Banca de DEFESA: MARIANA MELO DE PAULA
10/12/2020 19:35
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o mais antigo programa no contexto da alimentação e nutrição no Brasil e passou por diversas modificações em sua legislação. Embora seja referência em estratégias de Segurança Alimentar e Nutricional, gargalos persistem na gestão do PNAE, como por exemplo a adesão efetiva dos escolares ao Programa. O objetivo desse estudo foi verificar a adesão efetiva dos escolares ao PNAE e os fatores a ela associados. Trata-se de um estudo observacional, de caráter transversal que utilizou os dados inéditos da “Pesquisa Nacional do Consumo Alimentar e Perfil Nutricional de Escolares, Modelo de Gestão e Controle Social do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE”, realizada no período de 2006 a 2008. A amostra final analisada foi constituída de 19.748 escolares, de 6 a 19 anos de idade, em 1.112 escolas localizadas em 694 municípios brasileiros. A adesão foi classificada como efetiva quando houve um consumo da alimentação escolar referido de 4 a 5 vezes na semana. Dentre os fatores possivelmente associados foram estudados os padrões alimentares dos cardápios ofertados extraídos por análise de componentes principais, características das escolas e dos alunos tais como localização, comércio de alimentos, refeições fora da escola, sexo etc. Análise de regressão logística foi utilizada para avaliar as associações das variáveis com a adesão efetiva. Foi adotado valor de p<0,05 para significância estatística dos testes e adotados intervalos de 95% de confiança (IC95%). Verificou-se que 74,1% dos alunos aderiam efetivamente ao PNAE. Além disso, a chance de os escolares aderirem efetivamente ao programa foi maior entre os alunos que referiram ir à escola por causa da alimentação escolar (OR= 4,984); quando a execução do programa era terceirizada (OR= 1,042); quando as merendeiras receberam algum tipo de capacitação (OR= 1,193); quando o cardápio ofertado incluiu bebidas, salgados e sanduíches (OR= 1,209) ou panificados (pães, broas, bolos e massas) (OR= 1,003). As variáveis que diminuíram a chance de o estudante aderir ao PNAE foram ser do sexo feminino (OR= 0,712); presença de excesso de peso (OR= 0,881); ter idade maior que 10 anos (OR= 0,836); fazer mais de três refeições por dia fora da escola (OR= 0,808); costumar trazer comida/lanche de casa para o lanche (OR= 0,836); o fato de a escola estar localizada no meio urbano (OR= 0,392) e o fato de a escola possuir cantina/lanchonete ou algum outro tipo de venda de alimentos (OR= 0,647). Concluo, portanto, que características que remetem à maior vulnerabilidade tais como localização rural, menor possibilidade de acesso a refeições fora da escola e características relacionadas a cardápios menos balanceados e com presença de alimentos mais populares na preferência deste grupo etário fazem com que a adesão ao programa seja maior.
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