A presente pesquisa tem como questão central a fabulação de devires contemporâneos. O campo problemático flui da loucura aos devires imperceptíveis, habitando um espaço entre artes, filosofias e ciências. A fabulação da escrita, como delírio da palavra poética, assume caráter conceitual próprio da interface entre filosofia e arte, assim como a duplicidade da imagem também pega emprestada do campo artístico a possibilidade de difratar mundos e ter duração, como definiria Lapoujade. A fabulação é algo que acontece sem intenção, ou direção prévia, por isso, optamos pela metodologia cartográfica, que permite movimentos de criação e escrita ensaística, isto é, que misture ficção e não-ficção a compor um território. A cartografia foi inicialmente construída como uma instalação desdobrada em ensaios compostos por narrativas e imagens, feito uma antologia existencial que fluia entre conceitos e agregados sensíveis. As imagens são entendidas em sua duplicidade de acordo com Blanchot e apresentadas como instalações artísticas, em que a produção de subjetividade é preponderante na eleição e análise imagética. O trabalho se desdobra em três momentos que resultaram em respectivos artigos. O primeiro é um ensaio teórico da loucura ao devir louco, voltado para pequenos paradoxos, do sonho, da liberdade, da verdade, do tempo. O segundo é uma instalação artística imagética, que compõe devires que desfazem o rosto, devires improváveis emergem do pouso-entre, das chamas e das marés. Por fim, o terceiro é uma escrita minoritária, uma proposta de relevo metodológico chamado micrografia, que se aproxima de corpos imperceptíveis: o pó e o pólen. Nele imagens de diferentes escalas são sobrepostas como montagens na fabulação de devires que aproximam elementos que costumam existir separadamente.