Banca de DEFESA: DARIO SOUSA NASCIMENTO NETO
10/03/2021 18:38
O recurso ao filme histórico surgiu como uma possibilidade de maior liberdade criativa junto a Censura para os cineastas brasileiros a partir da edição do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro de 1968. Se antes, a realização de filmes históricos se dava de forma espontânea no cinema nacional, com o AI-5 os governos militares alçaram a temática histórica a um lugar de privilégio da produção cinematográfica criando novos meios de obtenção de recursos na realização dos filmes. Tal fenômeno de dirigismo cultural do Cinema pelos governos militares é analisado, tendo em vista as disputas de versões do que viria a ser a História do Brasil entre estes dois polos. Com a História no Cinema brasileiro sendo instrumentalizada pela propaganda política governamental, a presente pesquisa utiliza 5 filmes lançados durante a década de 1970, quais sejam: A Guerra dos Pelados (1971, Sylvio Back); Como Era Gostoso o Meu Francês (1971, Nelson Pereira dos Santos); Os Inconfidentes (1972, Joaquim Pedro de Andrade); Xica da Silva (1976, Carlos Diegues) e Anchieta, José do Brasil (1978, Paulo César Saraceni). Através da conjugação das fontes fílmicas com as fontes documentais produzidas pelo Departamento de Censura e Diversões Públicas (DCDP) a pesquisa buscou analisar as dissonâncias e concordâncias entre as representações fílmicas e o desejo de exaltação dos valores nacionais expresso pelos militares através da História na atuação da Censura. Assim, a metodologia de análise fílmica empregada é a do historiador Pierre Sorlin que elenca três etapas que deverão ser tomadas como base para a análise do conjunto de filmes, quais sejam, os Pontos de Fixação, a Estrutura dos Filmes e os Sistemas Relacionais. Os Pontos de Fixação escolhidos foram as representações da Igreja Católica, tendo em vista o seu papel hegemônico dentro da História do Brasil, além das representações dos corpos negros e indígenas, essenciais na compreensão dos processos pelos quais nosso país atravessou durante sua História, mas bastante marginalizados pela historiografia tradicional do período. A respeito da análise documental, os pressupostos delineados por Pierre Sorlin para a análise fílmica servem à pesquisa como norte, mas os documentos extrapolam tais representações, o que possibilitou a pesquisa ampliar o seu escopo acerca da verificação do modus operandi da Censura, bem como os mecanismos de desvios acionados pelos diretores para burlar as restrições da liberdade de expressão em tempos de ditadura militar.
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