Banca de DEFESA: ELIZABETH DE SOUZA OLIVEIRA
15/05/2021 10:25
Esta dissertação objetivou compreender a formação de valores possibilitados por uma produção didática na construção da escola republicana empreendida não só por meio de contos e fábulas, mas também por conhecimentos específicos. A pesquisa contempla o recorte temporal entre 1890 e 1896 e pretendeu dialogar a partir de alguns dos conceitos formulados pelo grupo Modernidade/Colonialidade para o entendimento do ideal de homem republicano e dos valores sociais que foram impostos ao final do século XIX durante a Primeira República. Estes diálogos nos possibilitaram compreender os aspectos colonizadores presentes na obra analisada e sua mobilização na transmissão dos valores nas narrativas que também abarcam conhecimentos específicos. Para tanto, procedemos pela apresentação do contexto sócio histórico do período demarcado, pela reflexão sobre o livro de leitura e sua função no despontar da República na formação do homem republicano. A investigação situa-se no âmbito da pesquisa qualitativa em Educação, do tipo documental, com procedimentos de análise de discurso que abarcam concepções que auxiliam na análise do corpus selecionado. Com este estudo, compreendemos que o ideal de homem republicano, em linhas gerais, concentrava o perfil dos filhos dos trabalhadores com valores que os tornassem obedientes ao Estado, corajosos para defender a pátria, que fossem trabalhadores e com conhecimentos úteis que atendessem as mudanças econômicas do período. Assim, ao formar este homem e buscar desenvolver o amor à pátria, ou seja, desenvolver uma identidade nacional, os discursos no livro de leitura estavam de acordo com o discurso da modernidade. O autor, por seu turno, propaga o pensamento hegemônico da época, reificando aspectos colonizadores por meio dos discursos que empreende no livro de leitura. Ao pensar o homem pelo viés utilitarista e eurocêntrico, compactua e auxilia ainda com uma educação responsável por propalar a relação de exploração com a natureza e a hierarquização dos papéis sociais pelo gênero e pela ideia de raça em favor da matriz/padrão colonial do poder, silenciando outras formas de organização e conhecimento.
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