Banca de DEFESA: JULIANA LIMA DA COSTA
28/06/2021 12:02
O processo circunscrito ao esvaziamento do campo no bojo do desenvolvimento do capitalismo como tendência mundial, segue no Brasil, particularmente, a partir da década de 1930. Nesse período, o Estado intensifica sua ação com o intento de uma maior inserção do país na dinâmica reprodutiva do capital, o que resultou em profundas transformações nas relações de trabalho e de produção no campo e na cidade. A base da economia até então agrário-exportadora, passa a ser, em sua concepção, urbano-industrial, não obstante frações significativas da burguesia de origem agrária continuarem vinculadas aos propósitos econômicos, políticos e sociais que consideravam a atividade industrial como perspectiva de superação do atraso. No interior da dinâmica espacial, registra-se uma progressiva redução da população do campo com o correlato e acelerado processo de urbanização. Constata-se, sobretudo a partir da década de 1960, uma mobilidade do trabalho cada vez mais intensa. Essa mobilidade, compreendida como um fenômeno que promove o deslocamento espacial, setorial e profissional do trabalhador, com o objetivo do Capital explorar sua força de trabalho e acumular excedente econômico, materializa sua condição de sujeição ao Capital. Partindo desse pressuposto, o objetivo da pesquisa é analisar a mobilidade do trabalho camponês em Itabaiana, haja vista o crescente número de camponeses que residem na cidade mas continuam a trabalhar em seus sítios. Buscou-se entender se tal fato faz parte do processo de desemprego estrutural que subordina o trabalhador, ou configura-se como uma forma de resistência do campesinato ao continuar reproduzindo seu modo de vida na terra, mesmo residindo na cidade. A partir do método de interpretação Materialismo Histórico Dialético, bem como dos procedimentos metodológicos próprios de uma pesquisa qualitativa, tais como, entrevistas e aplicação de questionários, foi possível analisar as singularidades presentes no contexto de expansão do capitalismo no campo. Observou-se que os motivos que levaram os camponeses a migrar para a cidade são diversos, haja vista que o campesinato é uma classe não homogênea e possui diferenciações. Mas, sobretudo, destaca-se a ausência efetiva da propriedade da terra, impossibilitada pelo aumento do valor das terras, resultante do processo de valorização e especulação. No recorte escolhido, a herança e o comodato predominam como forma de posse das terras. Desse modo, o terreno é fragmentado, e com o tamanho reduzido, muitas vezes acaba impossibilitando a reprodução de toda a família, o que resulta na ida para a cidade. Portanto, morar na cidade e trabalhar no campo tem se configurado como uma forma do camponês continuar se reproduzindo em meio a lógica do Capital que o subordina ao se apropriar da renda da terra como forma de acumulação, tornando esse bem natural uma forma de capital fictício.
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