Banca de DEFESA: LUCAS DE ARAÚJO BASTOS SANTANA
05/02/2021 18:44
O ensaio de bioatividade originalmente proposto por Kokubo associa a capacidade
de precipitação de apatita na superfície de biomateriais imersos em fluido biológico
simulado (SBF) com um melhor desempenho biológico. No entanto, existem evidências
de que mesmo apresentando baixa ou nenhuma bioatividade (precipitação de apatita),
alguns biomateriais tendem a estimular o comportamento de células osteoprogenitoras
por vias diferentes, principalmente nas atuais biocerâmicas de composições complexas.
Por exemplo, os íons bivalentes Zn2+, Mg2+ e Mn2+ são conhecidos por desempenharem
importantes papéis na ativação de cascatas de sinalização associadas à regeneração óssea,
ao mesmo tempo em que são conhecidos por dificultar a precipitação de apatita em certas
condições. Portanto, para aprofundar a discussão sobre a validade dos ensaios de Kokubo
na predição do desempenho biológico de biocerâmicas de composições complexas, foram
sintetizadas cinco composições diferentes de vidros nos quais o CaO foi parcialmente
substituído por ZnO, MgO e MnO: 80%SiO2 · (16% - x)CaO · x%MO · 4%P2O5 (% em
mol; x = 0, 2 e 6%). Os vidros foram produzidos via processo sol-gel e as suas
propriedades físico-químicas foram avaliadas por análise termogravimétrica
(TGA/DTG), análise térmica diferencial (DTA), fluorescência de raios X por dispersão
em comprimento de onda (WDXRF), espectroscopia Raman, difração de raios X (DRX),
microscopia eletrônica de varredura (MEV) e rugosidade de superfície. O comportamento
biológico das amostras foi avaliado via testes de bioatividade acelulares em SBF e testes
de adesão, proliferação e diferenciação de células de osteossarcoma humano semelhantes
a osteoblastos (MG-63). Observou-se que a adição dos óxidos prejudicou a formação da
camada superficial de hidroxiapatita nos ensaios em SBF, consequentemente, reduzindo
a chamada bioatividade dos vidros. No entanto, apesar da presença do MgO diminuir a
bioatividade do vidro, adesão, proliferação celular e produção de ALP pelas células MG-
63 foram estimuladas. Na presença dos óxidos ZnO e MnO, a bioatividade dos vidros
também foi inibida, ao mesmo tempo em que uma baixa proliferação celular e alta
produção de ALP foram observadas. Esses resultados demonstram claramente uma
divergência entre o desempenho biológico esperado via ensaio de bioatividade e aquele
realmente observado nos ensaios celulares com MG-63. Portanto, a presença de
oligoelementos em biocerâmicas de composições complexas expõe cada vez mais a
fragilidade dos ensaios de bioatividade na predição do seu desempenho biológico no que
se refere a adesão, proliferação e diferenciação de células osteoblásticas, indicando que a
formação de apatita não é um critério definitivo para se confirmar sua biocompatibilidade.
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