Banca de QUALIFICAÇÃO: MARCELA SAMPAIO LIMA
31/05/2021 09:45
O câncer é um dos principais problemas de saúde em todo o mundo e tem impacto considerável na morbimortalidade da população e nos sistemas de saúde, principalmente em países que se encontram em transição epidemiológica. Sua natureza é complexa e multicausal. Os objetivos desse estudo foram descrever a tendência de mortalidade por câncer em geral e pelas principais topografias no estado de Sergipe e nas regiões de saúde, separadamente, no período de 1980 a 2018 e analisar sua distribuição espacial. Como metodologia, foi realizado um estudo ecológico retrospectivo, utilizando dados consolidados do Registro de Câncer de Base Populacional de Aracaju e do Sistema de Informação sobre Mortalidade para o estado de Sergipe para a análise temporal e dados do Atlas on-line de Mortalidade para o geoprocessamento. As taxas brutas e padronizadas de mortalidade foram calculadas com base nas populações censitárias e estimativas intercensitárias fornecidas ao DATASUS pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As tendências de mortalidade foram calculadas por meio do Joinpoint Regression Program do National Cancer Institute, USA. A estatística espacial foi realizada pelo software TerraView 4.2.2, adotando o Índice de Moran Global para a avaliação da autocorrelação espacial. Os mapas temáticos foram construídos por meio do software QGIS 3.10. A base cartográfica de Sergipe e os geocódigos dos municípios foram obtidos do IBGE. No período abordado, houve 34.214 óbitos por câncer em Sergipe, excluindo os cânceres de pele não melanoma. A taxa ajustada de mortalidade por todos os cânceres combinados foi de 70,1 e 57,9 por 100.000 homens e mulheres, respectivamente. A tendência foi ascendente até 2005 no sexo masculino e de 1987 a 2006 no sexo feminino, tornando-se estacionária desde então. Nos últimos cinco anos, as taxas ajustadas de mortalidade foram de 97,2 e 72,0 nos sexos masculino e feminino, respectivamente. As principais topografias foram: próstata (21,3), traqueia/brônquio/pulmão (11,7), estômago (6,5), cavidade oral (5,4) e fígado/vias biliares intra-hepáticas (5,1) no sexo masculino; mama (13,8), traqueia/brônquio/pulmão (6,6), colo do útero (6,4), cólon/reto (5,8) e sistema nervoso central (3,6) no sexo feminino. Os municípios mais populosos apresentaram maior número absoluto de óbitos por câncer. Não houve autocorrelação espacial para as taxas ajustadas, apenas para as taxas suavizadas pelo modelo bayesiano para todos os cânceres combinados e para as principais topografias analisadas, em ambos os sexos. Foram observados alguns padrões de municípios prioritários: cluster formando uma faixa na região leste/litorânea do estado para o câncer de mama, na região oeste/sul para o câncer de próstata e da região central à leste/sul do estado para o câncer de cólon/reto no sexo feminino, dentre outros. Os resultados mostraram que embora tenha havido um aumento nas taxas de mortalidade por cânceres associados ao estilo de vida ocidental e ao envelhecimento da população, como próstata, mama e cólon/reto, altas taxas de cânceres associados a pobreza e infecções, como estômago, colo do útero e cavidade oral, ainda persistem em Sergipe. Esse perfil é também observado em países que passam por transição epidemiológica.
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