Banca de DEFESA: ELINE PRADO SANTOS FEITOSA
18/06/2021 09:50
A problemática dos resíduos sólidos urbanos (RSU) pode ser relacionada à dois aspectos principais: a migração, em massa, e de modo desordenado da população das zonas rurais para a região urbana; ao modelo capitalista baseado na produção de bens a partir da exploração dos recursos naturais de modo indiscriminado, consumo e descarte. O reconhecimento da gravidade dos problemas ambientais e de saúde pública relacionados à gestão dos RSU, emergiu a partir da década de 1970, quando houve uma mobilização mundial sobre a crise ambiental global e a finitude dos recursos naturais. Atualmente, a problemática da gestão dos RSU se manteve como um grande desafio do Século XXI a nível mundial e, principalmente nos países em desenvolvimento. Houve no Brasil, nos últimos dez anos, um aumento da geração dos RSU e ao mesmo tempo que o cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos por parte dos gestores públicos e demais atores sociais é um grande desafio. Diante do cenário da pandemia da Covid-19, os governos e autoridades de cada país traçaram estratégias que incluíam, principalmente, a restrição de circulação de pessoas, o que alterou a rotina, os padrões de compra, consumo e a gestão de RSU e resíduos domiciliares (RDO). Uma ação imediata para conter a transmissão da Covid-19 entre os profissionais que atuam no gerenciamento dos RSU, foi a suspensão do serviço de coleta seletiva em diversas cidades e estados brasileiros. Diante desse contexto, o presente estudo focou na problemática da gestão dos RDO a partir da perspectiva da Psicologia Ambiental, com ênfase na relação pessoa-ambiente, durante a pandemia da Covid-19, com o objetivo de abordar as possíveis alterações na gestão dos RDO a partir das alterações das rotinas ocasionadas pela pandemia da Covid-19. Com base no levantamento bibliográfico de dados e pesquisas sobre os impactos da geração e gestão de RDO durante a pandemia foi desenvolvido um questionário de aplicação online, composto por 42 itens com a finalidade de investigar se a alteração das rotinas familiares modificou o gerenciamento dos RDO durante o período pandêmico. Participaram da pesquisa 372 pessoas, com idade média de 35,5 anos, sendo sua maioria 75,8% (282) do estado de Sergipe. Os resultados evidenciaram que houve um aumento da geração de RDO, das compras do tipo delivery, da quantidade de refeições preparadas e realizadas em casa ao comparar os períodos antes e durante a pandemia. Foi identificada uma discrepância entre preocupação com os problemas ambientais, percepção de risco entre o descarte inadequado de resíduos associado ao surgimento de novas doenças, a baixa adesão de ações que visem a melhoria da gestão dos RDO e um baixo medo em ser infectado pela Covid-19 ao manipular os RDO. Acredita-se que os resultados deste estudo, analisados a partir das barreiras psicológicas, apresentem informações relevantes sobre a gestão RDO, devido à gravidade do contexto da pandemia da Covid-19, por se tratar de uma crise séria ambiental, que desencadeou uma série de problemas em saúde pública, econômica e social, com fortes impactos também na gestão dos RSU. Por fim, sugere-se que sejam realizados estudos mais aprofundados sobre geração de RDO que foquem na percepção ambiental, análise ecológica, influência dos aspectos psicológicos na relação pessoa-ambiente, com a finalidade de favorecer/provocar ações focadas no contexto, com a participação ativa dos atores sociais e respeitando as especificidades de cada localidade.
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