Banca de QUALIFICAÇÃO: MATHEUS LINIKER DE JESUS SANTOS
07/12/2020 14:52
A fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática caracterizada por dores crônicas musculoesqueléticas difusas associadas a uma extensa gama de comorbidades. Atingindo principalmente mulheres, a fibromialgia possui etiologia e fisiopatologia desconhecida, sendo levantadas diversas hipóteses para manutenção da síndrome. A sensibilização central parece tomar um lugar de destaque ao representar um caráter complexo na manutenção e ativação da rede de modulação da dor. No entanto, poucos estudos investigam esses mecanismos em FM. Deste modo, o objetivo do presente estudo foi investigar o perfil eletrofisiológico das ondas cerebrais em mulheres com diagnóstico de fibromialgia. O estudo observacional transversal caso-controle avaliou 40 voluntárias, alocadas em dois grupos: grupo fibromialgia e grupo controle. Após avaliado o cumprimento dos critérios de inclusão e exclusão para os grupos e respondidos os questionários socioeconômicos e clínicos, as voluntárias foram avaliadas através de eletroencefalograma e potencial relacionado a evento no componente auditivo P300. A análise eletrofisiológica apontou em fibromiálgicas uma maior amplitude relativa das ondas alpha (8-12Hz) nos quadrantes anteriores cerebrais, direito e esquerdo (p ≤ 0,05), e menores amplitudes das ondas beta 3 (24-30Hz) no quadrante anterior direito (p ≤ 0,05). Ao analisar os eletrodos individualmente foram observadas maiores amplitudes alpha nos eletrodos F7, F4, F8 e T4 (p ≤0,05), beta 1 (12-18Hz) em Fp2, F3, Fz, F4, F8, Cz, C4, Pz, P4 e T6 (p ≤ 0,05), e menores amplitudes beta 3 e gama (>30Hz) no eletrodo da região frontal F4 (p ≤ 0,05). As amplitudes P300 se mostraram reduzidas nos eletrodos Fz, Cz e Pz (p ≤ 0,001) em fibromiálgicas quando comparadas com mulheres saudáveis. Houve também em FM um aumento da latência do pico P200 (p ≤ 0,05) e vale N200 (p ≤ 0,01) na região parietal Pz. Alterações na atividade cerebral para ondas de alta frequência como alpha e beta já foram relatadas pela literatura no envolvimento em diversas patologias dolorosas e parece que assim também acontece para a FM. Os potenciais P300 reduzidos na regiões frontais, centrais e parietais, e as latências aumentadas na região parietal podem refletir no caráter cognitivo disfuncional experienciado pelas portadoras da síndrome. A predileção pelo hemisfério direito e região anterior cerebral evidenciada neste trabalho talvez represente uma modificação do referencial alostático produzido pela cronicidade da sensação dolorosa produzida através das alterações nociplásticas maladaptativas.
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