Banca de DEFESA: ERICA SANTOS DOS REIS
22/01/2021 08:11
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença tropical negligenciada, endêmica no Brasil, especialmente na região Nordeste, onde aproximadamente 50% dos casos ocorrem. Indivíduos imunocomprometidos com o vírus da imunodeficiência humana e ou síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/AIDS) se tornam mais suscetíveis à doença. Adicionalmente, pacientes coinfectados com LV-HIV não respondem satisfatoriamente ao tratamento e as chances de recidivas e óbitos aumentam significativamente. A sobreposição geográfica de LV e HIV contribuiu com aumento no número de coinfectados na região Nordeste, cujo cenário epidemiológico é influenciado pelos determinantes sociais de saúde (DSS), pois se trata de uma região com importantes disparidades socioeconômicas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar os padrões de distribuição espaço-temporal e os determinantes sociais da saúde associados à coinfecção LV-HIV no Nordeste brasileiro. Trata-se de um estudo ecológico e de série temporal que utilizou técnicas de análise espacial e incluiu todos os casos confirmados de LV-HIV em 1.794 municípios do Nordeste no período de 2010 a 2018. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As tendências temporais foram analisadas através de modelos de regressão linear segmentada. As inferências da estatística espacial foram realizadas através da análise bayesiana empírica local, dos índices global e local de Moran, a estatística de varredura espaço-temporal foi utilizada para identificar aglomerados espaço-temporais de alto risco para a LV-HIV, os modelos espaciais (simultaneous autoregressive regression – SAR e conditional autoregressive regression – CAR) foram utilizados para selecionar variáveis associadas à ocorrência de LV-HIV. O total de 1.550 casos de LV-HIV foram confirmados no Nordeste, sendo mais prevalente entre os homens (83%), na faixa etária de 20-59 anos (54,8%), de cor de pele não branca (91,74%), de baixa escolaridade (35,48%) e residentes de zona urbana (80,19%). Tendência temporal crescente da taxa de detecção LV-HIV foi observada no Maranhão, aglomerados de alto risco também foram detectados nesse mesmo estado e no Piauí. A incidência anual nesses estados no período 2014-2017 foi de 1,3/100.000 e o RR=6,34. Entre os DSS, os que mais se correlacionam com a ocorrência da coinfecção são: moradia precária, baixa renda e pouca escolaridade. A coinfecção da LV-HIV é um problema crescente e importante para saúde publica, visto que ambas as infecções têm aumentado em número de casos na mesma região e acomete principalmente a população mais pobre. A LV-HIV se apresenta de maneira dispersa no Nordeste e atinge com maior frequência os estados em condição de vulnerabilidade social, desse modo é necessário reforçar a importância de implementar estratégias específicas de vigilância, sobretudo nas regiões de alto risco, que possam contribuir com a redução de casos nestas populações.
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