitárias fornecidas ao DATASUS pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). As tendências de mortalidade foram calculadas pormeio do Joinpoint Regression Program do National Cancer Institute, USA. A estatísticaespacial foi realizada pelo software TerraView 4.2.2, adotando o Índice de MoranGlobal para a avaliação da autocorrelação espacial. Os mapas temáticos foramconstruídos por meio do software QGIS 3.10. A base cartográfica de Sergipe e osgeocódigos dos municípios foram obtidos do IBGE. No período abordado, houve34.214 óbitos por câncer em Sergipe, excluindo os cânceres de pele não melanoma. Ataxa ajustada de mortalidade por todos os cânceres combinados foi de 70,1 e 57,9 por100.000 homens e mulheres, respectivamente. A tendência foi ascendente até 2005 nosexo masculino e de 1987 a 2006 no sexo feminino, tornando-se estacionária desdeentão. Nos últimos cinco anos, as taxas ajustadas de mortalidade foram de 97,2 e 72,0nos sexos masculino e feminino, respectivamente. As principais topografias foram:próstata (21,3), traqueia/brônquio/pulmão (11,7), estômago (6,5), cavidade oral (5,4) efígado/vias biliares intra-hepáticas (5,1) no sexo masculino; mama (13,8),traqueia/brônquio/pulmão (6,6), colo do útero (6,4), cólon/reto (5,8) e sistema nervosocentral (3,6) no sexo feminino. Os municípios mais populosos apresentaram maiornúmero absoluto de óbitos por câncer. Não houve autocorrelação espacial para as taxasajustadas, apenas para as taxas suavizadas pelo modelo bayesiano para todos oscânceres combinados e para as principais topografias analisadas, em ambos os sexos.Foram observados alguns padrões de municípios prioritários: cluster formando umafaixa na região leste/litorânea do estado para o câncer de mama, na região oeste/sul parao câncer de próstata e da região central à leste/sul do estado para o câncer de cólon/retono sexo feminino, dentre outros. Os resultados mostraram que embora tenha havido umaumento nas taxas de mortalidade por cânceres associados ao estilo de vida ocidental eao envelhecimento da população, como próstata, mama e cólon/reto, altas taxas decânceres associados a pobreza e infecções, como estômago, colo do útero e cavidadeoral, ainda persistem em Sergipe. Esse perfil é também observado em países que passampor transição epidemiológica. Os padrões de distribuição espacial observados indicaramos municípios e regiões de maior e menor prioridade, bem como de prioridadeintermediária, na gestão do câncer no estado.
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